Governo vai usar Exército para conter óleo em praias; Mourão admite que medida é resposta a críticas

Presidente em exercício disse nesta segunda que colocará de 4 a 5 mil militares à disposição dos Estados e admitiu que ação serve para 'dar mais visibilidade às ações do governo'

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O Exército colocará à disposição das operações de limpeza das praias do Nordeste, atingidas por manchas de óleo, tropas da 10º Brigada de Infantaria Motorizada, sediada em Recife. O presidente em exercício, general Hamilton Mourão, disse nesta segunda-feira, 21, que a entrada do Exército serve para dar mais visibilidade às ações do governo. Ele admitiu que a medida é uma resposta a críticas da opinião pública. 

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Os militares também devem oferecer equipamentos para apoio a órgãos de defesa civil dos Estados. Segundo o general, ficarão à disposição entre 4 a 5 mil homens do Exército. A informação foi dada após reunião no Ministério da Defesa sobre as ações para conter o avanço da mancha.

"Acho que que está acontecendo muito, tipo assim, a gente está fazendo o trabalho e não está tendo visibilidade. Então vamos botar mais visibilidade nisso aí", disse, ao ser perguntado qual razão levou à entrada do Exército agora nas operações. Questionado, na sequência, se a medida foi uma resposta a críticas, Mourão respondeu: "Acho que sim, também".

Praia em Conde, na Bahia.O Estado foi o último do Nordeste a ser atingido pelas manchas de óleo Foto: Governo da Bahia

Segundo Mourão, foram recolhidas até agora cerca de 700 toneladas de óleo, misturado com areia e outras substância. O material está sendo entregue para aproveitamento em fábricas de cimento, disse o general.

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Não há previsão do governo sobre quando irá cessar o avanço do óleo, mas o volume que chega às praias está diminuindo, disse Mourão. "Vamos aguardar investigações, usando todos os sistemas de inteligência, não só nosso, mas também internacional. Esse acidente é inédito no mundo", disse Mourão.

Os ministros do governo Jair Bolsonaro (PSL) têm agenda no Nordeste para tratar da crise ambiental. O Ministro do Desenvolvimento Regional (MDR), Gustavo Canuto, está na Bahia terá reunião com o governador Rui Costa (PT) nesta segunda-feira, 21. No dia seguinte, Canuto deve viajar ao Sergipe. Já o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, irá a Recife e Salvador a partir de terça-feira, 22. 

Falha na comunicação

O general Mourão disse que o governo acionou, ainda no começo de setembro, protocolos para conter o avanço das manchas de óleo sobre o litoral do Nordeste, mas reconheceu que houve falha na comunicação sobre as ações tomadas. 

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Segundo Mourão, a Justiça já mostrou que o governo "acionou protocolos" em 2 de setembro contra o derramamento de óleo. "Apenas, mais uma vez, nos faltou comunicar mais isso aí", disse o presidente em exercício.

A Justiça Federal do Sergipe afirmou, em decisão assinada no domingo, 20, que a União já acionou o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional. No mesmo documento, a Justiça afirma que órgãos do governo "vinham atuando desde os primeiros sinais deste acidente ambiental", mesmo antes de acionar o plano.

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