Extração de madeira em tora sobe 30% e atinge maior nível desde 2012, diz IBGE

Recuperação econômica e avanço da fronteira agrícola estão entre os motivos, segundo pesquisadores

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A produção de madeira em tora extraída de matas e florestas alcançou em 2021 o maior patamar em quase uma década. Foram retirados de áreas naturais -e não de florestas plantadas para fins comerciais- 14,808 milhões de metros cúbicos de madeira em tora, maior patamar desde 2012, quando esse montante era de 14,926 milhões de metros cúbicos. Os dados são da pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) 2021, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O resultado significa um salto de 30,13% na extração de madeira em tora da natureza em relação ao montante produzido em 2020, o equivalente a 3,429 milhões de metros cúbicos a mais. “Tem algumas causas. Tem certa recuperação da economia. Muita gente fazendo obra, trocando os móveis de casa, tudo isso aquece um pouco o mercado de madeira em tora”, afirma Carlos Alfredo Guedes, gerente na Coordenação de Agricultura do IBGE.

“Tem a questão também que se você pegar os principais municípios que extraíram madeira, eles ficam em áreas de fronteira agrícola. A gente não pode afirmar porque a pesquisa não tem esse recorte, mas tem essa tendência de abertura de áreas para novas fronteiras agrícolas, seja para entrar com agropecuária seja para entrar com agricultura”, justificou

Operacão Amazônia fiscaliza municípios que mais desmatam em Mato Grosso, na regiaão de Colniza, em julho de 2021  Foto: FOTO Christiano Antonucci/SECOM MT

O Estado do Mato Grosso ultrapassou o Pará em 2020, permanecendo na liderança do ranking de produção de madeira em tora extrativa em 2021, com 4,467 milhões de metros cúbicos, alta de 16,3% em relação ao obtido no ano anterior. No Pará, a extração totalizou 3,870 milhões de metros cúbicos, aumento de 10,9% em relação a 2020. Em terceiro lugar figurou Rondônia, com 3,008 milhões de metros cúbicos de toras, após um salto de 262,49% em relação ao obtido em 2020.

“Não quer dizer que essa extração de madeira seja totalmente ilegal. A gente não tem como afirmar isso na pesquisa. Há uma parte da retirada de matas que tem licença para ser retirada. Então pode ter ocorrido um aumento dessas licenças”, considerou Guedes.

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Os três Estados - Mato Grosso, Pará e Rondônia - concentraram 11,346 milhões de metros cúbicos, o equivalente a quase 77% de toda a madeira em tora extraída da natureza no País em 2021. Todos os municípios que mais extraem madeira em tora ficam dentro dos limites da Amazônia Legal. Os três maiores extrativistas foram Porto Velho, seguido por Colniza, no Mato Grosso, e Aripuanã, também no Mato Grosso.

Operacão Amazônia fiscaliza municípios que mais desmatam em Mato Grosso, na regiaão de Colniza, em julho de 2021  Foto: FOTO Christiano Antonucci/SECOM MT

Extração de carvão também registra alta

No ano de 2021, a extração de carvão da natureza também subiu, somando 441,7 mil toneladas, alta de 18,25% em relação ao obtido no ano anterior, ou 68,2 mil toneladas a mais. O Maranhão é o maior produtor de carvão vegetal extrativo, com 142,6 mil toneladas do produto em 2021, um aumento de 38,2% em relação a 2020. Entre os municípios, Paragominas, no Pará, liderou o ranking de carvão extraído da natureza, seguido por Mirador, no Maranhão, e Parnaguá, no Piauí.

Já a extração de lenha da natureza totalizou 19,075 milhões de metros cúbicos em 2021, ligeiro recuo de 1,28% em relação a 2020. O Ceará liderou a produção de lenha extrativa, com 3,1 milhões de metros cúbicos, um aumento de 4,5% em relação a 2020. No ranking municipal, Baião, no Pará, foi o maior extrativista de lenha, seguido por Boa Viagem e Canindé, ambos no Ceará.

Segundo o Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD), do MapBiomas, o País perdeu 16.557 km2, ou 1.655.782 hectares, de cobertura de vegetação nativa em todos seus biomas no ano passado. A área desmatada aumentou 20% em relação ao ano anterior. Em três anos, 42 mil km2 de vegetação foram exterminados, um território desmatado quase equivalente ao Estado do Rio de Janeiro.

“É provável que esteja correlacionado, mas a gente não pode afirmar isso diretamente, que essa madeira, que esse carvão, vêm daquelas áreas que foram queimadas”, ponderou Carlos Alfredo Guedes.

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