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Celebridades se mobilizaram nesta sexta-feira,25, nas redes sociais contra o decreto federal que extinguiu a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca). A medida também foi duramente criticada por especialistas. O decreto assinado pelo presidente Michel Temer permite que a Renca, uma área de tamanho equivalente ao do Espírito Santo, rica em cobre e ouro, seja explorada pela iniciativa privada.
A modelo Gisele Bündchen foi uma das primeiras personalidades a usar o Twitter para criticar o decreto. “Vergonha! Estão leiloando nossa Amazônia! Não podemos destruir nossas áreas protegidas em prol de interesses privados”, disse Gisele.
A cantora Ivete Sangallo se manifestou no Instagram sobre o decreto: “Quanta notícia difícil de aceitar. Brincando com o nosso patrimônio? Que grande absurdo. Tem de ter um basta”. A cantora Gaby Amarantos também opinou pelo Twitter: “Não podemos permitir que Temer negocie nossas reservas e florestas como se fossem moeda de troca”, disse.
A atriz Regina Casé publicou no Instagram um vídeo com imagens da região amazônica e comentou: “ Isso é a Amazônia. Não podemos deixar que acabem com essa força. Nós dependemos disso pra viver”.
O ator Thiago Lacerda também usou o Instagram para criticar o decreto. “Uma notícia horrível atrás da outra. Decisões criminosas se sucedem numa progressão geométrica”. O ator Cauã Reymond foi outro que manifestou indignação. “Mais um passo pra trás! Retrocesso que ameaça todo o nosso futuro”, publicou.
Impactos. Com uma área de 47 mil quilômetros quadrados, a Renca está localizada entre os Estados do Pará e do Amapá, e havia sido instituída em 1984 com o objetivo de poupar recursos minerais para o futuro. Embora a Renca não tenha sido concebida para preservação ambiental, o bloqueio da mineração privada na reserva ajudou a manter o alto grau de preservação encontrado hoje na área, segundo Maruício Voivodic, diretor executivo da WWF-Brasil. “A Renca serve como uma barreira para a mineração”, disse Voivodic ao Estado.
A reserva se sobrepõe a diversas partes de nove unidades de conservação. Voivodic teme que o decreto faça explodir a atividade mineradora na Renca, causando grande impacto nessas áreas. “Sabemos que os projetos de mineração trazem efeitos indiretos como a abertura de estradas, afluxo de forasteiros, grilagem, invasão de terra, extração ilegal de madeira e garimpo ilegal”, disse.
De acordo com a a pesquisadora Joice Ferreira, da Embrapa Amazônia Oriental, a grande demanda reprimida poderá levar de fato a uma explosão da mineração na área, com impactos nas áreas de conservação adjacente. Em 2014, a Joice liderou um estudo que mostrava a existência de 1,65 milhão de quilômetros quadrados, no Brasil, de áreas registradas com interesse para mineração, sobrepostas a 20% de áreas de proteção. “No estudo, nós identificamos a região da Renca como uma dessas áreas. Já havia registros de processos minerários.”
Para Joice, o fim da reserva é “catastrófico”. Ela acredita que a mineração dificilmente ficará restrita aos 30% da Renca que não estão em áreas protegidas. “A medida constitui mais uma das diversas estratégias para pressionar por um alteração do Sistema Nacional de Unidades de Conservação do País.”