Governo Lula anuncia nova meta de redução de gases de efeito estufa às vésperas da COP-29

País assume compromisso de, em 2035, reduzir emissões em 67% na comparação aos níveis de 2005; especialistas dizem que número ficou abaixo do necessário

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Foto do author Paula Ferreira

O governo brasileiro anunciou nesta sexta-feira, 8, a nova meta climática do País que será entregue na Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP-29), que começa segunda-feira, 11, em Baku, no Azerbaijão. O País assume o compromisso em reduzir suas emissões líquidas de gases de efeito estufa de 59% a 67% em 2035, na comparação aos níveis de 2005.

Isso equivale, segundo o governo, a uma redução de emissões para alcançar os limites de 1.050 a 850 milhões de toneladas de gás carbônico em 2035. A meta do País para limitar gases do efeito estufa é chamada de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês).

Vista de área desmatada no município de Parauapebas no Estado do Pará; Brasil é o quinto maior emissor de gases estufa do mundo. Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

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Dados divulgados pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg) do Observatório do Clima, rede de organizações ambientais voltadas ao combate da mudança climática, mostraram que o Brasil emitiu 2,3 bilhões de toneladas brutas de gases de efeito estufa em 2023 (o número representa queda de 12% em relação ao ano anterior), mas o País se mantém em um patamar elevado. É o quinto maior emissor de gases estufa do mundo.

A principal frente do Brasil para tentar cumprir suas metas de redução de emissões é o combate ao desmatamento. Na Amazônia, apesar das quedas recentes, a seca histórica na região e outros fatores têm colocado a floresta em risco.

De janeiro a novembro deste ano, por exemplo, foram registrados 123.361 focos de incêndio no bioma, segundo dados do Inpe. O número representa um aumento de cerca de 48% no número de queimadas em comparação com o mesmo período de 2023 (83.356).

Ao Estadão, o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, afirmou que, ainda que a NDC do Brasil esteja à altura do desafio, é preciso um esforço conjunto. “Nossa nova meta para 2035 é bem mais ambiciosa do que a meta de 2030 e nos coloca no rumo da neutralidade em 2050″, disse. De acordo com Capobianco, o governo prepara planos setoriais de mitigação para todas as áreas da economia.

Especialistas, no entanto, acharam que a nova meta climática ficou abaixo do necessário. “O número é muito fraco. Acho que nem o governo se orgulha deste número. Não condiz com a propaganda do governo de querer ser um líder da agenda climática. Para ser um líder, você precisa ter ambição e ousadia, e esse número não é ousado e muito menos ambicioso”, disse Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

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Bruno Toledo Hisamoto, especialista em política climática internacional do Climainfo, também vê a NDC aquém do necessário. “Não é uma proposta positiva. Ela até representa um aumento de ambição em relação à NDC atual, mas está longe de estar alinhada à meta de 1,5ºC de aquecimento, que aliás batiza uma das iniciativas políticas da presidência brasileira para a COP-30. Se esse é o norte do Brasil, esse norte não vai nos deixar mais próximo do 1,5ºC”, disse.

Financiamento climático

Na próxima semana, o Brasil participa da Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (COP-29) em Baku, no Azerbaijão. Os dados sobre desmatamento são um trunfo importante do País na intenção de mostrar ao mundo a disposição de atuar no combate às mudanças climáticas.

Neste ano, o principal tema discutido na conferência é o financiamento climático. A expectativa é de que os países entrem em um acordo sobre o o valor a ser pago aos países em desenvolvimento para que possam implementar ações que minimizem o aquecimento global. O governo brasileiro considera fundamental que o tema seja resolvido neste ano para que não se arraste até a COP-30, que será realizada em Belém, no Pará.

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