Polícia de SP prende suspeitos de atear fogo em áreas rurais; Planalto pede investigação da PF

Governador Tarcísio de Freitas informou que prisões foram feitas em São José do Rio Preto, Batatais e Porto Ferreira. Presidente Lula promete trabalhar em conjunto com os Estados que estão sofrendo com as queimadas

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Atualização:

BRASÍLIA - A escalada das queimadas pelo interior do País gerou um estado de alerta nos palácios do Planalto e dos Bandeirantes. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), confirmou no domingo, 25, a prisão de dois homens suspeitos de atear fogo em áreas rurais da região de Ribeirão Preto, agravando ainda mais a situação crítica desta parte do interior paulista. Uma terceira prisão foi confirmada na manhã desta segunda-feira, 26. Segundo a Defesa Civil, não há mais focos ativos de incêndio em São Paulo, mas 48 municípios estão com alerta máximo para queimadas. O governo Luiz Inácio Lula da Silva suspeita que os incêndios que têm assolado o País possam ter sido causados por uma coordenação criminosa, o que será objeto de investigação pela Polícia Federal (PF).

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“Em São Paulo, não é natural, em hipótese alguma, que em poucos dias tenha tantas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante entrevista coletiva neste domingo, em Brasília. São Paulo registrou 1,8 mil focos de incêndio somente na sexta-feira, 23, número recorde desde os inícios das medições em 1998.

O governador Tarcísio de Freitas informou que além das duas prisões feitas, um terceiro caso está sendo investigado pela Polícia Civil. O Estado vem sofrendo com incêndios florestais que avançam pelas cidades, causando bloqueios de estradas e interrompendo operações em aeroportos. Até o momento, os incêndios deixaram ao menos dois mortos.

“Nós tivemos ação de criminosos. Ontem (sábado), uma prisão em São José do Rio Preto, hoje de manhã (domingo) uma prisão em Batatais de um criminoso com passagem pela polícia. Ele estava com gasolina, ateando fogo, querendo agravar a situação. É uma coisa que nós não vamos tolerar”, afirmou o governador, em entrevista coletiva em Ribeirão Preto, avaliando que as ações criminosas se somaram às condições climáticas adversas para piorar os incidentes. Uma terceira prisão foi informada na manhã desta segunda-feira, em Porto Ferreira.

Planalto promete trabalho com os Estados

O presidente Lula se reuniu com a ministra Marina Silva no Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) na tarde deste domingo, em Brasília, para discutir ações de combate. Acompanhavam Lula o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e a primeira-dama Rosângela Silva.

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Lula não falou com a imprensa no local, mas declarou em postagem no X, antigo Twitter, que “tem gente colocando fogo de maneira ilegal, uma vez que todos os Estados do País já estão avisados e proibiram uso de fogo de manejo”. “A Polícia Federal vai investigar e o governo vai trabalhar com os Estados no combate aos incêndios”, acrescentou.

Incêndio avança nas margens de rodovia de Sertãozinho, no interior de São Paulo Foto: CBM-SP - 24/8/2024

Marina afirmou que 31 inquéritos já foram abertos pela Polícia Federal para apurar incêndios supostamente criminosos pelo País. Um deles diz respeito aos focos em São Paulo, e um segundo também deve ser aberto nos próximos dias referente à mesma região.

“Trata-se de uma ação criminosa de quem está ateando fogo criminosamente. É uma guerra contra o fogo e contra a criminalidade”, afirmou a ministra. Os efeitos das queimadas foram sentidos em outras capitais, que amanheceram neste domingo com o céu encoberto, como Brasília.

De acordo com a ministra, a orientação de Lula na reunião extraordinária sobre os incêndios foi para que as autoridades federais trabalhem em conjunto com os governadores e prefeitos no combate às queimadas.

“Especificamente com relação a São Paulo, mobilizamos as nossas 15 delegacias espalhadas no interior, a nossa superintendência regional, coordenado pela diretoria de Amazônia Meio Ambiente em Brasília, para que a gente possa identificar as questões que envolvem as queimadas”, disse Andrei Passos, diretor da PF. Ele afirmou que são necessários dois inquéritos em SP porque há competências territoriais distintas.

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Marina também defendeu as ações do governo contra incêndios e disse que, se o desmatamento não tivesse sido reduzido ano passado, a situação hoje estaria pior.

“O governo federal tem responsabilidade pelas áreas federais, unidades de conservação, mas atuamos em todas as áreas, inclusive em propriedades privadas. Diferentemente do desmatamento, você não fica com um agente dentro da sua fazenda ou casa verificando se vai colocar fogo. Portanto, não tem como dizer que é uma falha, porque as campanhas de conscientização, todos os processos vêm sendo feitos”, declarou.

Mais cedo, a ministra afirmou em sua conta no X (antigo Twitter) que o governo federal havia enviado um avião da Forca Aérea Brasileira, o KC-390, para ajudar no combate ao fogo no Estado de São Paulo. A aeronave, contudo, não conseguiu operar por causa do denso nevoeiro de fumaça.

SP vê recorde de focos de incêndio

O número de focos de incêndio registrados em agosto no Estado de São Paulo é o maior para qualquer mês nas cidades paulistas desde 1998, quando os registros começaram a ser computados pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Marina conversou com o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) na noite deste sábado, 24, para prestar solidariedade e se colocou à disposição para “enfrentarmos conjuntamente essa situação, intensificada pelos fortes ventos e pela seca”.

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Tarcísio, por sua vez, disse neste domingo que o Estado envia ajuda humanitária para desabrigados por causa dos incêndios. “Elas estão em abrigos. Estamos mandando colchões, água, kit de higiene e cestas básicas. Depois, vamos entrar na questão habitação”, afirmou em coletiva de imprensa que ocorreu em Ribeirão Preto, uma das cidades mais afetadas. Um plano emergencial foi montado para atender o aumento de demanda nas unidades de saúde.

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