A ativista sueca Greta Thunberg, de 20 anos, foi detida durante uma ação de bloqueio feita por ativistas ambientais nas proximidades do povoado de Lützerath, no oeste da Alemanha, que está sendo demolido para as obras de expansão de uma mina de carvão a céu aberto. Os manifestantes foram liberados após terem as identidades verificadas, segundo um porta-voz da polícia local.
De acordo com a televisão pública regional WDR, a polícia justificou a remoção alegando que era perigoso permanecer no local. A ativista e os outros manifestantes foram retirados um a um e levados a um local a 50 metros, onde foi feita a checagem dos documentos. Greta aparece nas imagens sendo carregada por policiais.
Greta Thunberg estava entre as centenas de pessoas que retomaram os protestos contra a mineração em vários locais no Estado da Renânia do Norte-Vestfália, no oeste da Alemanha, um dia depois que os dois últimos ativistas climáticos enfurnados em um túnel sob o vilarejo de Luetzerath deixaram o local.
Dezenas de ativistas climáticos também se aglomeraram em uma rua na cidade de Colônia, no oeste da Alemanha, e em um prédio do governo estadual em Duesseldorf. Perto de Rommerskirchen, um grupo de cerca de 120 pessoas ocupou os trilhos da ferrovia de carvão para a usina de Neurath, de acordo com a polícia e a empresa de energia RWE. Aqueles que se recusaram a deixar os trilhos foram levados, informou a agência de noticias alemã DPA.
Greta Thunberg viajou para o oeste da Alemanha para participar de manifestações no último fim de semana contra a expansão da mina. Nesta terça, segundo a polícia, ela fazia parte de um grupo de cerca de 50 manifestantes que se aproximou perigosamente da borda da mina e não queria sair, apesar de os policiais terem pedido para se retirarem. Todas as pessoas tiveram que ser carregadas e foram temporariamente detidas para determinar suas identidades, disse a polícia.
Um porta-voz da polícia, que falou sob condição de anonimato como é costume na Alemanha, disse que não tinha permissão para dar detalhes sobre Greta Thunberg ou qualquer outro indivíduo que participou do protesto devido às regras de privacidade.
A polícia e a RWE começaram a expulsar os manifestantes de Luetzerath em 11 de janeiro, removendo bloqueios de estradas, derrubando casas nas árvores e demolindo prédios. Ativistas citaram a importância simbólica de Luetzerath por anos, e milhares de pessoas se manifestaram no sábado contra a demolição da vila pela RWE para a expansão da mina de carvão Garzweiler.
O governo do chanceler Olaf Scholz condenou hoje os atos de resistência durante o fim de semana, que, segundo o Ministério do Interior, se tornaram violentos. Os movimentos ambientalistas que organizaram os protestos alegaram que a polícia agiu com força desproporcional, incluindo golpes na cabeça com cassetetes.
Embora o plano do governo alemão seja eliminar progressivamente o carvão na região da Renânia do Norte-Vestefália até 2030, de acordo com o acordo assinado no ano passado com a empresa de energia RWE, a curto prazo está previsto aumentar a mineração de carvão em face da crise energética resultante da guerra na Ucrânia.
Fora da COP
No ano passado, Greta, que foi catapultada para a fama mundial em uma conferência sobre o clima, não participou da CPO-27, no Egito. Em 2021, ela esteve na COP-26 em Glasgow, na Escócia, mas chamou a reunião de “blá blá blá”.
Em 2019, aos 16 anos, a sueca foi escolhida como Personalidade do Ano pela revista americana Time. “Ela se dirigiu a chefes de Estado na ONU, reuniu-se com o papa, brigou com o presidente dos Estados Unidos e inspirou 4 milhões de pessoas a se unir à greve climática global em 20 de setembro de 2019, na maior demonstração climática da história da humanidade”, destaca a publicação na ocasião.
A ativista começou a ganhar atenção do mundo em agosto de 2018, quando iniciou um protesto solitário na frente do Parlamento sueco. Todas as sextas-feiras, ela passou a faltar às aulas e, portando apenas um cartaz com os dizeres “em greve escolar pelo clima”, distribuía folhetos com uma lista de fatos científicos sobre as mudanças climáticas e explicações sobre por qual motivo ela estava em greve. / EFE, AP e AFP
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.