O hidrogênio verde é uma das apostas para que o planeta consiga reduzir as emissões de carbono. Realizado por eletrólise, tecnologia já conhecida há dois séculos, o processo de produção é 100% limpo quando utiliza fontes de energia renováveis para separar as moléculas de hidrogênio que estão na água. Esse é um dos motivos para que o Brasil seja considerado promissor na produção de hidrogênio verde, pois o País já conta com uma matriz 80% composta por fontes renováveis. Outros diferenciais são a diversidade do parque industrial, grande consumidor em potencial, e a posição favorável da costa - especialmente no Nordeste - para exportações aos Estados Unidos e à Europa.
"A rápida disseminação do hidrogênio verde é parte de uma corrida contra o tempo para evitar que cheguemos a um temido ponto sem retorno", lembrou Paulo Alvarenga, CEO na América do Sul da thyssenkrupp. "Por entender a relevância e a urgência desse tema, somos uma das empresas que mais têm apostado no hidrogênio verde, com 600 plantas de eletrólise já instaladas ao redor do mundo."
Potencial gigantesco
"Entre os diversos projetos sustentáveis que temos desenvolvido, o hidrogênio verde vem ganhando atenção crescente", observou Ítalo Freitas, vice-presidente para a América Latina de Desenvolvimento de Novos Negócios da AES. Uma das razões é a grande variedade de aplicações possíveis. "Nas indústrias, no transporte, na produção de fertilizantes, nos processos de fabricação de aço, na geração de energia, entre tantos outros", ele exemplificou.
Por enquanto, o custo de produção do hidrogênio verde ainda é maior que o do hidrogênio cinza, mas o aumento da escala deve reverter esse quadro até 2030. Levantamento recente da consultoria McKinsey identificou 359 projetos para fabricar hidrogênio verde em grande escala no mundo, envolvendo US$ 150 bilhões em investimentos. Projeta-se que essa modalidade poderá alcançar 20% da matriz energética do planeta em 2050.
"Um dos destaques é o arranjo produtivo entre a Air Products e parceiros como a thyssenkrupp no projeto NEOM, na Arábia Saudita, para instalação de uma fábrica de amônia baseada em hidrogênio verde, movida a energia renovável", destaca Marcus Silva, gerente-geral Brasil e Argentina da Air Products, produtora global de hidrogênio. "Esse projeto, considerado o maior do mundo do gênero, fornecerá 650 toneladas de hidrogênio sem carbono por dia em escala global, o que reduzirá as emissões de CO2 em três milhões de toneladas por ano."
Para que o potencial do hidrogênio verde se realize no Brasil, é importante a criação de demanda futura, com garantia de compra antecipada, uma forma de dar segurança aos investidores. É essencial, também, desenvolver um plano nacional que dê prioridade ao mercado local, estimulando a demanda interna e a adoção de tecnologias de produção em larga escala.
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