Informe oficial do governo brasileiro à ONU omite desastre de Mariana
Relatório serve de base para sabatina do País no Conselho de Direitos Humanos; desastre em Minas Gerais deixou 18 mortos em 2015
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Por Jamil Chade
GENEBRA - O governo Michel Temer omitiu o desastre ambiental de Mariana do informe oficial que entregou para a Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação de direitos humanos no País. O relatório servirá de base para uma sabatina do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da entidade, onde nesta segunda-feira, 27, retomou assento por mais dois anos.
Um ano da tragédia: protesto em Bento Rodrigues
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Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
Em Bento Rodrigues, distrito destruído pela lama, houve um protesto para lembrar as 19 vítimas do acidente Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
O protesto foi organizado pelo grupo Movimento dos Atingidos por Barragens Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
Um grupo de pessoas limpou as mãos de lama como homenagem às vítimas do desastre Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
Em torno de 400 pessoas participaram de uma marcha até às ruínas do distrito Bento Rodrigues Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
As pessoas que fizeram o protesto deste sábado, 5, montaram cruzes em homenagens às vítimas do desastre Foto: Antonio Lacerda/EFE
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A taxa de desemprego em Marina é de 25% - mais que o dobro do índice nacional Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
A lama ainda tinge o Rio do Carmo e segue para o Rio Doce Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
O desastre prejudicou o abastecimento de água de 27 cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
As ruínas de Bento Rodrigues tornaram-se local de homenagem às vítimas do desastre Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
Desde o desastre, nada mudou em Bento Rodrigues Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
Os integrantes do grupo Movimento dos Atingidos por Barragens dão apoio às vítimas do acidente e participam de debates sobre saúde e direitos humanos Foto: Antonio Lacerda/EFE
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O documento não foi divulgado pelo governo brasileiro, mas o Ministério dos Direitos Humanos confirmou que não faz referências ao rompimento da barragem de rejeitos da Samarco na cidade mineira, que deixou 18 mortos em novembro de 2015, contaminou cursos d’água e é considerado um dos maiores desastres ambientais da história do País.
Segundo o governo, a ONU impõe um limite de tamanho para o documento e não teria sido possível incluir o desastre. Outro argumento oficial é o de que o exercício se refere a tudo o que o Brasil fez desde a última sabatina, há quatro anos, e como o governo implementou ou não as recomendações feitas àquela época.
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
1 / 9Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Obras do dique S4, em construção pela Samarco; à frente, o Rio Gualaxo e, ao fundo, o distrito de Bento Rodrigues Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Destroços da Escola de Bento Rodrigues Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Vista aérea das ruínas de casas destruídas pela lama em Mariana (MG) Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Prédio que abrigava o posto de saúde de Bento Rodrigues Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Esqueletos de construções da Rua Dona Olinda, em Bento Rodrigues, hoje abandonada Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Obras do dique S3, já construído pela Samarco em Bento Rodrigues para segurar a lama Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Igreja de Paracatu de Baixo, em Mariana; as paredes brancas seguem tingidas de lama Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Vista aérea do vilarejo de Paracatu de Baixo, onde viviam cerca de 130 famílias Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
A igreja de Paracatu de Baixo, em Mariana, vem sendo escavada por arqueólogos Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Em um primeiro rascunho do documento produzido pelo governo em novembro do ano passado, obtido pelo Estado, o governo já excluíra o caso da barragem em Minas, apontado pela ONU em seus comunicados como uma das grandes tragédias ambientais dos últimos anos. No texto, o governo se concentra na questão do desmatamento. “Entre 2004 e 2015, a taxa anual de desmatamento na Amazônia Legal brasileira foi reduzida em mais de 80%”, afirmou o texto.
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Prisões. Em relação ao item referente à segurança pública, o governo não informou se mortes em presídios foram mencionadas neste documento entregue à ONU, mas afirmou que a versão final é “bem diferente” do rascunho, uma vez que foram realizadas consultas e recomendações por parte de entidades da sociedade civil.
Elaborado em novembro do ano passado, o informe inicial do governo não citava as 350 mortes registradas em presídios ao longo de 2016. Só nos 17 primeiros dias deste ano, foram mais 131 homicídios no sistema carcerário brasileiro.
O documento, porém, admite que existe o problema do uso indiscriminado de força pelas polícias. “Considerando o objetivo de enfrentar o uso excessivo de força policial, destaca-se o já citado Programa Brasil Mais Seguro, instituído em 2012 pelo MJC (Ministério da Justiça e Cidadania), o qual visa à redução da criminalidade violenta, por meio da cooperação entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios”, disse.