Instituto Igarapé quer usar plataforma de dados sobre a Amazônia para atrair recursos

Batizada de Amazônia in Loco, a plataforma é composta por 25 bases de dados que fornecem informações sobre 86 indicadores dos 772 municípios que compõem a Amazônia Legal

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Atualização:

Manter a floresta em pé e levar desenvolvimento à Amazônia entrou de vez nas pautas ambiental e econômica do País. A partir de segunda-feira, 16, o tema chega também ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Para alavancar essa meta, o instituto Igarapé apresentará uma plataforma (https://amazoniainloco.org) que reúne as principais informações em profundidade sobre o bioma, uma ferramenta para auxiliar os investidores com conhecimentos sobre o território.

Neste ano, os representantes brasileiros participam de Davos em um contexto especialmente importante para o Brasil. A mudança de governo, com a eleição de Lula, e a expectativa de reconstrução das políticas ambientais criam uma onda de otimismo para possíveis investidores e atores locais. Batizada de Amazônia in Loco, a plataforma desenvolvida pelo Igarapé é composta por 25 bases de dados que fornecem informações sobre 86 indicadores dos 772 municípios que compõem a Amazônia Legal (que ocupam 6,7 milhões de km2 da Amazônia).

MATO GROSSO 13.10.2015 Plataforma vai ajudar a entender como se divide o uso da terra, áreas ricas em biodiversidade, desmatamento, conflitos rurais e desenvolvimento econômico da região. Foto: Tiago Queiroz/ ESTADÃO CONTEÚDO (13/10/2015)

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Os dados ajudam a entender como se divide o uso da terra, áreas ricas em biodiversidade, desmatamento, conflitos rurais e desenvolvimento econômico da região. Segundo o Igarapé, a plataforma foi pensada a partir da constatação de que falta entendimento do território amazônico. A ideia, então, foi oferecer indicadores socioambientais, econômicos e demográficos reunidos num só painel.

“É preciso dialogar com empresas que querem se relacionar de forma sustentável com o território”, diz a presidente e cofundadora do Igarapé, Ilona Szabó. “Além disso, a plataforma ajuda a entender até que ponto (um problema) é responsabilidade de quem.”A importância de uma ferramenta como essa, diz Ilona, além de dar ao investidor total condição de saber onde está colocando seu dinheiro, é ajudar no desenvolvimento de cadeias socioambientais da Amazônia.

“A Amazônia é múltipla, então além do ‘conheça seu cliente’ (o lema) precisa ser ‘conheça seu território’”, afirma. “A bioeconomia tem um potencial imenso e nossa participação nesse mercado global é ínfima. A Bolívia, por exemplo, tem mais mercado para a castanha do Pará.”

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Para ela, a hora de estimular e definir investimentos é agora, e a criação de um ‘ecossistema ' de investidores irá facilitar novos investimentos. A mudança de governo é um dos fatores que alavancam essa janela de oportunidades.

“Vi uma mudança enorme da COP 27, no Egito, em novembro, para a COP15, no Canadá, em dezembro (conferência da biodiversidade)”, diz Ilona.

Para o climatologista Carlos Nobre, uma das maiores referências em aquecimento global, e que também estará em Davos, a importância de atrair investimentos para a região é fundamental e, mesmo que o retorno não seja imediato ou ocorra na velocidade de outros investimentos, o retorno é certo e já é uma tendência mundial que o Brasil precisa aproveitar.

“O PIB da biodiversidade hoje é 30 vezes menor do que o da carne”, diz.Oportunidades não faltam, como o mercado de crédito de carbono e de pagamentos por serviços ambientais. “Há ainda outros serviços ainda não precificados”, afirma. “A floresta é fundamental para o regime de chuvas e a manutenção das espécies. Isso ainda não tem preço.”

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