O leilão de 102 toneladas de marfim de quatro países africanos, a primeira transação legal com o material em nove anos, arrecadou US$ 15 milhões, um valor muito menor do que teria alcançado no mercado negro, disseram os especialistas em preservação dos elefantes. África do Sul, Zimbábue, Namíbia e Botsuana venderam, durante a última semana, as presas de origem legal a comerciantes da China e do Japão, países que adotaram normas de controle para evitar que essas peças sejam reexportadas ou cheguem ao mercado outros lotes, obtidos por meio de tráfico ilegal. Mediante essas condições, a Secretaria da Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies de Flora e Fauna em Perigo (Cites) autorizou os leilões, em que se pagou uma média de US$ 152 por quilo de marfim. A esse respeito, o chefe da Unidade de Apoio à Convenção, Jonathan Barzdo, disse que pesquisas realizadas pela Cites desmentem as críticas de que as vendas legais de marfim estimulam o comercio ilegal do produto. Ao contrário, "o comércio ilegal diminuiu desde a última venda realizada em 1999", disse o especialista. O preço de US$ 152 por quilo "contrasta fortemente com os US$ 750 a US$ 850 por quilo que o marfim alcançaria se fosse vendido ilegalmente no mercado o ano passado", disse John Sellar, supervisor do convênio. Mais que o preço, "o problema da caça de elefantes parece estar mais intimamente relacionado com problemas de governabilidade e instabilidade política" em certas regiões da África, explicou. Com situações de conflito como a vivida no Congo, os recursos naturais tendem a ser excessivamente explorados, ressaltou Sellar. O carregamento de presas vendidas no leilão foi composto principalmente de marfim recuperado após a morte natural dos elefantes, ou logo depois que eles foram abatidos por quaisquer razões não comerciais.
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