Lula diz que vai combater garimpo ilegal após decretar emergência em reserva Yanomami

Governo oficializou medida em território indígena na Amazônia diante da alta de casos de malária e desnutrição; uma das providências será facilitar deslocamento de médicos para o local

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Foto do author Marlla Sabino
Foto do author Antonio Temóteo
Por Marlla Sabino, Antonio Temóteo e Cyneida Correa
Atualização:

BOA VISTA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu neste sábado, 21, que o governo federal vai trabalhar para “dar dignidade” aos indígenas e acabar com o garimpo ilegal, mas não detalhou os planos para combater a mineração irregular. Ele e ministros viajaram para Boa Vista por causa da crise sanitária das populações em território Yanomami. O governo decretou na sexta, 20, emergência em saúde pública de importância nacional, diante dos registros de desnutrição e aumento da malária.

“Saio daqui com compromisso com nossos queridos, irmãos, que nós vamos dar a eles a dignidade que eles merecem, na saúde, na educação, na alimentação e nos direitos de ir e vir para fazer as coisas que necessitam na cidade”, disse o presidente. O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que a Polícia Federal vai apurar indícios de crime de genocídio diante do cenário.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante visita a hospital indígena em Roraima Foto: Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto

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Lula afirmou ainda que levará muito a sério o fim do garimpo ilegal. “Mesmo que seja uma terra que tem autorização para fazer pesquisa, ele pode fazer sem destruir a água, a floresta e sem colocar em risco a vida das pessoas que dependem da água para sobreviver”, afirmou. “O que posso dizer é que não vai existir mais garimpo ilegal, e sei da dificuldade de tirar o garimpo ilegal, sei que já se tentou outras vezes e eles voltam, mas nós vamos tirar.” Segundo estimativas do governo estadual, há cerca de 20 mil garimpeiros em áreas indígenas de Roraima.

Durante a declaração, Lula também fez referências e críticas à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. “É desumano o que vi aqui. Sinceramente, o presidente que deixou a Presidência esses dias, se ao invés de fazer tanta motociata, tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe esse povo não estaria abandonado como está”, acrescentou.

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”Queremos ajuda”, afirmou Flavio Yanomami, da comunidade de Barcelos, ao relatar a alta de casos de desnutrição e doença.”

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi criticado durante seu mandato por enfraquecer os órgãos de apoio aos indígenas e por defender a liberação do garimpo ilegal em territórios cuidados pelos povos originários.

Apesar de ter sido aliado próximo de Bolsonaro, o governador roraimense Antonio Denarium (PP) acompanhou Lula na agenda e disse que estará alinhado a projetos que mirem o desenvolvimento do Estado e a “melhoria de vida da nossa gente, sejam indígenas ou não”.

Lula afirmou que as primeiras medidas devem ser no setor de transportes na região, por causa da precariedade do serviço. O objetivo, segundo ele, é garantir transporte para pessoas que estão aguardando há seis meses e ficaram abandonadas. Ele também citou ser necessário aumentar a pista de pouso para possibilitar a utilização de uma aeronave maior, que tenha capacidade de transportar um número maior de passageiros e de alimentos.

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O presidente ainda afirmou que equipes de saúde serão enviadas para a localidade. “Uma das formas da gente resolver isso é a gente montar um plantão da saúde nas aldeias, para que possa cuidar deles lá. Fica mais fácil transportar dez médicos do que transportar 200 índios. É apenas uma questão de mudança de comportamento.” Também haverá a distribuição de 5 mil cestas básicas e o envio de 200 latas de suplemento alimentar para as crianças.

A viagem a Roraima acontece às vésperas da ida do petista para a Argentina. Ele foi acompanhado pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, e pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. O presidente afirmou que pretende participar, em março, da assembleia na Raposa Serra do Sol.

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