A crise econômica, aliada a políticas brasileiras existentes e turbinadas com ações de baixo carbono, deixa o País em um caminho relativamente fácil para cumprir suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa até 2025. Mas, para 2030, o País precisará contar com algum plano de colocar um preço sobre o carbono emitido, ou ficará com emissões bem superiores às metas apresentadas junto ao Acordo de Paris.
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Os dados fazem parte do estudo "Opções de Mitigação", encomendado pelo Ministério da Ciência e lançado no final da Conferência do Clima da ONU em Marrakesh, há dez dias. O trabalho, que contou com mais de 90 pesquisadores de diversas instituições, traçou diversos cenários de ações que o Brasil pode adotar para reduzir suas emissões, considerando a situação econômica atual de crise e as futuras de crescimento.
De acordo com Régis Rathmann, que coordenou o trabalho no ministério, a mensagem principal é que se o País seguir somente as políticas de mitigação já existentes - o chamado "cenário de referência" -, como Código Florestal, Plano Nacional de Mudanças Climáticas, Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), em 2050 a taxa de emissões estará 50% maior.
Para 2025, ano em que o Brasil se comprometeu a emitir 1,3 gigatonelada de CO2 (valor 37% menor do que emitido em 2005), as análises mostram que a crise econômica, que diminui o consumo e, portanto, a atividade industrial, já nos coloca nesse caminho. Mas é preciso também cumprir todas as leis e ir um pouco além (o chamado cenário de baixo carbono), como aumentar áreas de restauração florestal, ter metas ainda mais ambiciosas de redução de desmatamento não só na Amazônia, mas também no Cerrado e na Caatinga, e investir em eficiência energética.
"Parece um pequeno esforço, mas muitas dessas medidas, que ao longo de sua vida útil trazem um ganho econômico, ainda enfrentam barreiras que precisam ser rompidas. Não há créditos para que o empreendedor adquira a tecnologia de baixo carbono", diz Rathmann.
O simples atendimento do cenário de referência, mostra o estudo, já não é tão fácil. Raoni Rajão, pesquisador da Universidade Federal de Minas, aponta que, nesse cenário, a agricultura, por exemplo, terá um aumento de 23% de emissões até 2030. Mas com esforços extras de intensificação de pecuária o aumento poderia ficar em 7%.
Rajão, que coordenou os estudos na área de uso do solo (como desmatamento e agricultura), trabalhou com um cenário de referência que hoje já é bem mais ousado do que ações que o Brasil vinha listando para cumprir suas metas. Ao apresentar suas metas numéricas de redução de emissões - como contribuição ao Acordo de Paris, que prevê esforços de todo o mundo para o combate ao aquecimento global -, o Brasil apresentou em um anexo uma série de ações, como zerar o desmatamento da Amazônia até 2030 e restaurar 12 milhões de hectares de florestas desmatadas.
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"As leis que temos trazem metas que vão além disso, como reduzir 40% de desmatamento no Cerrado, o que está previsto na Política Nacional de Mudanças Climáticas, de 2009", explica Rajão. Um trabalho anterior do seu grupo na UFMG, independente deste estudo encomendado pelo ministério, já tinha apontado no ano passado que essas ações que foram listadas pelo governo são insuficientes para cumprir a meta numérica.
Custo. De acordo com o "Opções", a situação a partir de 2030 (meta de emissão de 1,2 gigatonelada de CO2), fica ainda mais complexa, visto que a expectativa é que haja crescimento econômico e um aumento da demanda por energia.
"No cenário de referência, quem começa a mostra a cara é o carvão", comenta Roberto Schaeffer, da Coppe/UFRJ, referindo-se ao fato de que a energia proveniente de termoelétricas é mais barata. Para evitar isso, diz, a saída é colocar um preço sobre o carbono emitido.
"O carvão é barato porque ninguém precifica o impacto ambiental que ele tem, mas as alternativas renováveis só vão valer a pena quando isso for considerado", diz. Segundo os cálculos, um preço de US$ 10 a tonelada de CO2 emitido poderia dobrar a redução de emissões.
As 25 cidades mais poluídas do mundo
1 / 29As 25 cidades mais poluídas do mundo
Qualidade do ar
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 80% das pessoas que vivem em áreas urbanas estão submetidas a níveis de qualidade de ar inferior... Foto: Montagem/EstadãoMais
Poluição
De acordo com a OMS, 98% das cidades com mais de 100 mil habitantes de países pobres não atendem às diretrizes de qualidade do ar, enquanto em nações ... Foto: Montagem/EstadãoMais
25 - Délhi (Índia)
De acordo com os dados da OMS, a cidade de Délhi, na Índia, é a 25ª mais poluída do mundo, com índice de 229 µg/m³ Foto: Reuters
24 - Iambo (Arábia Saudita)
A 24ª cidade mais poluída do mundo é Iambo, na Arábia Saudita, com 230 µg/m³ Foto: AFP/Getty Images
23 - Ahvaz (Irã)
Com 231 µg/m³, a cidade iraniana de Ahvaz aparece no 23º posto entre as mais poluídas do mundo Foto: Mohammad Reza Dehdari/AFP
22 - Nabih Saleh (Bahrein)
Na 22ª posição do ranking da OMS de poluição está Nabih Saleh, no Bahrein, com 244 µg/m³ Foto: Mohamad Torokman/Reuters
21 - Ras Hayan (Bahrein)
Outra cidade do Bahrein na lista é Ras Hayan, com 250 µg/m³ na 21ª colocação entre as mais poluídas Foto: Google Street View/Reprodução
20 - Boshehr (Irã)
A 20ª cidade mais poluída do mundo é Boshehr, no Irã, que tem índice de 255 µg/m³ Foto: Vahid Salemi/AP
19 - Ma'ameer (Bahrein)
Com 257 µg/m³, Ma'ameer, no Bahrein, é considerada pela OMS a 19ª cidade mais poluída do mundo Foto: Getty Images
18 - Cabul (Afeganistão)
Capital e maior cidade do Afeganistão, Cabul é, segundo a Organização Mundial da Saúde, a 18ª cidade mais poluída do mundo; seu índice é de 260 µg/m³ Foto: Fayaz Kabil/Reuters
17 - Raipur (Índia)
Com 268 µg/m³, Raipur, na Índia, é a 17ª cidade mais poluída do mundo Foto: Jitendras/Wikimedia Commons/Reprodução
16 - Umuahia (Nigéria)
Umuahia, na Nigéria, aparece na 16ª colocação entre as cidades mais poluídas do mundo, com 274 µg/m³ Foto: Baptista de Barros/YouTube/Reprodução
15 - Dammam (Arábia Saudita)
A 15ª cidade mais poluída do mundo é Dammam, na Arábia Saudita, com 286 µg/m³ Foto: Reuters
14 - Karachi (Paquistão)
A cidade de Karachi, no Paquistão, é considerada pela OMS como a 14ª mais poluída do mundo; seu índice é de 290 µg/m³ Foto: Akhtar Soomro/Reuters
13 - Shijiazhuang (China)
A China aparece na lista da OMS com a cidade de Shijiazhuang, a 13ª mais poluída do mundo, com 305 µg/m³ Foto: Reuters
12 - Allahabad (Índia)
Com 317 µg/m³, Allahabad, na Índia, é a 12ª cidade mais poluída do mundo Foto: Jitendra Prakash/Reuters
11 - Hamad Town (Bahrein)
Em 11º no ranking de centros urbanos mais poluídos do mundo está Hamad Town, no Bahrein; o índice é de 318 µg/m³ Foto: Alkhaisher/Panoramio/Reprodução
10 - Gwalior (Índia)
A cidade indiana de Gwalior é a décima mais poluída do mundo e apresenta índice de 329 µg/m³ Foto: Divulgação
9 - Mazar-e Sharif (Afeganistão)
Com 334 µg/m³, Mazar-e Sharif, no Afeganistão, é a nona cidade mais poluída do mundo Foto: Reuters
8 - Al Jubail (Arábia Saudita)
Segundo a OMS, Al Jubail tem índice de 359 µg/m³ e é o oitavo centro urbano mais poluído do mundo Foto: Divulgação
7 - Riad (Arábia Saudita)
Capital e maior cidade da Arábia Saudita, Riad é a sétima cidade mais poluída do mundo, com 368 µg/m³ Foto: Ali Jarekji/Reuters
6 - Aba (Nigéria)
Com 373 µg/m³, Aba, na Nigéria, é a sexta cidade mais poluída do mundo Foto: Pjotter05/Wikimedia Commons/Reprodução
5 - Kaduna (Nigéria)
Outra cidade nigeriana na lista da OMS é Kaduna, que com 423 µg/m³ aparece na quinta colocação Foto: Stringer/Reuters
4 - Rawalpindi (Paquistão)
Rawalpindi é quarta cidade mais poluída do mundo e apresenta índice de 448 µg/m³ Foto: Faisal Mahmood/Reuters
3 - Zabol (Irã)
Zabol, no Irã, é o terceiro centro urbano mais poluído do mundo, com 527 µg/m³ Foto: Reuters
2 - Peshawar (Paquistão)
Com 540 µg/m³, a cidade paquistanesa de Peshawar é considerada pela OMS como a segunda mais poluída do mundo Foto: AFP
1 - Onitsha (Nigéria)
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a cidade mais poluída do mundo é Onitsha; a cidade da Nigéria tem índice de poluição de 594 µg/m³ Foto: Reuters
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