Nova exposição no Museu do Ipiranga une arte e emergência climática; veja como visitar nas férias

Obras mostram processo de degradação ambiental e social ao longo do tempo; mostra fica em área aberta para visitação gratuita todos os dias

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Por Milena Félix

O Museu do Ipiranga, na zona sul de São Paulo, tem, em seu acervo, cerca de 30 mil itens de iconografia, que incluem pinturas, fotografias e cartazes, além de 25 mil objetos. São peças que ajudam a entender a história do Brasil, sobretudo a proclamação da Independência, de 1822.

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Até 28 de fevereiro, o museu apresentará aos visitantes também uma exposição diferente do acervo que ocupa as demais salas do icônico edifício-monumento. A nova mostra é chamada de “Onde há fumaça: arte e emergência climática”, voltada a abordar o processo de degradação ambiental e social ao longo do tempo.

“A exposição nasceu de uma pesquisa no acervo iconográfico do museu. Nos debruçamos sobre pinturas, fotografias e documentos históricos por quase um ano e meio e percebemos que era muito recorrente que as imagens tivessem ações de devastação ambiental”, conta Vitor Lagoeiro, curador da exposição, ao lado de Felipe Carnevalli e Marcela Rosenburg.

“Então, achamos que seria importante olhar para a crise climática a partir de uma perspectiva histórica, porque o que vivemos hoje é resultado de um processo histórico, que foi se consolidando ao longo de muitos séculos”, completa.

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Projeto inclui obras de artistas (como Benedito Calixto), sociólogos, cientistas e ativistas. Foto: Taba Benedicto/Estadão

A exposição é a primeira a contar com curadoria totalmente externa ao museu, do Coletivo Micrópolis. Foram escolhidas obras artísticas que datam do século 19 até a contemporaneidade, tanto do acervo do museu quanto de fora.

O projeto inclui peças de artistas como Benedito Calixto, Henrique Manzo, Alice Lara, André Vargas, Bruno Novelli, Davi de Jesus do Nascimento, Anderson Kary Bayá e Xadalu Tupã Jekupé, entre outros. Trabalhos de sociólogos, cientistas e ativistas também foram incluídos.

Segundo Lagoeiro, o processo de escolha dos artistas e das obras observou critérios de diversidade. “A gente queria trazer a perspectiva geográfica de outros lugares do Brasil, que enfrentam a crise climática de outras formas, para a exposição não ficar centrada somente em São Paulo”, conta.

Entre as obras presentes na exposição, repetem-se tecidos com faixas em tons de azul e laranja. Cada um deles representa uma capital do Brasil e o aquecimento global vivenciado nesse lugar nas últimas décadas.

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Exposição temporária traz olhar para degradação ambiental a partir de perspectiva histórica. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Além de discutir a devastação ambiental, a exposição trata dos povos indígenas e africanos escravizados durante o Brasil colônia. “Ao trabalhar a exposição com diversos aspectos do uso da terra, como os latifúndios, a mineração e a monocultura, o museu pretende compartilhar um pouco dessas experiências como um processo histórico”, afirma Aline Montenegro, curadora-chefe do Museu do Ipiranga.

“Elas foram uma escolha que foi realizada em algum momento com a promessa de progresso. E, hoje, nós sentimos os resultados na própria pele, com a crise climática”, acrescenta.

Para a curadora, é possível criticar e até mesmo ressignificar o acervo permanente do museu por meio de novas mostras, como a recém-lançada. “Com o diálogo entre diferentes obras, temos a possibilidade de pensar historicamente sobre os processos que levaram a essa crise climática, ao mesmo tempo em que somos convocados a tomar posições, a sair da zona de conforto e agir para tentar minimizar esses males e prolongar a saúde do meio ambiente.”

Gratuita, a mostra ocorre no Salão de Exposições Temporárias, que não dá acesso ao acervo permanente do museu. Há a necessidade de compra ou retirada de ingresso para visitar os demais ambientes. A visita completa ao museu é gratuita às quartas-feiras.

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Como no restante do museu, as obras da nova mostra têm recursos de acessibilidade para todos os tipos de público. Destacam-se maquetes com detalhes que permitem sentir texturas, por exemplo.

“O Museu do Ipiranga, desde que foi reaberto à visitação em 2022, despontou como uma referência em termos de acessibilidade e sustentabilidade. Os recursos sensíveis não são só para as pessoas com deficiência, mas também disponíveis a outras pessoas. E constituem uma outra forma de ter acesso às obras e narrativas que são expostas nos nossos circuitos”, afirma Montenegro.

Serviço:

Quando: até 28 de fevereiro (de terça-feira a domingo, das 10 às 17h). Última entrada às 16h.

Local: Museu do Ipiranga - Salão de Exposições Temporárias (Rua dos Patriotas, nº 100 – Ipiranga – São Paulo)

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Entrada: gratuita (somente para esta exposição).

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