AFP - Todas as 19 regiões glaciais do mundo registraram perda de massa líquida em 2024, pelo terceiro ano consecutivo, indicou a Organização das Nações Unidas (ONU) nessa sexta-feira, 21, destacando que preservar os glaciares é uma questão de “sobrevivência”.

“Preservar os glaciares não é apenas uma necessidade ambiental, econômica e social. É uma questão de sobrevivência”, advertiu a argentina Celeste Saulo, secretária-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Nesta primeira jornada internacional, o Serviço Mundial de Vigilância de Glaciares (WGMS), com sede na Suíça, designou como “glaciar do ano” o glaciar South Cascade, localizado no estado de Washington, no noroeste do país.
Este glaciar vem sendo monitorado desde a década de 1950. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) tem registros desde 1958, enquanto o WGMS possui dados até mesmo de 1952.
Para Caitlyn Florentine, do USGS, o Glaciar South Cascade “ilustra tanto a beleza dos glaciares quanto o compromisso de longo prazo de cientistas e voluntários que, por mais de seis décadas, coletaram dados no terreno para quantificar as mudanças de massa”.
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Mais de 275 mil glaciares em todo o mundo cobrem cerca de 700 mil km², sem incluir as calotas de gelo da Groenlândia e da Antártida, destacou a OMM em um comunicado.
No entanto, estas formações estão diminuindo rapidamente devido às mudanças climáticas.
Em cinco dos últimos seis anos, foi registrado um recuo recorde dos glaciares, e “pelo terceiro ano consecutivo, as 19 regiões glaciais registraram uma perda líquida de massa” em 2024, indicou a OMM na sexta-feira.
No total, perderam 450 bilhões de toneladas, segundo a agência, que cita novos dados do WGMS. Foi o quarto pior ano registrado. O pior foi 2023.
A perda de massa foi relativamente moderada em regiões como o Ártico canadense e os glaciares periféricos da Groenlândia, mas os glaciares da Escandinávia, Svalbard e do norte da Ásia experimentaram seu pior ano registrado.
O WGMS, baseado em uma compilação de observações globais, estima que os glaciares (exceto as calotas continentais da Groenlândia e da Antártida) perderam mais de 9 trilhões de toneladas desde o início dos registros em 1975.
Isso equivale a “um bloco de gelo do tamanho da Alemanha e com 25 metros de espessura”, explicou o diretor do WGMS, Michael Zemp, em uma coletiva de imprensa.
No ritmo atual, muitos glaciares do oeste do Canadá e dos Estados Unidos, Escandinávia, Europa Central, Cáucaso, Nova Zelândia e dos trópicos não sobreviverão ao século 21, segundo a OMM.
Esse declínio ameaça o fornecimento de água para centenas de milhões de pessoas. “Entre 2022 e 2024, testemunhamos a maior perda de glaciares já registrada em três anos”, declarou Celeste Saulo.
Para a ONU, a única resposta possível é combater o aquecimento global reduzindo as emissões de gases de efeito estufa. “Podemos negociar muitas coisas na ONU, mas não podemos negociar as leis físicas do derretimento”, disse Stefan Uhlenbrook, diretor do Departamento de Água e Crioesfera da OMM.
Este alto funcionário não quis comentar o retorno de Donald Trump à Casa Branca, que é um cético climático e retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, pacto assinado por quase 200 países em 2015 para frear a crise climática.
Uhlenbrook enfatizou, no entanto, que “ignorar o problema não ajudará a encontrar uma solução”.
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