O Oceano Ártico poderá ficar sem gelo durante o verão já a partir da década de 2030, segundo artigo científico publicado nesta terça-feira, 6.
Cientistas de Coreia do Sul, Canadá e Alemanha utilizaram dados de observação entre 1979 e 2019 para fazer simulações e, com os novos números, o Ártico ficaria sem gelo cerca de uma década antes do que os pesquisadores previram anteriormente.
O desaparecimento do gelo “acelerará o aquecimento no Ártico, o que pode provocar o aumento dos episódios meteorológicos extremos em latitudes médias, como os longos períodos de ondas de calor e os incêndios florestais”, explica Seung-Ki Min, pesquisador das universidades sul-coreanas de Pohang e Yonsei e coautor do artigo publicado na revista Nature.
Pesquisadores apontam, inclusive, que o aquecimento do Ártico pode já estar afetando eventos climáticos como chuvas extremas e ondas de calor em partes da América do Norte, Europa e Ásia.
O gelo marinho é água salgada que se solidifica por ação do frio. Seu degelo não causa diretamente a elevação do nível dos mares (diferentemente ao da calota polar ou das geleiras), mas tem, de toda forma, consequências no clima e no meio ambiente.
Os cientistas consideram que o desaparecimento de gelo poderia ser atribuído essencialmente às emissões de gases de efeito estufa, já que os demais fatores (aerossóis, atividade solar e vulcânica) são muito menos importantes.
“Estamos prestes a perder a cobertura de gelo marinho no verão ártico independentemente do que estamos fazendo”, disse Dirk Notz, cientista climático da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, e um dos cinco autores do estudo.
Aquecimento quatro vezes mais rápido que a média global
O Oceano Ártico representa uma superfície de aproximadamente 14 milhões de quilômetros quadrados e fica coberto de gelo na maior parte do ano. Ao longo de cada ano, as águas superficiais congelam e derretem, de acordo com as estações. A quantidade de gelo cresce no inverno, atinge o pico por volta de março e depois diminui para um mínimo anual, geralmente em setembro.
Nas últimas quatro décadas, o extremo norte já vem aquecendo quatro vezes mais rápido do que a média global, um fenômeno que os cientistas chamam de amplificação ártica. / AFP e The New York Times
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