O Vaticano confirmou nesta sexta-feira, 3, que o papa Francisco vai participar da reunião de cúpula sobre o clima da ONU, a COP-28, em Dubai, em dezembro. Será a primeira participação de um chefe da Igreja Católica em um encontro da COP, evento que acontece anualmente desde 1995.
“Aceitando o convite de Sua Alteza Sheikh Mohammed bin Zayed Al Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos, Sua Santidade o Papa Francisco viajará, como anunciado, para Dubai, de 1.º a 3 de dezembro de 2023, por ocasião da próxima Conferência Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (Cop-28)”, diz o comunicado, sem mais informações sobre o programa.
Segundo o papa, essa conferência pode representar “uma virada” se for alcançado um acordo vinculativo sobre a transição de energias fósseis para fontes menos poluentes, como eólica e solar. E, se esse compromisso não acontecer, ele considera que haverá “uma grande decepção”.
Desde sua eleição em 2013, Francisco fez da defesa do meio ambiente um tema central de seu pontificado. Em 2015, dedicou à questão sua encíclica Laudato si (Louvado seja), um manifesto de 200 páginas em favor de uma “ecologia integral”.
No mês passado, publicou um balanço do progresso desde então, intitulado Laudate Deum (Louvado seja Deus), no qual insta os líderes do planeta a assinarem acordos “vinculativos” diante da urgência climática.
“Com o passar do tempo, percebo que não estamos reagindo o suficiente enquanto o mundo que nos acolhe se desintegra e talvez se aproxime de um ponto de ruptura”, adverte Francisco no texto de 12 páginas.
O papa destacou que a COP-28 pode representar “um giro” caso haja um acordo vinculante sobre a transição das energias fósseis para outras menos poluentes, como a eólica e a solar. Se esse compromisso não for alcançado, “haverá uma grande decepção”, indicou Francisco.
A participação na COP-28 será a 45.ª viagem ao exterior do sumo pontífice e a sexta neste ano. Debilitado por suas dores no joelho e pela cirurgia abdominal à qual foi submetido em junho, o Papa se desloca em cadeira de rodas.
Em entrevista ao Estadão, o presidente da Comissão Especial da Amazônia da CNBB, dom Gilberto Pastana, Arcebispo de São Luís (MA), afirmou que a presença do papa terá um significado importante por ele ser o portador de muitos desafios ambientais mundiais, como a poluição, as mudanças climáticas, escassez de água e perda da biodiversidade.
Ele lembrou também que o papa tem atuado no combate às desigualdades sociais. “Ele representará para nós brasileiros todo o esforço evangelizador que a Igreja vem fazendo na defesa dos povos originários na Amazônia, como também as grandes causas que estão na origem dos problemas do planeta, a raiz da crise humana”, disse. / COM AFP
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