Podcast faz viagem pela Amazônia pelo olhar de Beka Munduruku; ouça 1º episódio

Jovem indígena conduz a série "Amazônia Invisível, uma história real”, produção do Estadão Conteúdo com a Agência Eder Content; são dez capítulos, que abordam a vida na região do Rio Tapajós, da Transamazônica e da BR-163

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Uma jovem tímida e de voz calma carrega com ela o olhar de seu povo. Aos 19 anos, Beka Munduruku empresta sua forma de ver o mundo ao podcast Amazônia Invisível, uma história real, produzido pela Agência Eder Content em parceria com o Estadão Conteúdo. São os olhos dela, e sua voz, que ajudam a guiar os ouvintes em uma viagem emocional à floresta amazônica que a maioria dos brasileiros desconhece.

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As lutas e dificuldades dos povos indígenas para preservar a floresta e suas formas de vida se dividem ao longo de dez episódios. E, a partir desta quarta-feira, 22, esse universo começa a ficar mais próximo de todos quando o primeiro deles estará disponível no site do Estadão. Na quinta-feira, 23, o episódio inaugural também poderá ser ouvido gratuitamente em múltiplas plataformas e, no mesmo dia, a série inteira estará na Storytel Brasil.

Ao longo de três semanas e quase 3 mil quilômetros no curso do Rio Tapajós, da Rodovia Transamazônica e da BR-163, Beka guiou uma equipe de jornalistas da Agência Eder Content em uma viagem pela região sudoeste do Pará. Fazendeiros, garimpeiros, povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, ambientalistas, defensores de direitos humanos, prefeitos e promotores públicos formam o mosaico de 86 entrevistados pelo podcast.

“A gente fala sobre uma realidade na Amazônia que as pessoas não sabem como é. Principalmente a realidade dos crimes contra os indígenas, do garimpo, do roubo de madeira e da destruição. Os indígenas são quem estão protegendo a floresta e são mortos”, afirma Beka, que lembra a morte de um membro de sua família Manduruku quando ainda era uma menina de 10 anos. “Ele foi morto por garimpeiros, em um conflito. Eu era pequena para entender, mas hoje eu sei.”

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Beka Munduruku, jovem ativista do Povo Munduruku, 19anos, na aldeia Sawré Muybu, também chamadade Daje Kapap Eipi, no Pará Foto: Cacalos Garrastaz/Edercontent

Desde 2014, Beka faz parte de um coletivo audiovisual e registra o cotidiano e a luta de seu povo, como o processo de autodemarcação do território Daje Kapap Eipi, no médio Tapajós, a terra da jovem que também dá nome ao grupo do qual faz parte.

A realização do podcast, resultado de 18 meses de trabalho, foi ameaçada pela pandemia, diz a jornalista Andréia Lago, diretora de conteúdo da Agência Eder. É dela a narração e a edição de Amazônia Invisível, uma história real. “É uma série reveladora de uma Amazônia que a gente não conhece”, afirma.

Além dos dez episódios, com média de 40 minutos de duração, a série terá um site com conteúdo extra, como fotografias e documentos citados pelos entrevistados. O material pode ser conferido em http://www.amazoniainvisivel.com.

Draga de mineração operando no Rio Tapajós dentro do território indígena aldeia Sawré Muybu, também chamado de Daje Kapap Eipi, noPará Foto: Cacalos Garrastazu_2021/edercontent

Com passagens pelas principais redações do País, como a do Estadão, Andréia explica a escolha de Beka como protagonista da imersão na floresta amazônica. “Desde o princípio nossa preocupação em ter uma protagonista era a de não sermos os narradores de uma história que não é nossa”, diz.

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Histórias reais que Beka escolheu contar não só no podcast. Após dois anos longe da escola em decorrência da pandemia, quando voltou para a aldeia onde moram seus pais, a jovem está no último ano do Ensino Médio e já sabe o que quer fazer no futuro: cinema.

“(Viver na floresta) É totalmente diferente da cidade, tem mais liberdade para brincar, nadar no rio, nos igarapés. Quando você é criança não faz ideia do que está acontecendo por trás da floresta, das pressões”, afirma. “Hoje, nosso coletivo leva as informações para essas crianças.”

Ativista Beka Munduruku Foto: Acervo Pessoal

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