PUBLICIDADE

Polícia de SP prende dois suspeitos por queimadas no interior de SP e investiga terceiro caso

Prisões aconteceram em São José do Rio Preto e Batatais. No âmbito federal, Polícia Federal também instaurou inquérito

PUBLICIDADE

Foto do author Caio Possati
Atualização:

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), confirmou neste domingo, 25, a prisão de dois homens suspeitos de atear fogo em áreas rurais da região de Ribeirão Preto, agravando ainda mais a situação crítica desta parte do interior de São Paulo. Um deles, detido na cidade de Batatais, faz parte de uma facção criminosa e chegou a gravar um vídeo comemorando o ato criminoso, informou o governo. Um terceiro caso está sendo investigado pela Polícia Civil.

O Estado vem sofrendo com incêndios florestais que avançam pelas cidades, causando bloqueios de estradas, interrompendo operações em aeroportos e provocando ao menos duas vítimas fatais. Segundo a Defesa Civil, são seis cidades que enfrentam focos ativos de incêndio e 48 municípios estão com alerta máximo para queimadas. A Polícia Federal também instaurou um novo inquérito para investigar os casos.

“Nós tivemos ação de criminosos. Ontem (sábado), uma prisão em São José do Rio Preto, hoje de manhã (domingo) uma prisão em Batatais de um criminoso com passagem pela polícia. Ele estava com gasolina, ateando fogo, querendo agravar a situação. É uma coisa que nós não vamos tolerar”, afirmou o governador, em entrevista coletiva em Ribeirão Preto, avaliando que as ações criminosas se somaram às condições climáticas adversas para piorar os incidentes.

Incêndios florestais no interior de São Paulo, como na região de Ribeirão Preto (foto), tem provocado bloqueios de estradas e interrupção de operações em aeroportos. Foto: CBM/Divulgação

PUBLICIDADE

A primeira prisão aconteceu na manhã de sábado em São José do Rio Preto. O suspeito é um idoso de 76 anos, que foi detido por policiais militares depois depois de atear fogo em lixo, em uma área de mata no bairro Jardim Maracanã. O homem foi denunciado por uma moradora, que presenciou a cena e acionou os agentes.

Ela relatou que conseguiu conter as chamas com um balde de água, e que ainda foi alvo de xingamentos por parte do idoso. Questionado, o suspeito confessou a prática e disse que tem o costume de queimar o lixo no mesmo local. Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-SP), ele foi levado ao plantão da Delegacia Seccional da cidade, onde foi ouvido e depois liberado. “O caso foi registrado como injúria e crime ambiental”, informou a pasta.

A outra prisão aconteceu na manhã deste domingo, 25, na cidade de Batatais. Sem dar detalhes da ocorrência, o governador disse que o suspeito foi flagrado com “um galão de gasolina, querendo agravar a situação”, e afirmou que “as forças de segurança estão mobilizadas para impedir esse tipo de ação”.

O homem preso tem 42 anos e faz parte de uma facção criminosa. Ele foi flagrado colocando fogo em uma área de mata na cidade de Batatais, região de Franca - e a cerca de 40 quilômetros de Ribeirão Preto - e detido pela Polícia Militar. Os agentes foram acionados por moradores, que presenciaram a ação do suspeito. Com ele, os policiais apreenderam uma garrafa com gasolina e um isqueiro.

Publicidade

Segundo a SSP-SP, o homem disse aos policiais que faz parte de uma facção e que chegou a gravar um vídeo comemorando o gesto de provocar a queimada. Com passagens por roubo, furto, homicídio e posse de droga, ele foi conduzido ao plantão da Delegacia Seccional de Franca e foi indiciado por causar incêndio. A reportagem não localizou a defesa do suspeito.

Um terceiro caso está sendo investigado pela Polícia Civil. Também em São José do Rio Preto, um motociclista foi visto por meio de imagens colocando fogo em uma área de mata na zona sul da cidade. O vídeo chegou ao conhecimento do 1º Distrito Policial, que passou a investigar o caso para identificar suspeito “e tomar as medidas de Polícia Judiciária pertinentes”, informou a SSP-SP.

O governador disse que as queimadas têm diferentes origens: a combinação de estiagem severa, baixa umidade relativa do ar e presença de ventos fortes; a ação de criminosos e de pessoas “oportunistas”, que aproveitam dos focos para fazer o descarte de lixo e de resíduos de forma clandestina.

“Temos que nos conscientizar que nós temos indústrias químicas, usina de álcool, com tanques de etanol, muita palha armazenada, bagaço armazenado com potencial inflamável muito grande, muito severo. Isso poderia causar um incêndio de grandes proporções”, disse.

PUBLICIDADE

O governador também ressaltou que essas instalações próximas aos focos de incêndios estão sendo isoladas e protegidas para evitar maiores danos. “Essas instalações críticas estão sendo objeto da nossa ação, porque a gente precisa isolar, fazer os aceiros”, disse.

Além das medidas de combate ao fogo, Tarcísio mencionou as ações para atender a população afetada, incluindo o suporte àqueles que perderam suas residências e a estruturação do sistema de saúde para tratar problemas respiratórios decorrentes da fumaça. “Cada secretaria de Saúde está recebendo o link para o teleatendimento com pediatra e pneumologista, que está à disposição o tempo todo”, detalhou.

O governador também pediu calma à população local, destacando que não há necessidade de evacuação. “A situação vai ficar sob controle, tem uma grande organização. Eu tenho certeza que a situação hoje já vai melhorar bastante, as pessoas têm que manter a tranquilidade”, comentou Tarcísio.

Publicidade

No sábado, o governador de São Paulo decretou estado de emergência em 45 cidades de São Paulo, com validade de 180 dias. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento anunciou um pacotes de ações para produtores rurais afetados pelos incêndios, em valor estimado de R$ 10 milhões. O Centro de Gerenciamento de Emergências da Defesa Civil elevou para 46 o número de cidades em alerta máximo para queimadas e informou que 21 municípios enfrentam focos ativos de incêndio.

Governo Lula vê novo ‘Dia do fogo’ e coordenação criminosa em queimadas em SP; PF investiga

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva suspeita que os incêndios que têm assolado o País, sobretudo no interior de São Paulo, tenham sido causados por uma coordenação criminosa, o que será objeto de investigação pela Polícia Federal (PF). Autoridades comparam os eventos a um novo “Dia do Fogo”, em que fazendeiros de Novo Progresso (PA) convocaram uma mobilização para queimadas na região em 2019.

“Em São Paulo, não é natural, em hipótese alguma, que em poucos dias tenha tantas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

O presidente Lula se reuniu com Marina no Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) na tarde deste domingo, em Brasília, para discutir ações de combate aos eventos. Acompanhavam Lula o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e a primeira-dama Rosângela Silva.

Lula declarou em postagem no X, antigo Twitter, que “tem gente colocando fogo de maneira ilegal, uma vez que todos os Estados do País já estão avisados e proibiram uso de fogo de manejo”. “A Polícia Federal vai investigar e o governo vai trabalhar com os Estados no combate aos incêndios”, acrescentou. /COLABORARAM GUILHERME CAETANO E IANDER PORCELLA

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.