Quais os efeitos para o Amazonas da 4ª pior seca da história do Rio Negro?

Dos 62 municípios do Estado, 45 estão em situação de emergência; cidade na região metropolitana de Manaus já iniciou racionamento de água

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Por Waldick Junior

A seca extrema na Amazônia provocou um novo recorde nesta terça-feira, 10, quando o Rio Negro, que banha Manaus, atingiu a cota de 14,29 metros. Essa é a quarta pior seca a que se tem registro desde o início da série histórica, há mais de um século. De acordo com a medição oficial do porto da cidade, o afluente está a menos de um metro de atingir a estiagem histórica de 2010, quando as águas desceram até 13,63 metros.

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Conforme o Boletim Estiagem 2023, divulgado pelo governo do Amazonas nesta terça-feira, três municípios do Amazonas situados na calha do Rio Negro, incluindo Manaus, estão em situação de emergência. Outros dois estão classificados com status de alerta.

Segundo a série histórica, as maiores secas do Rio Negro ocorreram em 2010 (13,63m), 1963 (13,64m) e 1906 (14,20m). A previsão de especialistas é de que a estiagem deste ano continue a bater novos recordes, considerando que o afluente de cores escuras tem secado a uma média de 12 centímetros por dia desde a semana passada e o período de seca se estende, normalmente, até o fim de outubro.

Casa flutuante costumava ficar à beira do rio Negro, mas por causa da seca em Manaus está rodeada de lixo Foto: Edmar Barros/AP

O Rio Negro está entre as principais hidrovias da Amazônia para transporte de cargas e passageiros e forma, ao se unir ao Rio Solimões, o Rio Amazonas. Este último é o maior do mundo em vazão de água e o segundo maior em extensão, ficando atrás apenas do Rio Nilo, no continente africano.

A situação em todo o Amazonas ainda é de preocupação com a seca extrema. Conforme o governo estadual, dos 62 municípios, 45 seguem em situação de emergência. Outras hidrovias importantes para a região, como os rios Solimões, Amazonas e Madeira estão perto das menores cotas já registradas.

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Escassez hídrica

O cenário mais grave é considerado o do Rio Madeira, que nasce na Cordilheira dos Andes, na Bolívia, e deságua no Rio Amazonas, no Estado de mesmo nome. Nesta terça-feira, a Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação de escassez hídrica no afluente.

A resolução de n.º 164/2023 foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) e diz que a prioridade de utilização das águas do Madeira é para consumo humano e dessedentação de animais, que se refere à toda demanda de água associada a bichos, sejam selvagens ou de criação (como gado).

Racionamento

Por causa da seca extrema, o município de Rio Preto da Eva, na região metropolitana de Manaus, iniciou um racionamento de água que ficará ativo por dois meses. Durante o período, a concessionária do município desligará as bombas todos os dias entre 23h e 5h da manhã.

“Nós temos poços artesianos no SAAI (serviço local de água), que tem mais de 150 metros, já estão surgindo com lama. Já estão vindo com pouca água por conta da seca que estamos vivendo. Nós precisamos, agora, economizar para continuar tendo esse líquido para a nossa sobrevivência”, disse o prefeito da cidade, Anderson Sousa, em um vídeo publicado nas redes sociais.

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