Na avaliação de especialistas ambientais ouvidos pelo Estadão, a maior série de queimadas no Pantanal dos últimos tempos ocorre numa combinação de incêndios criminosos e um desequilíbrio hídrico e climático decorrente de problemas ambientais em outras regiões do País. O nível de chuvas neste ano no Pantanal foi 40% menor que em 2019. O desmatamento nas cabeceiras dos rios da Amazônia e do Cerrado que convergem para seus campos alagados completou o efeito explosivo.
Dados da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de Mato Grosso apontam que a maior parte dos focos de calor surge justamente em propriedades privadas. Mais de cinco mil foram registrados dentro de áreas cercadas. Nas estimativas oficiais, 15% da cobertura natural pantaneira virou pastagem.
O bioma vive seu momento mais difícil desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a registrar focos de calor. Em julho, o número desses focos no bioma chegou a 1.684, ultrapassando os 1.259 registrados em 2005. A tragédia continuou. Ainda assim, em 28 de agosto o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou a suspensão já precária das ações de combate ao fogo tanto no Pantanal quanto na Amazônia.
O ministro informou que R$ 60 milhões da pasta tinham sido bloqueados pela Casa Civil. A repercussão negativa da declaração de Salles levou o vice-presidente Hamilton Mourão a dizer que o ministro tinha “se precipitado” e o dinheiro estaria à disposição.
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