O dado ainda não é oficial, mas, de acordo com as principais agencias meteorológicas mundiais, 2023 será o ano mais quente já registrado na Terra, com uma temperatura média de 1,4ºC acima da média histórica. O principal responsável por essa mudança climática é o homem, segundo o último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU).
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De junho a novembro, todos os meses bateram recordes históricos de temperatura e os demais meses se encontram, pelo menos, entre os dez mais quentes dos registros. Mais de um terço dos dias do ano teve temperaturas 1,7ºC acima da média histórica.
O ano também teve o verão e o outono (do hemisfério norte) mais quentes. Os dados são do Observatório Europeu Copérnico. No último dia 30, a Organização Meteorológica Mundial publicou a versão provisória do relatório Estado Global do Clima 2023, que também classificou este ano como o mais quente em 174 anos de medições.
Os impactos das mudanças climáticas não são sentidos só no calor. As principais manifestações ocorrem na forma de eventos extremos, que estão mais intensos e frequentes, segundo especialistas.
Outro efeito se dá por meio do derretimento da cobertura de gelo marinho no Ártico, por exemplo. As consequências dessa transformação afetam fauna e flora regional e contribui para a alteração global no nível dos oceanos.
O Brasil também enfrentou ondas de calor e registrou recordes de temperatura. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, as temperaturas ficaram acima da média histórica por pelo menos cinco meses consecutivos, de julho a novembro. Setembro apresentou o maior desvio (diferença entre o valor registrado e a média histórica) já registrado desde 1961, de 1,6ºC, seguido do mês de novembro, de 1,5ºC.
A cidade de Araçuai, no vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, bateu o recorde de dia mais quente da história em 19 de novembro, quando a temperatura máxima chegou aos 44,8ºC.
São Paulo registrou recordes de temperatura em 2023. Em 13 de novembro, a temperatura chegou a 37,8ºC – o maior já registrado para o mês. A maior máxima absoluta (aquela registrada em um único lugar) para novembro ocorreu no bairro da Vila Madalena, na zona sul, com 39,5ºC.
As emissões brasileiras vêm, em sua maior parte, do desmatamento na região amazônica e no Cerrado. Ao longo de 2023, a gestão da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, apresentou bons resultados contendo a derrubada ilegal da floresta, mas especialistas apontam que ainda há desafios e melhorias a serem feitas.
O País tem o desafio de frear suas emissões, enquanto tenta alcançar uma posição de destaque nas negociações climáticas. Em 2025, Belém sediará a COP-30, que já é alvo de grande expectativa. Será a oportunidade de revisitar o Acordo de Paris após dez anos; no evento sediado na Amazônia, a previsão é um comprometimento mais significativo dos países em busca de um corte de emissões capaz de conter o avanço da temperatura no planeta.
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