Sem coleta, 18,4 milhões de brasileiros queimam ou enterram lixo em casa, diz IBGE

Coleta de resíduos sólidos vem aumentando nas últimas décadas, mas discrepâncias regionais persistem; Estado de São Paulo tem 99% de seus dejetos recolhidos

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Foto do author Marcio Dolzan
Atualização:

Sem acesso a um sistema de coleta de lixo ou mesmo a caçambas próprias para descarte, 18,4 milhões de brasileiros fazem o descarte final em suas próprias casas ou em terrenos baldios. Conforme o Censo 2022, 15,9 milhões de brasileiros queimam o lixo em suas propriedades e mais de meio milhão o enterra no entorno das moradias.

ARBX - 15/12/2016 - SAO PAULO - METROPOLE / EXCLUSIVO / EMBARGADO / PROBLEMAS AMBIENTAIS NO LITORAL SUL PAULISTA- Impacto ambiental na regiao do litoral sul paulista. Coleta de lixo na praia da Enseada, no Guaruja. Foto: Rafael Arbex / ESTADAO Foto: Rafael Arbex

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No ano passado, a coleta direta ou indireta de lixo atendia a 90,9% da população brasileira. A maior parte desse contingente (82,5% do total da população) tinha acesso à coleta domiciliar por meio de serviços de limpeza, enquanto os outros 8,4% depositavam seu lixo em caçambas próprias do serviço de limpeza. Um em cada dez brasileiros, porém, faz descarte irregular.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção da população atendida por coleta direta ou indireta de lixo vem aumentando nas últimas décadas.

  • No recenseamento realizado no ano 2000, 76,4% da população informou ser atendida por serviços de coleta de lixo. O percentual aumentou para 85,8% em 2010, e no ano passado atingiu 90,9%.

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Ainda assim, há grandes discrepâncias regionais.

  • Com 99% do seu lixo recolhido, o Estado de São Paulo apresentou o maior percentual de população atendida por serviços de coleta, enquanto que os 69,8% dos moradores atendidos no Maranhão fazem com que aquele Estado apresente o pior indicador entre todas as unidades federativas.
  • Apesar disso, o Maranhão foi o Estado brasileiro que mais expandiu a cobertura da coleta de lixo em 12 anos, subindo 16,3 pontos percentuais em relação ao Censo 2010.

De acordo com o levantamento divulgado nesta sexta-feira, cidades maiores apresentaram os maiores índices de população atendida por serviços de coleta de lixo. Nas cidades com mais de 500 mil habitantes, 98,9% da população informou ter acesso a esse tipo de serviço.

Na outra ponta, apenas 78,9% dos moradores tinham acesso à coleta de lixo nos municípios com até cinco mil moradores.

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O lixo descartado inadequadamente atrai animais, como ratos e insetos, e está associado à transmissão de doenças, como a leptospirose e a dengue, que provoca uma epidemia em várias regiões do Brasil nos primeiros meses deste ano.

O espalhamento do chorume, líquido que escorre de lixões, pode contaminar mananciais. Já a queima dos resíduos sólidos lança dezenas de produtos tóxicos na atmosfera.

“Há uma grande cobertura na coleta, e isso, claro, se deve muito ao fator econômico. É algo que é rentável para a empresa coletora. Agora, não tem nada ali sobre reciclagem, coleta seletiva e disposição final dos resíduos, nem em relação aos resíduos orgânicos”, diz Anderson Kazuo .Nakano, professor do Instituto das Cidades da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

“Alguns Estados, como São Paulo, geram toneladas de resíduos sólidos todos os dias, e 60% é orgânico, mais da metade é resíduo orgânico. Isso precisa ser separado e precisa saber a destinação. Claro que o morador não vai saber responder isso ao IBGE, mas acho que precisava começar a construir essa informação em âmbito nacional”, acrescenta.

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