Sete boas notícias para o clima em 2024 que podem ter passado despercebidas

As temperaturas bateram recorde e os eventos extremos causaram tragédias em várias partes do mundo, mas há boas novas também; duas delas no Brasil

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Por Redação

Foi um ano duro para o clima global. Pela primeira vez, a temperatura do planeta ficou 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais por doze meses consecutivos. Eventos climáticos extremos, como secas e inundações, provocaram tragédias em várias partes do mundo, incluindo o Rio Grande do Sul. Mais uma conferência climática das Nações Unidas (ONU) terminou sem acordo significativo.

Mas, também houve algumas boas notícias para o meio ambiente neste ano. O grupo de mídia britânico BBC selecionou sete vitórias ambientais de 2024 que podem ter passado despercebidas, mas são extremamente importantes. E pelo menos duas delas aconteceram no Brasil: a queda recorde do desmatamento da Amazônia e o status legal de “ser vivo” concedido ao mar da cidade de Linhares, no Espírito Santo.

Floresta Amazônica registrou queda no desmatamento, mas alta de queimadas preocupa Foto: Mariusz Prusaczyk/Adobe Stock

Veja aqui algumas das conquistas destacadas pela BBC:

  • Redução do desmatamento da Amazônia

A devastação da floresta atingiu em 2024 a maior redução em nove anos, caindo em mais de 30%, segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É a menor perda anual de vegetação desde 2015. Por outro lado, uma estiagem recorde e incêndios em níveis nunca vistos antes expuseram os desafios de evitar a degradação do bioma. A promessa da gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é de acabar com o desmatamento na Amazônia até 2030.

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  • Reconhecimento legal de biomas e animais como seres vivos

Na Nova Zelândia, os picos do Parque Nacional de Egmont – renomeado Te Papakura o Taranaki – foram reconhecidos como montanhas ancestrais e ganharam o status legal de seres vivos. No Brasil, em Linhares (ES), as ondas da cidade costeira ganharam igualmente status de seres vivos, garantindo assim o seu direito legal de existir e se regenerar. Um novo tratado assinado por lideranças indígenas do Oceano Pacífico concedeu oficialmente o status legal de seres vivos às baleias e aos golfinhos.

  • A última usina de carvão

Primeiro país do mundo a usar o carvão para gerar energia, o Reino Unido fechou em 2024 a última das suas usinas de carvão que ainda estava em funcionamento. Foi a Ratcliffe-on-Soar, em Nottinghamshire. Os combustíveis fósseis foram o motor da Revolução Industrial britânica no século 19.

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  • Aumento do uso da energia verde

A adoção de fontes renováveis de energia está crescendo em todo o mundo, apesar do número ainda muito elevado de queima de combustíveis fósseis. Nos Estados Unidos, a geração de energia eólica bateu recorde em abril, excedendo a geração de energia por carvão. A Agência Internacional de Energia estima que até 2030 o mundo aumente em 5,5 mil GW a capacidade de geração de energia renovável. O objetivo é que, até o fim da década, a energia verde já responda por metade da geração de eletricidade.

  • Nova área de proteção ambiental marinha

O Atlântico Norte ganhou uma nova área marinha protegida, ao redor do arquipélago de Açores. É a maior área de proteção da região, correspondendo a 30% do mar das ilhas portuguesas. Metade da área (287 mil km2) será considerada de proteção total, e a pesca e extração de qualquer recurso natural está proibida. A outra metade será de alta proteção. Hoje só 2,8% dos oceanos são protegidos.

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  • O efeito positivo da proteção ambiental

Uma grande revisão de estudos sobre o tema mostrou que as iniciativas de conservação ambiental são eficientes na redução da perda da biodiversidade. Os cientistas revisaram 665 estudos sobre medidas de conservação adotadas em todo o mundo, e concluíram que ao menos duas de cada três iniciativas tiveram efeitos positivos comprovados.

  • Esforços indígenas para repovoar céus e rios

Na Califórnia (EUA), uma iniciativa encabeçada pelos indígenas do povo Yurok tem repovoado a fauna em seus territórios. A iniciativa culminou com a volta do salmão ao Rio Klamath após cem anos, depois da remoção de uma barragem no rio. O mesmo povo tem também um projeto para trazer de volta uma ave sagrada (um tipo de abutre) para os indígenas.

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A lama de rejeitos de minério que vazou da barragem da Samarco, em Mariana (MG) alcançou o mar em Linhares (ES) em dezembro de 2015. Foto: Gabriela Biló/Estadão - 22/11/2015

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