SP tem novo alerta para incêndios: mapas e gráficos mostram alta de queimadas pelo Brasil

Estado enfrenta novo risco de alastramento de focos, enquanto cidades ainda contabilizam prejuízos. Biomas como Amazônia e Pantanal também reforçam atenção

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Por Redação
Atualização:

O Estado de São Paulo passa por novo período de alerta para incêndios florestais, aponta a Defesa Civil neste fim de semana. Neste sábado, 31, há 5 municípios com focos ativos de incêndio, todos na região de Franca, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.

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As cidades paulistas ainda contabilizam os prejuízos decorrentes da última escalada de queimadas, como a de sexta-feira, 23, que bloqueou estradas e fez voos serem suspensos.

O tema preocupa não só as autoridades paulistas, mas também gestores, produtores e moradores de áreas como a Amazônia e o Pantanal, que voltaram a sofrer com a disseminação das chamas.

  • No caso das cidades paulistas, o risco de emergência de incêndio vem desde a quarta-feira, 28, em áreas como Andradina, Araçatuba, Barretos e Ribeirão Preto.
  • Neste sábado, 31, o número de municípios sob risco aumenta e passa também a Assis, Bauru, Campinas, Franca, Piracicaba e Presidente Prudente.
  • No domingo, 1º, esse quadro piora ainda mais e a Defesa Civil aponta que São José dos Campos e até a capital São Paulo estarão em alerta para ocorrências dessa natureza.

Abaixo, veja como as ocorrências de queimada têm se avolumado no País, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de janeiro a agosto deste ano. Mato Grosso, Pará e Amazonas são os Estados com maior número total de ocorrências no período.

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O governo federal e cientistas preveem que a temporada seca se estenderá até outubro, o que eleva o risco de fogo. São possíveis episódios similares - de fumaça e fuligem no céu mesmo em cidades e Estados que não enfrentam queimadas - até o começo do período de chuvas, no início da primavera, entre o fim de setembro e começo de outubro.

Incêndio se alastra às margens de rodovia no interior de São Paulo no sábado, 24 Foto: PRF - 24/8/2024

Os chamados rios voadores – canais de ventos intensos que transportam a umidade da Amazônia para o Sul e o Sudeste – também têm funcionado como espécies de rios secos, transportando fumaça das queimadas no Norte - e agravando a crise que já existia em vários pontos do Sudeste.

O número de focos de incêndio registrados em agosto no Estado de São Paulo é o maior para qualquer mês nas cidades paulistas desde 1998, quando os registros começaram a ser computados pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em 23 dias de agosto, houve registro de 3.175 ocorrências, o que é quase o dobro do que foi registrado ao longo dos 12 meses do ano passado no Estado (1.666).

Veja como as queimadas evoluíram na série histórica do Inpe. Consulte os biomas da Amazônia e do Pantanal, além dos registros do Estado de São Paulo.

Sobre os focos no Estado de São Paulo, investigações da Polícia Federal e da Polícia Civil estão em andamento. A principal hipótese perseguida pelas investigações da PF é que as queimadas tenham ocorrido por ação humana dolosa, ou seja, praticada por pessoas com intenção de incendiar a vegetação. O governo federal suspeita de ação coordenada, diante do grande número de focos simultâneos. Já o governo paulista não vê indícios de crimes orquestrados, diante dos perfis e da falta de ligação entre os presos até agora.

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A PF utiliza imagens de satélite do programa Brasil Mais para identificar o local da ignição que originou os incêndios. Os investigadores têm analisado as imagens, captadas diariamente, de trás para frente para identificar o momento exato em que o fogo começou. A partir disso, a polícia consegue estabelecer um raio de atuação para realização de perícia e recolhimento de outros tipos de prova.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem rejeitado a hipótese de ação orquestrada. Ele afirma que, por ora, não há elementos para indicar que as queimadas foram coordenadas e atribui a disseminação das chamas, principalmente, às condições climáticas adversas. A gestão diz prestar apoio aos produtores rurais afetados, como por meio de crédito emergencial.

Municípios decretam emergência

Reportagem do Estadão mostrou que a quantidade de municípios que decretaram situação de emergência em função do avanço das queimadas florestais saltou durante agosto no País. Foram 118 decretos dessa natureza desde o início do mês, 51 deles no Estado de São Paulo, que viu o fogo avançar com grande intensidade a partir do fim da semana passada. As ocorrências vêm se avolumando também na Amazônia e no Pantanal nos últimos meses.

Brigadistas atuam para conter chamas nas imediações do aeroporto de Brasília Foto: Marcelo Camargo/Agencia Brasil - 24/8/2024

O balanço foi feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) com base em dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). Além de São Paulo, aparecem em destaque no levantamento os Estados do Mato Grosso (35 decretos), e Acre (22). Na noite desta terça-feira, 27, o Pará decretou emergência pela mesma razão.

“Nesse contexto, já são mais de 4,4 milhões de pessoas afetadas de janeiro até agosto, sendo que desse total, 4 milhões foram afetadas apenas em agosto”, destaca a entidade.”Os impactos ambientais são incalculáveis e se traduzem na perda da biodiversidade do País. Já os danos e prejuízos ainda estão sendo mensurados pelos gestores municipais, mas fato é que os incêndios florestais impactam diretamente o sistema municipal de saúde com sobrecarga de atendimentos, bem como prejudicam o abastecimento de água potável, suspensão de aulas e outros impactos.”

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Recorde na Amazônia: por que focos têm se espalhado mais?

A Amazônia está queimando mais neste ano, mesmo com o desmatamento em queda. Mais de 43 mil focos de fogo já foram detectados, pior índice desde 2007 no bioma para o período de 1º de janeiro a 20 de agosto. O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido cobrado para dar resposta mais efetiva de prevenção e combate às chamas. O Ministério do Meio Ambiente afirma ter no momento 1.489 brigadistas na região.

O número é quase o dobro do registrado nesse intervalo em 2023. Normalmente atrelado à perda de cobertura vegetal, o fogo tem se espalhado mais cedo e por áreas não desmatadas. Agrava a situação a seca iniciada em 2023, intensificada pelo fenômeno El Niño e pelas mudanças climáticas.

“É preocupante porque continua uma condição hídrica e climática em que a paisagem está muito inflamável. Qualquer início de queimada pode virar incêndio”, disse ao Estadão a diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar. Ela lembra que o fogo natural é um evento raro na floresta devido à vegetação úmida.

De acordo com Ane, o fogo atinge agora principalmente o sul do Amazonas, a região da Transamazônica, o norte de Rondônia, o sudoeste do Pará, e a Terra do Meio.

Em nota, o governo federal informou atuar com 1.489 brigadistas do Ibama e ICMBio, órgão responsável por cuidar das unidades de conservação federal, no combate aos incêndios florestais na Amazônia. Também diz que 173 incêndios foram registrados no Norte desde 24 de julho até a semana passada - 98 foram extintos ou estão controlados.

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O que orienta a Defesa Civil:

  • Não faça queimada para limpar terreno ou para destruir lixo, optando sempre pelo descarte no lugar indicado;
  • Não jogue cigarros ou fósforos acesos às margens de rodovias;
  • A soltura de balões, além de ser crime, pode provocar acidentes aéreos e incêndios;
  • Incêndios florestais podem causar interrupção no transporte público, na distribuição de energia elétrica e nas redes de comunicação;
  • Ao avistar fumaça suspeita ou fogo de incêndio em mata, informe imediatamente o Corpo de Bombeiros (193).

/CAIO POSSATI, GIOVANNA CASTRO, JULIANA DOMINGOS DE LIMA, LUCCAS LUCENA, MARCO ANTÔNIO CARVALHO, PAULA FERREIRA E ROBERTA JANSEN

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