A importância de colocar a pauta de sustentabilidade e ecologia no cotidiano das pessoas, de colocá-la ainda mais nas escolas, no programa dos políticos e dentro de casa foi o principal assunto em debate no quarto módulo do seminário Retomada Verde, realizado pelo Estadão nesta quinta-feira, 3, e que continuará nesta sexta-feira, 4 (veja como se inscrever em https://bit.ly/2YPvH4c).
A mesa de debates online reuniu o ator Mateus Solano, a jovem ativista Paloma Costa Oliveira e a apresentadora e cineasta Marina Person. Quem mediou a conversa foi Rita Lisauskas, blogueira do Estadão e colunista da Rádio Eldorado.
A ativista Paloma Oliveira disse que precisa haver uma mudança de mentalidade, que o tema precisa estar presente de maneira mais ampla. "Muitos pensam em meio ambiente como algo gigante, imaginam a Floresta Amazônica lá longe. Mas não é isso. O impacto causado pelas emissões de carbono em cidades grandes, como São Paulo, Rio e Brasília, cidades estruturadas para o carro, está aí. Minha luta pela bicicleta é por uma mudança sistêmica. É necessário lutar por nova forma do coletivo. É isso que a educação traz. A minha história com a bicicleta é que fiquei cansada de ir em conferências da ONU (Organização das Nações Unidas) e ver negacionistas naquele espaço."
Para quem não conhece, Paloma foi escolhida no ano passado para falar na ONU sobre mudanças climáticas, na conferência que teve também a participação da sueca Greta Thunberg e na qual o governo brasileiro teve sua fala vetada.
O ator Mateus Solano exemplificou como que os assuntos ligados ao meio ambiente poderiam estar nas escolas. "O tema da sustentabilidade está muito pouco entranhado. Em uma live outro dia com um professor perguntei se deveria existir uma matéria de educação ambiental. Ele respondeu que não, que educação ambiental tinha de estar em todas as matérias. O meio ambiente tem de estar na frente de tudo e misturado."
Marina Person passou cinco meses da pandemia em um sítio no interior de São Paulo e comentou como pequenas mudanças podem ser fundamentais para o início de uma transformação ambiental. Ela acredita que esse período de isolamento social pode fazer com que as pessoas repensem sobre a questão do deslocamento, que impacta diretamente o meio ambiente.
"Enquanto no resto do mundo a poluição diminuiu, no Brasil aumentou por causa do desmatamento da Amazônia. Mas essa pandemia tem uma coisa da gente pensar qual a real necessidade de encontrar com alguém pessoalmente? Muitas coisas podem ser feitas remotamente. (Precisamos observar) quais são as reais necessidade e perceber o que não temos de fazer. Parece besteira pensar 'ah, mas se eu consumir só essa garrafinha não vai ser uma tragédia ambiental'. Não é bem assim. Pense globalmente."
"Temos de pensar na humanidade como um todo e pensar fora da caixa. Não importa do lado que você está na política. O retrocesso em questão de direitos humanos, ciência, educação, cultura... isso tudo a gente consegue reverter num futuro. Mas a natureza, não. Tem algo que é irreversível. O desmatamento é irreversível. É uma tragédia que vai impossibilitar a vida na Terra. Temos de pensar em termos evolutivos, em milhões de anos. O Sidarta (Ribeiro) fala uma coisa que foi uma epifania pra mim: por que a gente consegue pensar no fim do mundo e não no fim do capitalismo tal como ele é?", questionou Marina.
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