Veja dicas de como melhorar o aproveitamento de água nos condomínios

Tratamento de esgoto e instalação de cisternas são algumas das alternativas; conheça vantagens e cuidados necessários

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Por Guilherme Santiago
Atualização:

A falta de água se tornou um problema recorrente nas grandes cidades. Entre 2013 e 2015, a região metropolitana de São Paulo enfrentou crise hídrica e racionamento. E o problema não parece ter ficado no passado. “Tudo indica que a escassez vai continuar e, em determinado momento, vai bater em nossas portas outra vez”, aponta Marcelo Nolasco, professor de Gestão Ambiental na USP.

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O alerta do especialista está expresso em números: o Brasil desperdiça 40% de toda a água potável captada nos sistemas de distribuição – o que seria suficiente para abastecer mais de 63 milhões de habitantes por um ano, segundo estudo do Instituto Trata Brasil, divulgado em 2022.

É nesse contexto que condomínios buscam soluções para melhorar o aproveitamento de água e evitar que moradores enfrentem problemas de abastecimento. Tal mudança ocorre, inclusive, na legislação. “Desde abril, uma lei estabelece diretrizes para que os novos condomínios sejam estimulados a investir em tecnologias de água”, diz Nolasco. “No entanto, ainda não há obrigatoriedade.”

Amaury instalou três pequenas cisternas em sua residência  Foto: TABA BENEDICTO/ESTADÃO

Em Monte Mor, no interior de São Paulo, o condomínio Haras Larissa apostou em um sistema de aproveitamento de águas subterrâneas e tratamento de esgoto. O engenheiro Eduardo Funari, que acompanhou o projeto, conta que toda a água recebida pelas casas vem dos lagos existentes no local, passa por tratamento e se torna potável.

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Mas o projeto vai além. “O estatuto do condomínio exige que todo proprietário instale uma pequena estação de tratamento de esgoto em sua casa”, diz ele. Assim, a água que seria descartada pode ser reutilizada para lavagem de carros e pisos, descarga nos banheiros e irrigação.

Já para aproveitamento de água da chuva, casas e condomínios precisam de cisternas – reservatórios para captação, conservação e armazenamento semelhantes a uma caixa d’água. Elas podem ser instaladas no interior do solo e ultrapassar 2.500 litros, mas também há versões menores, que ficam próximas às calhas.

O dentista Amaury Darcadia, de 64 anos, que vive em um condomínio em São Bernardo do Campo (SP), adquiriu, há seis anos, um desses modelos mais compactos. “Eu comprei três cisternas e tenho quase 750 litros de água de reserva para lavar o quintal e regar as plantas; o excedente aproveito para jogar na piscina”, conta.

As cisternas da casa de Amaury, da marca Casológica , custam cerca de R$ 350. O kit inclui itens como um galão de plástico de 240 litros, uma torneira metálica e um redutor de turbulência para sedimentar a matéria orgânica. “É um investimento baixo, mas que traz muita segurança, principalmente em momentos de crise hídrica”, defende Rafael Greco, fundador da empresa.

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As tecnologias de reúso têm avançado tanto que já existem empresas que prestam serviço de gestão hídrica, como a startup T&D Sustentável. De acordo com o CEO Camillo Torquato, as soluções da companhia incluem monitoramento para evitar vazamentos; relatórios mensais de economia; envio de alertas diante de consumo elevado; manutenção de sistemas hídricos; e até capacitação de moradores.

Ao reaproveitar água, são necessários certos cuidados. No caso da que é descartada pela máquina de lavar, ela deve ser usada apenas para lavagem de quintais e descarga nos banheiros, por possuir resquícios de produtos químicos.

A reutilização via cisterna também exige atenção. “Os primeiros litros captados levam impurezas dos telhados, por isso, é recomendado descartar”, explica Nolasco. Depois disso, a água obtida pode servir ainda para irrigar plantas e limpar pisos. Mas nunca para beber ou tomar banho – para esses fins, é necessário tratamento específico.

Ações coletivas

  • Dê preferência a sistemas individuais de medição do consumo de água.
  • Invista na fiscalização periódica para encontrar possíveis vazamentos.
  • Instale cisternas para captação de água da chuva – e utilize essa água para lavar áreas comuns do condomínio.
  • Converse com o síndico para criar pequenas estações de tratamento de esgoto.
  • Troque os vasos sanitários por modelos mais modernos, que despejam menos água.
  • Em casa, feche a torneira ao escovar os dentes; agilize os banhos; e retire restos de comida dos pratos antes de lavar.

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