Caldinho de pirarucu, suco de taperebá, matrinxã assado, farofa de uarini. A primeira imersão no mundo amazônico se apresentou tanto em forma de comida quanto na de um vocabulário todo novo. E que seguiria sendo incrementado ao longo dos próximos dias.
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Eu havia acabado de chegar a Manaus. No dia seguinte, começaria uma viagem de uma semana pelo Rio Solimões no barco regional M. Monteiro, rumo à Colômbia. Barcos regionais levam moradores, acomodados em redes, e cargas, seu principal faturamento. Quase nunca turistas; no máximo, mochileiros.
Naquele almoço no restaurante Banzeiro (banzeiro é a agitação que os barcos causam nas águas dos rios) conheci Ricardo Koellreutter, dono da agência paulistana Paradiso Turismo e criador do projeto Amazônia, Estradas d’Água. O roteiro propõe desbravar uma Amazônia intocada pela indústria do turismo, no ritmo da vida local.
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Os grupos têm no máximo 20 pessoas; o meu, o quarto desde que o roteiro foi criado, tinha seis. Há outras três saídas programadas este ano (veja datas e preços abaixo). Embora integrados ao dia a dia da embarcação, esses viajantes têm facilidades: cabines com banheiro, refeições mais variadas e passeios em voadeira, adaptados diariamente.
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Na contemplação e na convivência com moradores e tripulação, a Amazônia vai mostrando suas faces e nomes. Igarapé, igapó, paranã, lago, furo referem-se ao rio. Cajá, cupuaçu, pacovã, biribá, tucumã e cubiu são frutas; matrinxã, pirarucu, tambaqui e surubim, peixes. Na paisagem, açaizeiro, castanheira, abacaba e juari são palmeiras; e nelas pousam o japó, o japini e a coroca.
As redes são o jeito supereconômico de fazer a viagem, com refeições incluídas na passagem. Mesmo usando banheiros coletivos e fazendo passeios até prainhas de rio apenas nos portos de paradas, vi também os mochileiros se divertindo. E vivendo um estado de encanto pela Amazônia para o qual não há palavras.
Quanto custa e como ir:
Preços: saída em grupo custa R$ 4.850 por pessoa, em cabine dupla. Inclui 2 noites em hotel em Manaus e 1 em Letícia, refeições e passeios. A Paradiso vende também a cabine no M. Monteiro, sem passeios, por R$ 1.750 por pessoa, e a viagem em rede, por R$ 585; preços sem aéreo. A passagem em rede pode ser comprada no porto de Manaus por R$ 385, mas sem garantia de vaga.
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Próximas saídas em grupo: 25 de maio, 17 de agosto e 9 de novembro.
VEJA GALERIA DE FOTOS DA VIAGEM DE BARCO REGIONAL PELA AMAZÔNIA
Amazônia pelo Rio Solimões
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Amazônia - Rio Solimões
O Rio Solimões, aqui visto do alto, é a "estrada d'água" doroteiroque leva turistas a navegarem em um barco regional, ao lado de moradores e mercadori... Foto: Mônica Nobrega/EstadãoMais
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Durante todo o percurso veem-se palafitas e também os flutuantes, que são imóveis construídos sobre toras de madeira que funcionam como boias para sub... Foto: Mônica Nobrega/EstadãoMais
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Mercado Adolfo Lisboa, ícone turístico deManaus, tem parte do prédio feito de ferro e foi reformado em 2013. Foto: Mônica Nobrega/Estadão
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O mercado de peixes deManausé um aglomerado de barcos que vendem seu produto fresco na margem do Rio Negro. Foto: Mônica Nobrega/Estadão
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O barco regionalM. Monteirotem três andares. No passadiço, o mais baixo, viaja a carga. O intermediário, chamado de convés principal, é todo ocupado p... Foto: Mônica Nobrega/EstadãoMais
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Moradores e turistas mochileirosviajam em redes no barco regional M. Monteiro. Foto: Mônica Nobrega/Estadão
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Tábata, de 2 anos, volta pra casa em Santo Antônio de Içá com a mãe, Joelma. Foto: Mônica Nobrega/Estadão
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Casal turista observa o encontro das águas da amurada do barco M. Monteiro. Foto: Mônica Nobrega/Estadão
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Logo depois da saída de Manaus, a chuva forte alcança o barco e deixa o mundo em tons de cinza. Foto: Mônica Nobrega/Estadão
Amazônia - Rio Solimões
Mas logo a chuva dá lugar a um belo pôr do sol no rio. Foto: Mônica Nobrega/Estadão
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E na manhã seguinte, o dia amanhece cheio de cores. Foto: Mônica Nobrega/Estadão
Amazônia - Rio Solimões
Os passeios durante o roteiro são feitos em voadeiras, que são pequenos barcos a motor. Foto: Mônica Nobrega/Estadão
Amazônia - Rio Solimões
Já os moradores das vilas, sítios e cidades ribeirinhas se deslocam em canoas, também impulsionadas por motor. Foto: Mônica Nobrega/Estadão
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Osticunas formam uma das maiores comunidades nativas da região do Alto Solimões, com comunidades espalhadas por Brasil, Colômbia e Peru. Aqui, meninos... Foto: Mônica Nobrega/EstadãoMais
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Menino ticuna sobre até a copa de um jambeiro e de lá atira frutas aos visitantes. Foto: Mônica Nobrega/Estadão
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Cerca de 1,5 mil macaquinhos vivem na Isla de los Micos, em Letícia, na Colômbia, o ponto final do roteiro turístico no M. Monteiro. Leia mais novtíci... Foto: Mônica Nobrega/EstadãoMais