Aparecida celebra 300 anos da aparição de imagem de Nossa Senhora

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Santuário Nacional de Aparecida teve recorde de público em 2016 Foto: Bruna Toni/Moto Z Play + Hasselblad True Zoom

APARECIDA - Há muitas maneiras de expressar a fé no Santuário de Aparecida. Visitar a basílica, a maior dedicada à Virgem Maria no mundo, é apenas a mais tradicional delas. A cidade é quase um “parque temático” da devoção, com atrações como museus, cinema 3D, bondinho e, claro, muita história. A infraestrutura também surpreende, com uma rede hoteleira que soma 33 mil leitos – quase a população da cidade.  Os 300 anos da imagem, encontrada por três pescadores nas águas do Rio Paraíba do Sul, serão celebrados com uma programação especial, que ainda não foi totalmente definida. No entanto, uma das mais aguardadas promessas é a abertura da cúpula da basílica, no dia 11 de outubro. Coberta durante nossa passagem pelo santuário, nela estará representada a árvore da vida, compondo com o resto do altar, todo azulejado, uma obra de arte.   

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Com ou sem programação especial, a Basílica de Aparecida pode ser visitada o ano todo. Mais de 25 milhões de tijolos erguem-se em direção às alturas numa franca provocação em nos fazer olhar para o céu. São 72 mil metros quadrados preenchidos com camadas de retângulos avermelhados que, em desalinho, dão corpo à igreja.  A justificativa de seus artesãos e responsáveis para a escolha do material de construção é, antes de tudo, espiritual: “Nós viemos do barro de Deus e para lá vamos voltar”, explica uma das guias, Zenilda Cunha. A justificativa pode até parecer litúrgica demais, mas, no Santuário Nacional de Aparecida, onde está a basílica, há significados em todos os detalhes.  Todo desenhado em ondas de três cores (uma alusão ao movimento do Rio Paraíba), o chão dos corredores externos à basílica, construída entre 1955 e 1980, já indica o mundo de representações que é o Santuário. Seguindo por ele, um círculo cheio de peixes de repente está abaixo de seus pés. À frente, uma das 21 portas que dão acesso à igreja principal construídas no formato de mão – os dedos são os cinco vitrais acima de cada uma delas. Não importa para qual direção se olhe, nem por qual dos quatro lados se escolha adentrar a catedral erguida em formato de cruz, de estilo neo-românico e feita para comportar cerca de 35 mil pessoas. Há sempre algum detalhe para ser notado – especialmente quando se está acompanhado de um guia como Zenilda, que há 10 anos faz o tour que ela chama de “pequena peregrinação”, exclusivo a hóspedes do Hotel Rainha do Brasil. Das laterais, por exemplo, você não enxergará a cruz vazada no centro. Das alas norte e sul, será impossível ver um curioso ponto de luz que parece emanar da imagem da Virgem Maria desenhada bem acima da porta principal, em direção ao altar. Esse jogo de sentidos e luzes da decoração foi escolhido pelo artista plástico Cláudio Pastro, morto ano passado e responsável por dar cores e significados à basílica projetada por Benedito Calixto Neto.

Esse clima se repete ao redor e dentro do santuário, onde estão mais cinco capelas, entre elas a das Velas, uma das três áreas mais visitadas no santuário, ao lado da Sala de Promessas, onde são deixados entre 19 e 25 mil objetos por mês por devotos.

A Basília Velha ainda mantém charme de antigamente Foto: Bruna Toni/Moto Z Play + Hasselblad True Zoom

Tempos modernos. História e diversão se misturam no Memorial da Devoção, com uma proposta mais contemporânea. Ali ficam o Museu de Cera, que retrata personalidades como o papa João Paulo II e o astronauta Marcos Pontes, e o Cine Padroeira. Como pertencem ao grupo Dreams, o mesmo que administra o Museu de Cera de Gramado, as entrada são pagas à parte – o ingresso custa R$ 24; memorialdadevocao.com.br. No Cine Padroeira, o show dura 15 minutos. Em uma sala temática – as paredes são decoradas com árvores, os bancos simulam troncos e a música é Romaria –, conta-se a trajetória dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, do surgimento da imagem nas águas do Paraíba do Sul, passando por milagres e sua proclamação como “Rainha e Padroeira do Brasil”, em 1930, durante o governo Getúlio Vargas. Áreas anexas. Embarcar no bondinho aéreo em direção ao Morro do Cruzeiro também é uma maneira de peregrinar e ter uma bela vista da cidade. Fruto de uma parceria de 2014 com a BonTur, o teleférico conta com 47 cabines que percorrem uma extensão de 1.170 metros, a 685 metros de altitude. Os ingressos custam R$ 28; fecha às terças-feiras.  Chegando ao Morro do Cruzeiro, onde milhares de pessoas se reúnem todos os anos para a Via Sacra na Sexta-feira da Paixão, encontra-se, além da vista, painéis de cimento com as 14 estações da Via Sacra e o cruzeiro de 25 toneladas. Ainda fora do Santuário Nacional, mas parte essencial de sua existência, está o Porto de Itaguassu, onde, diz a história, a imagem de Nossa Senhora teria sido encontrada. Barqueiros fazem o passeio pelo Rio Paraíba até o porto; informe-se no seu hotel sobre saídas e valores.  

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Sala de Promessas do Santuário Nacional recebe milhares de ex-votos todo mês Foto: Thiago Leon/Santuário Nacional

NÃO PERCA:1. Imagem original. Conta-se que o pescador João Alves jogou a rede três vezes no rio: da primeira, veio a imagem de terracota; na segunda, a cabeça da santa; e, na terceira, muitos peixes. A Princesa Isabel virou devota e, em 1888, deu à santa uma coroa de ouro, cravejada de diamantes e rubis, que está ali até hoje. A imagem fica no piso térreo da Basílica.2. Museu de Cera. Guarda estátuas de devotos do passado (como Getúlio Vargas), do presente (Ronaldo) e celebridades religiosas, como Madre Teresa de Calcutá, os papas João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Até 31 de julho, a exposição Didi, o Devoto Trapalhão homenageia Renato Aragão, última estátua inaugurada no museu.3. Basílica Velha. Dá para chegar à igreja erguida entre 1745 e 1888 pela Passarela da Fé ou de carro - são 5 minutos do santuário. Em estilo barroco, a igreja ainda recebe missas.4. Centro de Apoio ao Romeiro. O Centro de Apoio ao Romeiro tem duas praças de alimentação com 380 lojas, presentes religiosos, caixas eletrônicos, parque de diversões e um aquário, além de pontos de informação.   

Quarto do Hotel Rainha do Brasil Foto: José Patrício/Estadão

SAIBA MAIS:Onde ficar. A Pousada do Bom Jesus funciona num edifício do fim do século 19 inspirado no Palácio de Versalhes. Ali se hospedaram Madre Paulina e os papas João Paulo II, Bento XVI e Francisco; diárias a partir de R$ 215. O Hotel Rainha do Brasil pertence ao santuário e foi construído em 2012; fica a três minutos da basílica. São 300 quartos de categoria única e oferece comodidades como a gratuidade do tíquete do estacionamento do santuário ou transfers até ele, visitas guiadas noturnas pelo santuário e visita ao museu de cera. Diárias desde R$ 237.Como ir. De carro são pouco mais de 2 horas a partir da capital seguindo pela Rodovia Ayrton Senna, e há ônibus saindo do Terminal Rodoviário do Tietê diariamente - na Viação Cometa custa em média R$ 46,50. O estacionamento do santuário tem 6 mil vagas e custa, para veículos de passeio, R$ 15 o dia todo. Há também um ponto de táxi dentro do santuário.Pacotes. A CVC leva para a região de Aparecida em setembro. Serão ao todo seis noites, sendo duas em Campos do Jordão, duas em Aparecida e duas em São Paulo – para quem mora na capital, é possível fechar apenas quatro noites. O pacote completo custa desde R$ 1.198 por pessoa e inclui transporte em ônibus de turismo, hospedagens com café da manhã, ingresso para o Memorial da Devoção e, em São Paulo, visita ao Santuário Mãe de Deus, com missa do Padre Marcelo Rossi.

Já a Catedral Viagens montou dois roteiros dentro do 300 anos 300 paróquias, cuja proposta é levar grupos de igrejas para passar quatro noites em Aparecida, com passeios também para Frei Galvão e Campos do Jordão ou para Frei Galvão e Paraty. Os pacotes são personalizados e inclui guia, transporte, ingressos para as atrações e hospedagem com café da manhã e janta. Os preços variam entre R$ 1.499 e R$ 2.500, dependendo do hotel escolhido e da forma de transporte.

Site. a12.com/santuario-nacional.

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