Barcelona: o que fazer (e o que não fazer) em uma primeira visita à cidade

Preparamos um roteiro de quatro dias para iniciantes, com dez cartões-postais da cidade espanhola

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Foto do author Gabriel Pinheiro
Atualização:

Barcelona é um destino único. É difícil comparar a segunda maior cidade da Espanha com qualquer outra metrópole. Sua arquitetura é moldada pelas curvas e cores do mestre do modernismo Antoni Gaudí, com suas casas que mais parecem esculturas, ao mesmo tempo em que convive harmoniosamente com ruelas sisudas e igrejas que remetem a cidades medievais. Nas ruas, a boemia dos bares, as praias badaladas e os muitos parques seduzem rapidamente quem chega. E como não se impressionar com a Sagrada Família? A exuberância da expressão máxima da genialidade de Gaudí faz você ter certeza de que está em uma cidade muito peculiar. Foi assim que me senti em minha primeira visita a Barcelona, em agosto, um dos meses mais quentes do verão espanhol.

Há muito o que ver e fazer na cidade de 4,8 milhões de habitantes. Além do espanhol, as crianças aprendem nas escolas públicas a língua oficial da Catalunha, o catalão. O desejo de se tornar uma nação independente ainda é forte e até mesmo palpável: é comum ver bandeiras da Catalunha (com suas cores amarela, vermelha e azul) nas janelas e sacadas dos prédios de Barcelona. A cidade e seu povo têm personalidade forte, e isso se reflete na arquitetura, gastronomia e até mesmo na devoção pelo futebol do Barcelona, o time estrelado que tem casa na cidade, o lendário Camp Nou.

Fiquei quatro dias em Barcelona. Há quem diga que este é o tempo mínimo para ter uma ideia geral da metrópole. A cidade tem um excelente sistema de transporte público, conta com um metrô eficiente que oferece mais 180 estações para você conseguir desbravar a cidade sem precisar de carro. Se gosta de andar a pé ou de bike, também vai encontrar diversas vias para pedestres e ciclovias, um alento para os turistas. Listamos 10 atrações imperdíveis para quem visita Barcelona pela primeira vez – e também conselhos do que não fazer na cidade. É um roteiro possível, que certamente vai deixar um gostinho de quero mais para você planejar uma segunda viagem.

Bairro Gótico e suas construções medievais Foto: Gabriel Pinheiro/Estadão


Parque Güell

Repleto de cores, o icônico parque é um dos expoentes da obra modernista de Gaudí. Foi construído entre 1900 e 1914, sob encomenda do empresário Eusebi Güell, que planejava fazer do local uma espécie de condomínio para aristocratas, e vendido para a Câmara Municipal da Barcelona em 1922, quando se tornou público. O próprio Gaudí morou por 20 anos em uma casa dentro no parque, que, sem dúvida alguma, é uma das atrações obrigatórias de Barcelona. Não à toa, o parque é considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco desde 1984.

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Park Guell, uma dos cartões-postais de Gaudí em Barcelona Foto: Gabriel Pinheiro/Estadão

Tudo ali parece mágico: são mais de 17 hectares de muita natureza, enormes colunas onduladas, diversas figuras geométricas e muito colorido. A parte mais alta do parque (Turó de les Tres Creus, Calvário das Três Cruzes) oferece uma das melhores vistas da cidade. No dia de sua visita, use calçados confortáveis (o terreno é cheio de subidas e descidas) e compre ingressos antecipados (10 euros para a entrada comum ou 24 euros para a visita guiada, que dura cerca de 1 hora e passa pelas principais atrações) pelo site oficial: www.parkguell-tickets.com.

Sagrada Família

O monumento mais famoso de Barcelona é tão imponente que você vai conseguir avistá-lo de diversos pontos da cidade. O Templo Expiatório da Sagrada Família está em construção há mais de 100 anos e ainda não está pronto. A obra começou em 1882 e foi assumida por Gaudí em 1883, quando tinha 31 anos. O projeto é único e impressiona: não há linhas retas, somente curvas. E muitas cores: a igreja é clara, possui belíssimos vitrais e ecoa música. “A linha reta é do homem, a curva pertence a Deus”, dizia o arquiteto, em uma de suas citações famosas.

A natureza e suas curvas são fonte de inspiração de Gaudí, que está sepultado dentro da Sagrada Família, na capela de Nossa Senhora do Carmo. Sua dedicação ao projeto era tamanha que ele chegou a morar na Sagrada Família em seus últimos anos de vida, mas conseguiu ver pronta somente uma das torres – a ideia é que o templo tenha 18 quando concluído. As obras devem continuar até 2026, centenário da morte do arquiteto. Para a visita, é preciso comprar ingressos antecipados no site: www.sagradafamilia.org (26 euros o tíquete comum e 30 euros a visita guiada).

Sagrada Família, em Barcelona: conclusão das obras está prevista para 2026 Foto: Gabriel Pinheiro/Estadão

Bairro Gótico

Localizado no centro de Barcelona, delimitado por La Rambla, Paseo de Colón e Plaça de Catalunya, o charmoso Barri Gòtic é uma região para ser explorada sem pressa. Andar por suas ruelas antigas é como viajar no tempo: seus becos, praças e catedrais remontam a uma Barcelona medieval, que há muito não existe mais, mas permanece viva ali.

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Suas ruas estreitas e labirínticas (é muito fácil se perder!) dão lugar a atrações como a belíssima Catedral de Barcelona, expoente da arquitetura gótica, a famosa Ponte do Bispo e a Plaza del Rey, sede do Palácio Real na Idade Média. Entre uma andança e outra, aproveite os charmosos cafés, restaurantes e lojinhas que permeiam o bairro histórico.

La Rambla

A rua mais famosa de Barcelona tem nada menos que 1,3 quilômetro de extensão. A principal artéria da cidade começa na Praça Catalunya e vai até o monumento de Cristóvão Colombo. Toda a região é tão movimentada que tanto a via principal quanto as adjacentes são chamadas simplesmente de Las Ramblas (avenidas). É um local altamente turístico, que atravessa o centro da cidade, cheio de lojas, restaurantes e hotéis.

Falando em restaurantes, se você quiser provar peixes e frutos do mar, aqui é uma boa opção. As mesas ficam nas ruas e calçadas (os carros praticamente não circulam pelas Ramblas, graças às restrições da prefeitura) e os estabelecimentos servem pratos bem mais baratos que em lugares mais requintados (nós provamos uma paella bem servida por 12 euros). De noite, a região fervilha com bares e baladas. Não deixe de conhecer o Mercat de la Boqueria, o mercadão de Barcelona, com peixes, frutas e delícias de várias partes do mundo. As Ramblas são servidas por três estações de metrô: Drassanes (Linha Verde, L3), Liceu (Linha Verde, L3) e Catalunya (Linha Verde, L3) e (Linha Vermelha, L1). É um excelente ponto de partida para começar a explorar a cidade.

La Barceloneta, o agito dos bares e cassino

A badalada orla de Barcelona tem praias com águas calmas. A mais famosa delas, Barceloneta, fica lotada de turistas durante o verão. Sua localização central e fácil acesso pelo transporte público (próximo a Las Ramblas, servida pelas estações Barceloneta e Ciutadella do Metrô, Linha Amarela, L4) faz dela um dos maiores destinos turísticos da cidade. O clima é animado, com muita gente correndo no calçadão, bikes na ciclovia, um grande teleférico que oferece uma das vistas mais belas da cidade e diversos bares e danceterias, que funcionam até tarde da noite.

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Aliás, quando a noite cai, o Casino Barcelona, que fica no início da praia, enche de turistas. Este repórter esteve na cidade em pleno European Poker Tour (EPT), uma espécie de Copa do Mundo do pôquer, e viu de perto toda a movimentação do torneio. Várias celebridades, jogadores de futebol (Neymar estava lá) e turistas de todo o mundo se reúnem para arriscar milhares de euros no carteado. Logo após as rodadas do EPT, os bares ao redor do cassino fervilham com festas com a presença dos jogadores, muita música e drinques. É aposta certa para quem gosta de badalação, sabendo jogar ou não — como o meu caso.

Plaça de Catalunya

Considerada por muitos o coração de Barcelona, este oásis verde une o centro antigo e o Eixample, a parte mais nova da cidade. É uma grande praça central, com esculturas, fontes e gramados, agitada a qualquer hora do dia. Por ali você também encontra transporte para várias regiões de Barcelona. Las Ramblas e Passeig de Gràcia começam na Plaça de Catalunya. Muitos shows, exposições e eventos culturais acontecem na praça, que também dá lugar a lojas famosas, como a FNAC e a Apple Store.

Arc de Triomf

Sim, Barcelona também tem o seu Arco do Triunfo! Localizado em uma das pontas do belíssimo Parque da Citadella, o monumento foi construído pelo arquiteto Josep Vilaseca i Casanovas para a Exposição Universal de 1888. Com mais de 30 metros de altura, o arco possui tijolos aparentes e segue o estilo neomudéjar, trazido pelos muçulmanos. À época da construção, a ideia era representar o progresso artístico, científico e militar de Barcelona. Hoje, rende excelentes fotos e, claro, atrai milhares de turistas. Para ir de metrô, desça na estação Arc de Triomf (Linha Vermelha, L1).

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Casa Milá

As chaminés do terraço de La Pedrera, de onde se avista toda a cidade  Foto: Nacho Doce/Reuters
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Também conhecido como La Pedrera (A Pedreira, em catalão), o edifício fica no bairro Eixample e é mais uma das obras que levam a assinatura de Gaudí. O projeto não possui nenhuma linha reta e também é parte do Patrimônio Mundial da Unesco. É considerada uma das obras mais ousadas de Gauldí: está mais para uma grande escultura do que para um prédio. O rooftop é a parte mais incrível da Casa Milá. As chaminés viram esculturas de guerreiros, que deixam o espaço com ares de exposição de arte. Nas noites de verão, ele abriga diversos recitais de música, abertos ao público. Para garantir sua entrada sem fila, a dica é comprar ingresso antecipado pelo site oficial: www.casa-mila.barcelona-tickets.com (25 euros)

Montjuïc

As melhores vistas da cidade e alguns de seus melhores ficam em uma colina a sudoesta de Barcelona, chamada Montjüic (que significa “montanha dos judeus”). A região ainda abriga as principais estruturas dos Jogos Olímpicos de 1992: ali foi o coração da Olimpíada, que remodelou a cidade. Os Jogos foram realizados no Parque Montjuic, onde está a Fundação Joan Miró.

Você consegue passear de graça pelo Estádio Olímpico Lluís Companys, outro cenário olímpico. Até as piscinas usadas para as competições de pólo aquático e saltos ornamentais hoje estão abertas ao público. E a região conta com muito verde: a enorme Plaça d´Espanya tem lindos jardins. De frente para ela você se depara com o imponente Museu Nacional de Arte da Catalunha (MNAC), um dos mais famosos da Espanha.

Poble Espanyol

Ainda em Montjüic, não deixe de conhecer o Poble Espanyol. É um grande museu a céu aberto, construído para a Exposição Universal de 1929, dentro do Parc de Montjuïc. Com mais de 100 construções, entre lojas, restaurantes, praças e cafés, trata-se de um universo à parte com ares de vilarejo, que reproduz a arquitetura de diferentes regiões da Espanha. Tire pelo menos uma tarde para conhecer o local, que tem mais de 49 mil metros quadrados. É um excelente passeio para fazer com as crianças. Se for estender à noite, aproveite os bares e apresentações de flamenco. É possível comprar ingressos antecipados no site: poble-espanyol.com/ (9 euros).

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A Sagrada Família com seus vitrais coloridos Foto: Nacho Doce/Reuters

O que não fazer em Barcelona

1. Ir a uma atração turística sem tíquete antecipado: Dica de ouro da nossa lista, especialmente se você planeja visitar a Sagrada Família ou o Parque Güell. Mesmo que você não esteja visitando a cidade durante a alta temporada (entre maio e setembro), as atrações mais conhecidas são muito disputadas. Antes de sair do hotel, verifique se o local vende entrada antecipada e garanta a sua.

2. Sair despreocupado com seus pertences: Barcelona é uma cidade segura, mas também é conhecida por atrair muitos batedores de carteiras. Fique atento aos seus pertences em lugares que reúnem muitos turistas, como estações de metrô, Las Ramblas, arredores da Sagrada Família, Barceloneta e seus bares, entre outros.

3. Almoçar e jantar cedo: Essa não é bem uma regra: muitos restaurantes, especialmente aqueles localizados em regiões turísticas, funcionam em horário estendido. Mas saiba que é costume esperar até as 14h para almoçar e até as 21h para jantar (pelo menos!). Eles costumam fazer almoços longos, emendando com a famosa siesta – afinal, estamos na Espanha. Com isso, os melhores e mais tradicionais restaurantes não abrem cedo.

4. Falar inglês o tempo todo: Sim, muita gente fala inglês em Barcelona e você não deve ter problemas com o idioma em hotéis, lojas e restaurantes. Mas você será bem recebido em muitos lugares se falar um pouquinho de espanhol. E que tal arriscar algumas expressões em catalão para causar uma boa impressão? Os cordiais “bon dia” (bom dia), “bona tarda” (boa tarde), “bona nit” (boa noite) e “gràcies” (obrigado) já bastam.

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5. Passar sua viagem toda no Bairro Gótico, Las Ramblas e Barceloneta: Esse é o périplo clássico de quem visita Barcelona pela primeira vez. De fato, são regiões belíssimas e que figuram no nosso roteiro, mas a cidade oferece muito mais que isso.

* O repórter viajou a convite do PokerStars.

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