DICAS PARA VIAJAR EM TEMPOS DE CRISE

Dólar alto e orçamento apertado pedem estratégias para não cancelar as férias. Com ajustes e olho atento às promoções, é possível embarcar mesmo em tempos de dinheiro curto

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Piqueniques, como este em Nova York, são boas soluções para economizar Foto: Richard Perry/The New York Times

 

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Atualizado no dia 6 de abril de 2016

Se nos últimos meses as notícias sobre o dólar vinham apontando altas recordistas, em janeiro de 2016, a moeda norte-americana atingiu seu maior valor nominal desde o Plano Real (1994): R$ 4,166 - o dólar turismo chegou a R$ 4,64. Isso, mais o noticiário diário sobre o momento econômico do Brasil (e do mundo) acaba deixando viajantes com uma pulguinha atrás da orelha: como fazer para continuar cultivando o delicioso hábito de cair na estrada diante de fatos econômicos sombrios?  Por enquanto, temos uma boa notícia: a situação no mercado de viagens ainda não é crítica para os turistas. As empresas do setor vêm buscando formas de não perder clientes por meio de promoções. Graças aos descontos, viajar está até mais barato do que no ano passado. Mas claro, com menos dinheiro no bolso, os brasileiros também estão buscando formas de fazer a viagem caber no orçamento. A mais recente Sondagem do Consumidor – Intenção de Viagem, feita pela Fundação Getúlio Vargas para o Ministério do Turismo com mais de 2 mil famílias, detectou disposição ligeiramente menor dos brasileiros de gastar com viagens. Os resultados, referentes a junho de 2015 e comparados ao mesmo mês de 2014, apontam que 22,7% dos pesquisados manifestaram intenção de viajar nos próximos seis meses, contra 24,3% no ano anterior.  O mesmo estudo indicou, neste porcentual disposto a viajar, leve alta (73,3% em junho de 2015, contra 70,9% no mesmo mês do ano passado) nas intenções de viajar pelo Brasil, associada a leve queda na pretensão de ir ao exterior no mesmo período (23,6% contra 26,3%).  “As pessoas estão trocando a viagem dos sonhos pela viagem possível”, diz o vice-presidente de Produtos, Marketing e Vendas da CVC, Valter Patriani. Apesar do momento econômico, a CVC cresceu 12,1% em reservas no primeiro semestre de 2015, em comparação ao mesmo período do ano anterior. LEIA MAIS: Mr. Miles dá razões para viajar na criseDescontos. O setor aéreo é o grande responsável pelo cenário de superdescontos. A onda de promoções “começou em março e continua a acontecer”, de acordo com o diretor regional de Vendas da American Airlines, Dilson Verçosa Jr. Como resposta a uma queda acentuada de vendas de passagens em março e abril, praticamente todas as companhias derrubaram os preços.  “Para Nova York, Orlando e Miami chegamos a ter bilhetes a US$ 380”, disse Verçosa Jr.. Na média de mercado, as passagens para os Estados Unidos em julho custaram 30% menos que o mesmo período do ano passado, informou. “De janeiro até agora não tivemos nenhuma semana sem uma ótima promoção de passagens para os EUA”, disse o editor-chefe do Melhores Destinos, Denis Carvalho, em entrevista no segundo semestre de 2015. Principal plataforma de divulgação de promoções, acompanhamento e análise do mercado aéreo no País, o site existe desde 2008. “Desde que o Melhores Destinos foi criado, nunca aconteceu nada nem parecido”, afirmou. Para Europa e Ásia, embora menos frequentes, os descontos também vêm surgindo. Na CVC, segundo Valter Patriani, uma passagem para Orlando em meados de 2014 custava R$ 2,5 mil, com dólar a R$ 2,40. Hoje, com o dólar na casa dos R$ 3,30, sai por R$ 1,3 mil. Como consequência, caiu também o preço dos pacotes, em média, 30%: para Miami, 5 dias com aéreo e hospedagem baixou de R$ 3.810 em 2014 para R$ 2.554 por pessoa, hoje.  A mesma redução de 30% nos preços pode ser verificada nos pacotes para a baixa temporada brasileira, de agosto a novembro, de acordo com a pesquisa interna da CVC. Por 8 dias em Maceió, com aéreo, hotel e passeios, o custo atual é de R$ 998 por pessoa em apartamento duplo; em 2014, combo idêntico saía por R$ 1.298. Fortaleza tem, hoje, roteiros de 8 dias a R$ 988, contra R$ 1.398 em 2014. E Foz do Iguaçu, com 4 dias, aéreo e passeio, caiu de R$ 938 para R$ 698. 

Queda. Os bons resultados da CVC não se repetiram por todo o mercado. Em média, as agências de viagem nacionais tiveram uma redução de 7% em pacotes comercializados em 2015, informou o vice-presidente de Relações Internacionais da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens) Nacional, Leonel Rossi Junior. Mas a queda foi só na venda de pacotes para o exterior. As vendas para destinos turísticos nacionais ficaram estáveis em relação ao primeiro semestre de 2014.   “No atual cenário, os agentes de viagem têm conseguido negociar com fornecedores, adaptar os roteiros, reduzir sua margem de lucro e, com isso, obtêm descontos de até 30% sem afetar a experiência da viagem”, afirma Rossi Junior. Como se consegue isso? Negociando, eventualmente reduzindo um pouco a categoria do hotel, do carro alugado e trocando os restaurantes incluídos.  Rever os planos de viagem é a ordem do momento. Os gastos dos viajantes brasileiros no exterior, segundo o Banco Central, foram de US$ 9,94 bilhões entre janeiro e junho, contra US$ 12,44 bilhões no mesmo período de 2014, queda de 20,1%. Ainda assim, estamos entre os dez países que mais gastam no exterior, segundo estudo divulgado em abril pela Organização Mundial do Turismo (OMT).  Por enquanto, os números ainda não mostram uma grande disposição em abandonar o projeto férias (que tal usar as milhas acumuladas? Veja nossas dicas em oesta.do/viamilha). E, como estamos aqui para ajudar você a viajar da melhor forma, seja qual for o cenário econômico, reunimos informações, análises e dicas práticas para adequar a viagem ao seu orçamento. Sem que seja preciso desistir dela.  

 

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