Os mais ufanistas costumam dizer que o brasileiro não precisa viajar para o exterior, pois o País tem tantos lugares maravilhosos que poucos privilegiados conseguem conhecer todos, ou pelo menos boa parte deles. Pode ser um exagero, mas não deixa de ser verdade. No entanto, passado mais um ano, chegamos novamente à conclusão de que o potencial turístico do Brasil está, ainda, muito longe de ser explorado adequadamente. Apagão aéreo, mais um trágico acidente de avião, mudança no comando do Ministério do Turismo e, para finalizar, a quebra de mais uma companhia aérea. Chega a ser difícil entender como os brasileiros continuam a viajar pelo País diante de condições tão adversas. E como se mantém o nível - apesar de ainda abaixo do satisfatório - de visitantes internacionais. O ano de 2007 para o turismo nacional pode ser considerado de médio para bom. Mas poderia - e deveria - ter sido excelente. Problemas como os de 2007 afetam não só a hotelaria, mas toda a cadeia produtiva do setor. Os turistas ficam inseguros e suspendem seus planos de viagem, ou procuram se locomover independentemente do transporte aéreo. Existe uma palavra que pode resumir tudo o que precisamos para 2008: credibilidade. O turista precisa saber que terá à disposição uma malha aérea eficiente, bem distribuída e segura. As opções precisam aumentar com a criação de outros hubs, os aeroportos que concentram conexões e distribuem vôos (no Brasil, pense em São Paulo e Brasília). São necessários incentivos para as linhas aéreas regionais, o que tornaria as distâncias mais curtas. Na área internacional, vôos diretos do Rio para Nova York e outros destinos importantes do mundo são necessários para desafogar o congestionado aeroporto paulista. Precisamos de novas entradas no Brasil por Belém e Manaus. E da flexibilização dos vistos - não a extinção - para turistas americanos e canadenses, como forma de incentivo para que venham ao País. O atual cenário do setor no Brasil mostra que ainda não fazemos parte dos países de primeiro mundo do turismo. Somos uma nação emergente. Se houvesse um índice de classificação de investimentos, como na área financeira, os analistas nos colocariam como B+, distante do AAA, maior graduação para investimentos. Existe um longo caminho a ser percorrido. Temos um turismo interno crescente e alguns investimentos bastante representativos no setor. Mas ainda falta incrementar ações com as grandes operadoras internacionais, o que traria um volume considerável de turistas e de recursos para o País. O Brasil oferece atrativos para qualquer investidor internacional, como beleza natural e hospitalidade, além de áreas apropriadas à construção de complexos hoteleiros. Mas as qualidades são, muitas vezes, ofuscadas pelo chamado custo Brasil, que significa gastos maiores que nos destinos de primeiro mundo em aspectos como energia, água, mão-de-obra, impostos, licenciamentos e exigências burocráticas em geral. Essas dificuldades acabam por afastar investidores estrangeiros. Com determinação e confiança no setor, o Iberostar Hotels & Resorts continuará investindo no País. O Brasil é uma das nossas prioridades, pois acreditamos que chegaremos ao índice AAA do turismo. Para isso, não mediremos esforços para ajudar o País a ter cada vez mais unidades hoteleiras à altura de suas belezas naturais incomparáveis. No segundo semestre de 2008 vamos inaugurar, ao lado do Iberostar Bahia, nosso segundo hotel, o Iberostar Praia do Forte, um cinco-estrelas orçado em US$ 80 milhões que faz parte de nosso investimento total de US$ 250 milhões em recursos próprios no litoral norte baiano. Em 2009, a novidade será um complexo de três resorts de nível internacional. * Orlando Giglio Diretor-comercial e de Marketing do Grupo Iberostar Brasil e chairman do Comitê de Turismo e Entretenimento da Amcham-RJ
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