É fato: a Amazônia matogrossense não é o que vem de imediato à cabeça de gringos e brasileiros quando falamos na maior floresta tropical do mundo. Quase todo mundo pensa primeiro na porção amazônica do estado do Amazonas ou, no máximo, do Pará. Mas esse pedacinho da floresta no norte do Mato Grosso não é pouca coisa, não: reúne nada menos que a maior alpha-biodiversidade da Amazônia brasileira.
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Localizada bem na área de transição de biomas com o Pantanal e o Cerrado, é habitat de 1.361 espécies de plantas catalogadas e oito tipos diferentes de vegetação - incluindo cinco novas espécies que foram descritas pela primeira vez pela ciência.
É considerada também um dos melhores lugares da floresta para observação de vida selvagem - principalmente no período da seca, até final de outubro, quando mais espécies podem ser avistadas com facilidade nas margens dos rios.
Foi justamente para tentar proteger esse pedaço tão precioso da Amazônia da exploração predatória que, ainda nos anos 90, a família Da Riva resolveu criar ali um "jungle lodge". Nascia assim o Cristalino Lodge, instalado em meio à floresta, a cerca de 1h de carro mais 30 minutos de barco do aeroporto de Alta Floresta/MT (hoje servido tb por voos regulares da Azul) - que há dez anos chegou a ser listado entre os melhores ecolodges do mundo pela National Geographic.
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A maior alpha-biodiversidade da Amazônia brasileira
Com ele nasceu também a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Cristalino, batizada em homenagem ao rio homônimo que a atravessa - e cuja área total aumentou impressionantemente ao longo das suas décadas de fundação.
Dos pouco mais de 700 iniciais, passou hoje para exatos 11.399 hectares de área protegida - território seis vezes maior do que o Arquipélago de Fernando de Noronha. Que deram depois origem também à Fundação Ecológica Cristalino, para promover a pesquisa científica na reserva e trabalhar a educação ambiental regional.
Embora o lodge continue muito semelhante ao que era no princípio, a importância da reserva cresceu enormemente de lá pra cá. Já nos anos 2000 o governo criou o Parque Estadual Cristalino, literalmente anexo à reserva. Juntos, funcionam como um impressionante corredor de vida selvagem para a incrível diversidade de espécies endêmicas da região.
Trata-se de um pedaço amazônico mais tranquilo, silencioso, "vazio"; nos passeios diários que o lodge oferece aos hóspedes, sempre em grupos pequenos de no máximo 8 pessoas cada, é muito raro cruzarmos com qualquer outra embarcação.
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Como é se hospedar no Cristalino Lodge
Até hoje, somente 2 hectares da Reserva do Cristalino foram utilizados para a área do lodge em si, com arquitetura, construção e operação sustentáveis (só falta deixar urgentemente de servir água com gás em garrafas de plástico!).
São apenas 18 acomodações independentes e confortáveis, mais restaurante, deck flutuante e áreas de convívio social - mas deve ganhar piscina e academia(um pedido dos hóspedes brasileiros, que viraram maioria por ali durante os primeiros anos da pandemia).
Nas estadias por ali, transfers ida e volta ao aeroporto de alta floresta, passeios diários e pensão completa com bebidas sem álcool estão incluídos em todas as diárias. É a oportunidade de conhecer, com segurança, aventura e conforto, um dos lugares mais impactantes do mundo.
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Famílias com crianças, casais, grupos amigos e viajantes solo, brasileiros e estrangeiros, todo mundo se encontra por ali, numa mistura interessante de perfis de viajantes - e também de staff, incluindo moradores das comunidades mais próximas mas também biólogos brasileiros e estrangeiros.
As refeições são dos pontos altos do lodge, elaboradas com ingredientes locais muito frescos e saborosos. A arquitetura sustentável da propriedade utiliza sistemas de tratamento dos efluentes cinzas e negros, aquecimento solar da água, técnicas de permacultura, energia solar, reciclagem e separação dos resíduos e atividades turísticas de baixo impacto.
Além dos passeios pelos rios e floresta adentro, o Cristalino Lodge construiu também duas torres de observação de 50 metros de altura cada na reserva, proporcionando vistas impressionantes da floresta e dos animais lá do alto - principalmente ao amanhecer, um programão imperdível.
Em pequenas trilhas, caminhadas, muuuuitos passeios de barco (sempre meus favoritos!) ou caiaque, tive a sorte de ver uma infinidade de pássaros, mais anta, porco selvagem, lontra, ariranha, macaco, jacaré e capivara. Além, é claro, de árvores centenárias, lagoinhas, praia de rio, a beleza onipresente dos rios - só faltam as visitas a comunidades ribeirinhas e aldeias locais, que por ali não existem. Uma viagem realmente memorável.
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Vale saber
Como no norte da Amazônia, a porção matogrossense também tem dois "períodos" climáticos: a época da cheia (de novembro a maio, com a floresta alagada e os rios de água cristalina) e da seca (podendo aproveitar as prainhas, visualizar bem as rochas nos rios, céu muito azul de dia e estrelado à noite, e mais chances de avistamentos de mamíferos nas margens).
A temperatura não muda muito ao longo do ano e durante o dia faz sempre bastante calor (à noite pode ficar mais fresco durante o nosso inverno). E as chuvas podem acontecer ao longo do ano todo, embora sejam muito mais fortes e frequentes de dezembro a março.
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