São infinitas as maravilhas da savana. Como alguém que anualmente se dedica a diferentes experiências de safári na África - uma das minhas maiores paixões de viagem -, não hesito em afirmar: a Botsuana é garantia de alguns dos melhores avistamentos de vida selvagem que você terá na vida.
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Não é à toa que quem viaja ao país quer mesmo fazer safáris em sequência. Há profusão de leões, búfalos, elefantes e hipopótamos em todo canto (para você ter uma ideia, estima-se que quase 25% dos elefantes do planeta habitem a Botsuana).Leopardos também não são raridade, rinocerontes estão sendo reintroduzidos com sucesso em várias regiões.

Fiquei realmente apaixonada pelos safáris na Botsuana desde a minha primeira visita, há vários anos. E foi um prazer imenso regressar ao país em dezembro de 2024 para mais uma imersão no mundo dos safáris por ali.
Desta vez, com um gostinho especial: estava em uma viagem toda organizada pela Wilderness, hoje líder mundial em conservação e hospitalidade, operando mais de 60 camps/lodges espalhados por mais de 6 milhões de acres de terras remotas e preservadas em 8 países africanos.

Foi na Botsuana que a história da Wilderness começou, ainda em idos de 1983, com um grupo de jovens rangers africanos se unindo para criar um negócio de turismo sustentável no país, em uma época em que esse tipo de turismo nem era discutido oficialmente.
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O imbatível Wilderness Jao
Hoje, cerca de 38% do território da Botsuana são exemplares reservas de conservação ambiental e de vida selvagem. Com seu modelo de turismo regenerativo focado em alto custo e baixo volume, a Botsuana é também conhecida por ter algumas das mais luxuosas experiências de safári da África.
E o Wilderness Jao, o primeiro safári lodge de luxo do país, engrossa esse modelo até hoje. E ali a vida pulsa; em todo canto, o tempo todo.
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Localizado no coração do Delta do Okavango, Patrimônio Natural da Unesco, o fascinante entorno do Jao é como um pequeno Éden tomado por rios, canais, lagos, pântanos e até ilhotas, tomados de uma fartura impressionante de espécies animais - muitos deles, aliás, desfilavam frequentemente diante da minha acomodação (incluindo leões e elefantes).

Elegante e sofisticado, sem deixar de ser essencialmente africano, o Wilderness Jao Camp tem uma fascinante arquitetura de pés direitos altíssimos, materiais majoritariamente locais e naturais e acomodações todas em formato vila privativa, como se fossem as mais luxuosas "casa de árvore" do planeta.
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Atualmente, são apenas cinco suítes (todas com ambientes de living, cozinha, área de refeições, quarto e dois banheiros, além de amplo deck com jacuzzi privativa) e duas vilas ainda maiores com estrutura independente, mais focadas em famílias.

Todos os ambientes têm paredes de tela ou vidro para que absolutamente tudo da vida selvagem do lado de fora seja avistado facilmente do lado de dentro, seja na cama, no sofá ou mesmo no banheiro.
A grande área principal do Wilderness Jao, à qual todas as acomodações são conectadas por deliciosas passarelas suspensas de madeira, concentra bar, restaurante, lounges internos e externos e uma grande biblioteca, com um imponente esqueleto de girafa no centro. E ainda tem spa e uma piscina pública, debruçada sobre a savana, que merece muitas visitas.
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O serviço, do housekeeping aos safáris, é impecável. As refeições são todas à la carte, absolutamente saborosas e bem apresentadas, acompanhadas de excelentes vinhos e drinks. E o melhor: são servidas sempre no horário que o hóspede quiser - e inclusive em sua acomodação, se você preferir.
A menos, é claro, que sejam surpresa, como aconteceu no meu café da manhã em plena savana, com direito a massagem nos pés enquanto avistava elefantes, zebras e antílopes bem à minha frente.
Cada saída para safári com o genial guia Mesh foi um espetáculo à parte, com avistamentos impressionantemente fartos e excitantes, envolvendo as mais diversas espécies, de leões, leopardos e elefantes a búfalos, hipopótamos e até cachorros selvagens. Um safári camp realmente inesquecível.
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A tradição dá o tom no Duma Tau
A bacia do rio Linyanti é outra das mais disputadas regiões da Botsuana para safáris, também graças à fartura e variedade de avistamos de vida selvagem que oferece. Uma região abundante em água, com várias lagoas, canais e rios (sendo os principais o Kwando e o Linyanti).
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Foi ali, mesmo no auge da seca que acometia o país desde o começo da primavera passada, que finalmente encontrei fartos cursos d'agua com suas margens tomadas por animais.

E é bem ali que fica o belo Wilderness DumaTau Camp, localizado idilicamente à beira-rio e com arquitetura, décor e operações bem tradicionais. Seu nome significa "rugido do leão", fazendo jus aos arrepiantes e excitantes rugidos que ouvimos com frequência por ali.
Rodeado por vegetação exuberante, possui apenas oito suítes, todas com deliciosos decks com piscinas privativas com vista para o rio, com trânsito constante de distintas espécies animais entre elas, sobretudo à noite (dormi com o ronronar dos hipopótamos todas as noites).
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Do meu deck, assisti a inúmeras travessias de enormes manadas de elefantes (a região do lodge tem a maior concentração de elefantes da África) passando de um lado a outro do rio.
Dada sua localização privilegiada à beira-rio, o hotel oferece, além dos safáris tradicionais, passeios em lanchas e barcos. Um dos passeios que fiz foi uma deliciosa happy hour sobre as águas, bem ao pôr do sol, com fartura de hipopótamos ao redor.
Também jantei todas as noites à beira-rio, sob um céu surrealmente estrelado, acompanhada de excelentes vinhos sul-africanos. A gastronomia da casa é extremamente saborosa.
Aliás, no Wilderness DumaTau está tudo incluído também, das refeições à la carte aos dois safáris diários, do caprichado minibar das acomodações ao impecável serviço de lavanderia. Nossa única preocupação por ali é contemplar a vida selvagem em plenitude, o tempo todo.
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Foco na preservação
Os camps da Wilderness, divididos em três categorias bastante diferentes entre si (Classic, Classic+ e Premium), contemplam distintos perfis de turistas (e de budgets de viagem). Em comum, contam sempre com poucas acomodações, número limitado de hóspedes, localizações remotas e empreendimentos super sustentáveis, com mínimo impacto ambiental.
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Dentre diversas outras opções em safari lodges da Wilderness na Botsuana, a companhia inaugurou recentemente o Wilderness Mokete, por enquanto a única opção de hospedagem turística em sua região da Mababe Depression.

Em ambiente remoto e selvagem, o novo camp está rodeado por alguns dos maiores rebanhos de búfalos (em quantidades realmente impressionantes) e dos mais extensos bandos de leões do continente africano (um deles chega a vinte integrantes!).
E os encontros entre essas das espécies são frequentes - e cheios de emoção. Ali testemunhei tanto búfalos sendo vítimas de famintos leões como os felinos sendo violentamente enxotados pelos rebanhos, em coreografias espetaculares da natureza.
Mesmo sendo um camp bem mais simples que seus irmãos supracitados, com refeições todas em compactos buffets e design contido, o Wilderness Mokete tem todas as inclusões básicas de todos os camps de Wilderness (como dois safáris e três refeições ao dia, bar aberto, lavanderia).
As acomodações, bastante espaçosas e em estilo tenda, são apenas nove no total. E todas contam com plunge pool privativa e teto retrátil, sempre rodeadas de vida selvagem.
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Em todos os empreendimentos da Wilderness, energia em geral e aquecimento da água funcionam à base de painéis solares. Há sistemas especiais paraaproveitamento eficiente da água, construções com mínimo impacto e foco no turismo regenerativo, inclusive na absorção de mão de obra e no cuidado com pessoas e culturas - um modelo de turismo fundamental para proteger as últimas regiões selvagens do mundo e suas comunidades locais.
A Wilderness, hoje comprometida com a preservação ambiental e animal em 2,3 milhões de hectares em oito países africanos, espera dobrar essa área de terra protegida, chegando a mais de 5 milhões de hectares protegidos até 2030.
Tendo como pilares Educar, Capacitar e Proteger, entre seus projetos se destaca o programa Children in the Wilderness (CITW), que há mais de 20 anos impacta a vida de crianças de zonas rurais africanas.
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Dica extra
Pela logística dos safari camps da Botsuana, a maioria acessível via voos em pequenas aeronaves ou helicópteros, é bastante comum que, para acomodar a disponibilidade deste tipo de voo com os horários de chegada e partida dos voos internacionais, viajantes tenham que fazer um pernoite na chegada ou na partida na cidade de Maun, que tem um dos principais aeroportos do país.
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Neste caso, achei bastante interessante a possibilidade de hospedagem no hotel, Grays Eden, localizado a curta distância do aeroporto e na região central de Maun.
Acho que este hotel boutique funciona tanto para ajustar itinerários a horários de voos como também para relaxar um pouco na volta, após tantos dias de safári e despertar na madrugada. A propriedade tem uma deliciosa piscina e um belo restaurante (mas recomendo reservar as vilas, já que as cottages ainda não contam com ar condicionado).

Como a Wilderness é operadora (consulte seu agente de viagens), consegue cuidar da viagem inteirinha (incluindo hospedagem, voos, transfers, layovers etc). Isso resulta em itinerários mais personalizados e stress free, porque a gente sabe que cuidarão de qualquer eventualidade rapidamente (meu roteiro, por exemplo, teve que ser refeito na marca do pênalti, devido ao cancelamento de um voo de última hora).
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Como chegar
Voei do Brasil ao continente africano com a South African Airways . A SAA é a mais antiga companhia aérea voando continuamente para o Brasil e o principal elo de conexão turística e de negócios entre o Brasil e a África. Tem duas rotas diferentes ligando Brasil (São Paulo) e África do Sul (Joanesburgo e Cidade do Cabo) várias vezes por semana. E agora voa nestas rotas com os novos A330-300, que trazem uma Classe Executiva redesenhada e muito mais gostosa e confortável.
Os pequenos aviões da Wilderness Air, todos com prefixos homenageando distintas espécies animais das savanas, fazem os impecáveis transfers entre Maun e os safari camps da Wilderness.
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