Ulan Bator, a capital que se deslocou

Os moradores seguiam para outra localidade quando ficavam sem alimentos. No total, foram 25 mudanças e 400 km

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Ulan Bator, a capital da Mongólia, é a faceta ansiosa por modernidade de um país ainda essencialmente rural. Um balaio que reúne concreto e sujeira, palácios majestosos e os primeiros edifícios envidraçados de muitos metros de altura, templos budistas e tendas nômades, lojas de souvenir de gosto duvidoso e restaurantes que servem ótima comida em ambiente kitsch. Lar de 1 milhão de mongóis, ou 40% da população do país. A gênese da cidade não poderia ser mais adequada. Ela nasceu a partir de um acampamento nômade, no século 17, e "viajou" 400 quilômetros ao longo de sua história. As primeiras tendas reuniram-se ao redor do Monastério de Da Khuree, residência do então líder budista, o menino Zanabazar, a oeste da localização atual, na Província de Arkhangai. Fácil de transportar, a vila mudava de lugar cada vez que a grama secava e os animais ficavam sem alimento. Um século e meio e 25 mudanças depois, chegou à localização que tem hoje. As gers brancas ainda fazem parte da paisagem da capital, mas cerca de metade dos habitantes vive em blocos de prédios baixos de arquitetura tipicamente russa, em apartamentos de dois ou três cômodos. A arquitetura, aliás, é um registro eloqüente da salada de influências que a Mongólia passou a receber do exterior depois do fim do comunismo. Um passeio a pé é suficiente para ver prédios comerciais com fachada de granito não muito distantes da Universidade Nacional da Mongólia, cujo pátio interno faz pensar nas villas italianas. Não custa lembrar que visitas guiadas e audioguias em inglês são luxos de locais com muita experiência em receber estrangeiros. Não é o caso de Ulan Bator. A maioria dos ônibus tem letreiros escritos no alfabeto cirílico, o da Rússia, e poucos taxistas sabem inglês. A melhor providência é contratar um guia. O Centro de Informações Turísticas indica profissionais que falam o idioma. Fica na Peace Avenue, perto da Praça Sükhbaatar, a mais importante da cidade, que termina no imponente Palácio do Governo. PALÁCIOS, MONASTÉRIOS... A construção foi terminada em 2006, a tempo de comemorar o aniversário de 800 anos da fundação do Império Mongol. No meio da fachada de mármore e vidro há uma escultura de bronze de Gêngis Khan, o primeiro monumento que o país dedica ao herói nacional. Na mesma praça fica o Palácio da Cultura, que abriga espetáculos e um bom café. O ponto merecidamente mais visitado é o Zaisan Memorial, um monumento erguido no alto de uma das colinas ao sul para homenagear soldados russos. O mural que retrata a amizade entre as duas nações é realmente bonito, mas o melhor do local é a vista panorâmica da cidade e do rio que a corta, o Tuul Gol. Aos pés da montanha fica o Buda Parque, sem árvores nem sombra, mas visita obrigatória para uma foto da estátua dourada de Buda de 16 metros. Saia dali direto para o Palácio de Inverno Boghd, que foi a residência do último rei da Mongólia, Jebtzun Damba Hutag, hoje transformado em museu. É o lugar mais bonito e tranqüilo de Ulan Bator. Há coleções de presentes que o rei ganhou de soberanos amigos, como carruagens e móveis. Os dez templos do Monastério Gandantegchenling, um dos maiores da Mongólia, são outro exemplo de construção típica. O nome do local pode ser traduzido como "o grande templo da completa alegria". Dependendo da temperatura, essa alegria pode vir na forma de alguns bancos e um pouco de sombra, coisa rara na cidade. Ulan Bator tem alguns museus que merecem a visita. O melhor deles é o de História Natural, que já valeria a pena só por dar ao turista a chance de conhecer uma construção comunista por dentro, com seus opressivos tetos baixos. As sessões relativas à fauna parecem um zoológico de animais embalsamados. E há um setor dedicado a fósseis de dinossauros encontrados principalmente no Deserto de Gobi, a melhor parte do museu. Centro de Informações Turísticas: tel.: (00--976-11) 311-409 Palácio da Cultura: Ikh Surguuliin Gudamj. Tel.: (00--976-11) 321-444 Palácio de Inverno Boghd: Chingisiin Örgön Chölöö. Ingresso: 2.500 tugriks (R$ 3,50); fotos: mais 10.000 tugriks (R$ 14) Monastério Gandantegchenling: Gandantegchenling Khiid. Entrada: 2.500 tugriks (R$ 3,50) mais 5.000 tugriks (R$ 7) para fotos Museu de História Natural: tel.: (00--976-11) 321-716. Ingresso: 2.500 tugriks (R$ 3,50) e fotos, 5.000 tugriks (R$ 7)

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