JUNDIAÍ - Muita coisa mudou em Jundiaí desde que o italiano Antônio Brunholi, precursor da Villa Brunholi, a maior adega da cidade a 50 quilômetros de São Paulo, desembarcou no porto de Santos e foi parar no interior paulista. Era 1889 e a viticultura lá estava apenas começando.
Mais de um século depois, essa história volta a ganhar importância econômica para a cidade, dessa vez pelo lado turístico. Expressão disso é a Rota da Uva, criada em 2015 numa tentativa de resgatar os parreirais e driblar a pressão da especulação imobiliária sobre as propriedades familiares, cujas raízes (e nomes) estão diretamente ligadas ao campo e à cultura italiana.
São 27 estabelecimentos, entre sítios, adegas, restaurantes e lojas. Tudo pode ser visitado por conta própria ou com a equipe da Rota da Uva, que busca na estação de trem – o Expresso Turístico da CPTM vai a Jundiaí no segundo sábado do mês – e faz o tour de um dia (pede-se a contribuição de R$ 20). Confira a seguir alguns dos pontos mais interessantes. Mais:
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SÍTIO VENDRAMIN
Nossa primeira parada foi para o café da manhã. Recepcionados pelas irmãs Sandra e Vera Vendramin, responsáveis pelo sítio e pela adega ao lado da mãe, Durvalina, visitamos antes um pequeno espaço da casa que funciona como museu e preserva objetos cotidianos antigos, de ferramentas usadas na roça a fotografias de família. À mesa, sucos, doces, cafezinho e um delicioso pão de uva – feito com uva natural, não com geleia, como se poderia pensar (R$ 27 por pessoa, com agendamento). Antes de ir embora, um pulinho em sua adega, com vinhos a partir de R$ 16. Diariamente, das 8 às 18 horas;
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VILLA BRUNHOLI
Quando foi criada, no início do século 20, a Villa Brunholi dedicava-se só à viticultura. Hoje, o espaço é um complexo turístico bem estruturado, com minifazenda, museu, restaurante e, claro, adega. Na entrada, um tonel de 6 metros de altura e capacidade para 110 mil litros abriga o Museu do Vinho, onde é possível conhecer mais da história dos imigrantes italianos que se fixaram na região, como os próprios Brunholi. Seu restaurante, bom e barato, funciona no esquema à la carte – o prato mais pedido é o filé mignon à parmegiana (R$ 38). Experimente (e leve) a caipirinha da casa. De terça a domingo;
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FONTEBASSO
As três gerações de Fontebasso que se fixaram em Jundiaí a partir do começo do século 20 têm, além de seus parreirais, muita história para contar. A visita à adega da família, aliás, é a mais interessante para quem quer percorrer as plantações e conhecer os diferentes tipos de uva – para cada um, é ideal ver de perto sua fermentação para a produção de vinho. O indicado é ir na época da colheita, mas a visita guiada por Rodinei, o mais novo na árvore genealógica, ocorre o ano todo. Lá há vinhos desde R$ 17. Abre todos os dias;
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CACHAÇARIA CASA GRANDE
Pode chamar de Cachaçaria Casa Grande ou Espaço Valsanglau quando procurar pela propriedade do casal Valmir e Santina de Souza, que saem da tradicional produção de vinho da região para fazer e vender aguardente. Ali, eles produzem dezenas de tipos de cachaça com a cana trazida do maior alambique da empresa, que fica em Bueno Brandão, em Minas Gerais. Entre os sabores mais inusitados estão café, rapadura e hibisco – cada garrafa custa R$ 15. Também dá para almoçar no local e levar de presente produtos artesanais da loja. Só abre aos domingos, das 11 às 16 horas;
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POR FALAR EM UVA
A simpática Dona Nilce está sempre a postos em sua barraca de frutas charmosa na Avenida Humberto Cereser. No espaço decorado com cortininhas, vende caixas de uva, morangos, laranjas, maracujás e outras frutas da época, além de geleias e mel. Abre toda sexta e em fins de semana e feriados;
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KIOSQUE ROSEIRA
Recém-inaugurado, o quiosque da Dona Durvalina continua vendendo frutas, mas agora tem mesas e um cardápio recheado, com destaque para a coxinha de mandioca (R$ 5). Abre de segunda a sexta;
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