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Nascido em 31 de outubro de 1902, há 122 anos, Carlos Drummond de Andrade registrou em seus poemas angústias universais sobre a condição humana. Confira versos retirados de Claro Enigma (1951)
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“Não amei bastante sequer a mim mesmo, / contudo próximo. Não amei ninguém. / Salvo aquele pássaro – vinha azul e doido – / que se esfacelou na asa do avião”
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“Amar o perdido / deixa confundido / este coração. / Nada pode o olvido / contra o sem sentido / apelo do Não. / As coisas tangíveis / tornam-se insensíveis / à palma da mão. / Mas as coisas findas, / muito mais que lindas, / essas ficarão”
Foto: Arquivo/Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa
“Cada dia que passa incorporo mais esta verdade, de que eles não vivem senão em nós / e por isso vivem tão pouco; tão intervalado; tão débil. / Fora de nós é que talvez deixaram de viver, para o que se chama tempo”
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“A madureza, essa terrível prenda [...] / sabe o preço exato / dos amores, dos ócios, dos quebrantos, / e nada pode contra sua ciência / e nem contra si mesma. O agudo olfato, / o agudo olhar, a mão, livre de encantos, / se destroem no sonho da existência”
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“Deus me deu um amor no tempo de madureza, / quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme. / Deus – ou foi talvez o Diabo – deu-me este amor maduro, / e a um e outro agradeço, pois que tenho um amor”
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“Que pode, pergunto, o ser amoroso, / sozinho, em rotação universal, senão / rodar também, e amar? / amar o que o mar traz à praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, / é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?”
Foto: Nem de Tal/Estadão
“Todos vêm tarde. A terra / anda morrendo sempre, / e a vida, se persiste, / passa descompassada, / e nosso andar é lento, / curto nosso respiro, / e logo repousamos / e renascemos logo. / (Renascemos? talvez)”
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“Bem quisera escrevê-la / com palavras sabidas, / as mesmas, triviais, / embora estremecessem / a um toque de paixão. / Perfurando os obscuros / canais de argila e sombra, / ela iria contando / que vou bem, e amo sempre / e amo cada vez mais / a essa minha maneira / torcida e reticente, / e espero uma resposta / mas que não tarde [...]”
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Gabriela Caputo