Foto: Beto Barata/Agência Estado
Psicólogo Daniel Kahneman, ganhador do Nobel de Economia, foi um dos pioneiros dessa área; ele morreu em março de 2024, aos 90 anos
Foto: JF Diorio/Estadão
Por que a dor de perder R$ 100 é muito maior do que o prazer de ganhar o mesmo valor? O psicólogo Daniel Kahneman, que morreu em março de 2024, aos 90 anos, se dedicou a questões como essa, ajudando a estabelecer a área da economia comportamental - e recebendo um Nobel por isso.
Foto: Marcelo Chello/Estadão
Kahneman era psicólogo - ele nunca fez um curso de economia, mas revolucionou a área, ao passar a considerar os aspectos psicológicos na análise das decisões econômicas. Seu trabalho, realizado em colaboração com o também psicólogo Amos Tversky, demonstrou até que ponto as pessoas abandonam a lógica e tiram conclusões precipitadas.
Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Kahneman se dedicou a desmascarar o “homem econômico”, considerado racional, que age por interesse próprio. Em vez disso, ele descobriu que as pessoas confiam em atalhos intelectuais que levam muitas vezes a decisões equivocadas e que vão contra seus próprios interesses. A pesquisa teve impacto em campos que vão do esporte à saúde pública.
Foto: JF Diorio/Estadão
Para ele, a mente tem dois sistemas: sistema 1, no qual age rápido, com muita intuição, impressões e reações emocionais; e sistema 2, no qual funciona de forma analítica e racional, demandando esforço cognitivo. Na maior parte do tempo, a mente trabalharia no sistema 1, tirando conclusões com base em intuição, vieses e qualquer coisa que acelere o julgamento. Ele dizia que as pessoas consideram o esforço cognitivo desagradável - e, por isso, o evitam.
Foto: JF Diorio/Estadão
Com Tversky, Kahneman realizou diversos experimentos para demonstrar esses vieses cognitivos. Assim, eles concluíram, por exemplo, que as pessoas são mais do que apenas avessas a riscos - são avessas a perdas: a dor de perder R$ 100 é muito maior do que o prazer de ganhar o mesmo valor.
Foto: Daniel Teixeira/Estadão
A teoria da aversão à perda sugere que é tolice verificar a carteira de ações com frequência, por exemplo: a predominância da dor da perda provavelmente levará a uma cautela excessiva e talvez autodestrutiva. Outra descoberta foi o efeito do enquadramento (framing effect): a depender de como um problema se apresenta (como uma perda ou como um ganho), a tomada de decisão será alterada.
Foto: Beto Barata/Agência Estado
Kahneman ganhou o Nobel em 2002, “por ter integrado conhecimentos da pesquisa psicológica na ciência econômica, especialmente no que diz respeito ao julgamento humano e à tomada de decisões sob incerteza”, disse na época a organização. Seu principal colaborador, Tversky, havia morrido em 1996 e o Nobel não é concedido postumamente.
Foto: Beto Barata/Agência Estado
Quer saber mais sobre a economia comportamental e sobre Daniel Kahneman?
The Washington Post e The New York Times