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Cabeleireiro. Atenção para o i.

Caber. Conjugação. Pres. ind.: Caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem. Pret. perf. ind.: Coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam. M.-q.-perf. ind.: Coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis, couberam. Imp. subj.: Coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis, coubessem. Fut. subj.: Couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem. Não tem imperativo. Os demais tempos são regulares. (Particípio: cabido.)

Cabo. Inicial maiúscula: Cabo da Boa Esperança.

Cabo eleitoral. Sem hífen.

Cabul. Escreva desta forma o nome da capital do Afeganistão.

Cacoete. Significa tique, mania. Por isso, é inadequado escrever que um jogador "não tem cacoete de atacante".

Cacófato. É o encontro de sílabas, em palavras diferentes, formando som desagradável ou palavra obscena. Não deve constituir preocupação obsessiva de quem escreve, mas há cacófatos perfeitamente evitáveis, como por razões (por motivos), triunfo da (vitória da), etc.

Eis alguns casos que ocorrem com freqüência e, entre parênteses, opções para contorná-los: paraninfo de ou da, bafo de ou da (hálito de ou da), boca dela (sua boca), de então (daí, dessa época), já nela, por rádio (pelo rádio), por radiação (pela radiação), por razões (por motivos), por cada (para cada, por), conforme já, o time já, deu-me já, critica Garcia, Lorca ganha, marca gol, nunca gostou (jamais gostou), confisca gado, critica governador, ela tinha, só linha, etc. Se necessário, mude a estrutura da frase para fugir, pelo menos, aos mais flagrantes.

Cada. 1 - Acompanha um substantivo, outro pronome ou numeral e, no uso correto, indica diversidade de ação: Usa cada dia (um dia um, outro dia outro) um terno diferente. / Cada jornalista tem seu estilo. / Cada macaco no seu galho. 2 - Se a ação for a mesma, deve-se usar todo: Faz a barba todo dia (em vez de cada dia)./ Estuda inglês todo dia (e não cada dia). / Muda de casa todo ano (e não cada ano). 3 - Não pode ser usa-

do antes de plural (cada férias, cada óculos, cada núpcias), mas apenas antes de numeral: cada 3 dúzias, cada seis pessoas, cada 30 dias. Concordância, neste caso: Cada 3 dúzias custam... / Cada seis pessoas vão... / Cada 30 dias representam... 4 - Pode combinar-se com qual e um, quando falta o substantivo: Cada qual sabe o que fazer./ Venha cada qual com seu par./ Cada um herdará duas casas. / Veja se cada uma sabe como agir. 5 - Cada um é também a forma correta nas referências a valores expressos anteriormente: As blusas custam 40 reais cada uma (e não 40 reais cada)./ Vendia livros a 30 reais cada um (e não a 30 reais cada). 6 - Não se usa cada um, porém, antes de substantivos que indicam valor ou medida: Cada hora (e não cada uma hora), cada real (e não cada um real), cada quilômetro, cada quilo, cada ano, etc. A razão: cada já encerra a idéia de unidade.

Cada qual. Verbo na terceira pessoa do singular quando cada qual resumir uma enumeração: Médico, jornalista, engenheiro, cada qual tem sua ética.

Cada um. Verbo na terceira pessoa do singular: Cada um deles tem seu quarto. / Cada um de nós trabalha em empresas diferentes. / Cada um de vós será chamado a opinar. A concordância é a mesma se cada um resume uma enumeração: Pai, mãe, filho, cada um tinha seu quarto.

Cães. Ver animais.

"Cafetão". Vulgaridade. Use cáften.

Cair. Conjugação. Pres. ind.: Caio, cais, cai, caímos, caís, caem. Imp. ind.: Caía, caías, caía, caíamos, caíeis, caíam. Pret. perf. ind.: Caí, caíste, caiu, caímos, caístes, caíram. M.-q.-perf. ind.: Caíra, caíras, caíra, caíramos, caíreis, caíram. Fut. pres.: Cairei, cairás, cairá, cairemos, caireis, cairão. Fut. pret.: Cairia, cairias, cairia, cairíamos, cairíeis, cairiam. Pres. subj.: Caia, caias, caia, caiamos, caiais, caiam. Imp. subj.: Caísse, caísses, caísse, caíssemos, caísseis, caíssem. Fut. subj.: Cair, caíres, cair, cairmos, cairdes, caírem.

"Cair geada". A geada não cai, embora alguns dicionários usem o termo nesse sentido. Ela é produto da condensação das gotas de orvalho na planta. Escreva, por isso, formar-se geada ou gear.

Caixa. 1 - A palavra é feminina quando designa seção, repartição ou órgão: Foi até a caixa. / A Caixa Econômica. 2 - Como livro de escrituração,

tem o gênero masculino: Registrou as despesas no caixa. 3 - Por fim, se se refere ao funcionário, concorda com o sexo deste: Ele é o novo caixa do banco. / Ela era a caixa da empresa.

Caixa de... O outro elemento vai para o plural: caixa de fósforos, caixa de palitos, caixa de sapatos, etc.

Calda, cauda. Calda - solução de açúcar: calda de caramelo. Cauda - rabo, apêndice: cauda do macaco, piano de cauda.

Câmara. A casa do Congresso chama-se, oficialmente, Câmara dos Deputados (e não "Câmara Federal"). Os vereadores são membros da Câmara Municipal. Pode-se usar Câmara, apenas, desde que fique claro a qual delas o texto se refere.

Câmera. Designe desta forma o aparelho fotográfico, de cinema, de vídeo, etc. Escreva, no entanto, música de câmara e não de câmera.

Caminhoneiro, caminhonete. Use estas formas em lugar de camioneiro e camioneta.

Campeonato. Inicial maiúscula: o Campeonato Brasileiro de Futebol, o Campeonato Paulista, o Campeonato Gaúcho, o Campeonato Espanhol, etc.

"Campesinato", campesino. Campesinato não existe em português (use categoria rural ou os trabalhadores rurais) e campesino deve ser substituído por agrícola, rural ou campestre, conforme o caso.

Camponês. Quando se tratar do Brasil, substitua a palavra por lavrador, agricultor, trabalhador rural, plantador, cortador de cana (se for o caso), etc.

Campos Elísios. E não "Elíseos".

Câmpus. Aportuguesado: o câmpus, os câmpus.

Canal. Inicial maiúscula: Canal da Mancha.

Candidato a. 1 - Os cargos a que as pessoas se candidatam ficam sempre no singular: candidatos a deputado (e não a deputados), a líder, a vereador, a prefeito, a médico, a fiscal, a datilógrafo, etc. 2 - Se as candidatas forem mulheres, há duas possibilidades: a) O cargo fica no masculino se puder ser ocupado por pessoas de qualquer sexo: Ela foi candidata a prefeito. / Há 50 candidatas a deputado em São Paulo. / Eram 30 candidatas a datilógrafo. b) Se o cargo se destinar apenas a mulheres, fica no feminino: Eram dez candidatas a secretária (presume-se que se exijam mulheres apenas). / Havia muitas candidatas a costureira. 3 - A preposição usada com candidato, candidatura e candidatar-se é a e não para: Candidato a governador, candidatura ao Senado. / Candidatou-se a um ministério.

Cânon. Plural: cânones.

Cão. Feminino: cadela. Plural: cães.

Capelão. Plural: capelães.

Capitais brasileiras. Ver Estados.

Capital. Inicial minúscula, seja a referência a São Paulo ou a qualquer outra capital do País: A capital. / Chuva causa mortes na capital. / Trânsito pára a capital. / A capital de São Paulo, a capital fluminense, a capital federal, as capitais.

Capitão. Flexões: capitã (prefira), capitoa e capitães.

Capítulos. Até 10, em ordinais; de 11 em diante, em cardinais. Use algarismos arábicos, e não romanos: capítulo 1º, capítulo 10º, capítulo 25.

Capta/capita. Captar, decapitar, per capita, desta forma.

Cara. Quando se tratar de pessoas, prefira rosto.

Cara-pálida. Com hífen. Plural: caras-pálidas.

Cara-pintada. Com hífen. Plural: caras-pintadas.

Caráter. Plural: caracteres.

Cardio... Liga-se sem hífen à palavra ou elemento seguinte. Exemplos: cardiograma, cardiologia, cardiorrespiratório, cardiovascular.

Cargos (como usar). 1 - A instituição que alguém representa tem inicial maiúscula. Assim: a Presidência da República, o Ministério da Fazenda, a Secretaria do Planejamento, a Procuradoria-Geral da República, a Consultoria-Geral da República, a Vice-Presidência da República, a Superintendência do Abastecimento.

2 - O ocupante do cargo, no entanto, é indicado com inicial minúscula: o presidente da República, o ministro da Fazenda, o secretário do Planejamento, o procurador-geral da República, o consultor-geral da República, o vice-presidente da República, o prefeito de São Paulo, o superintendente do Abastecimento, o gerente de Esportes, o diretor de Circulação, o assessor de Imprensa, o diretor de Futebol, o gerente de Pesquisas e Planejamento, etc.

3 - Cargo antes. Com raras exceções, o cargo ou a qualificação de uma pessoa deve vir antes do nome, porque é ele (ou ela) que justifica a sua presença no noticiário: O governador de São Paulo, Mário Covas... / O prefeito de São Paulo, Celso Pitta... (e nunca: Mário Covas, governador de São Paulo..., ou Celso Pitta, prefeito da capital...) Da mesma forma: O diretor da Receita Federal, João de Almeida, revelou... / O técnico do Cabrobó, João da Silva...

4 - Feminino. O Estado adota no feminino o título dos cargos ocupados por mulheres ou a sua qualificação. Assim: ministra, primeira-ministra, senadora, deputada, governadora, secretária, prefeita, vereadora, juíza, promotora, procuradora, desembargadora, advogada, engenheira, capitã, etc. Atenção: use presidente tanto para o homem como para a mulher.

5 - Título ou qualificação. Pro-

cure dar sempre um título ou qualificação à pessoa incluída no noticiário: o príncipe Charles, a princesa Anne, a rainha Elizabeth, o papa João Paulo II, o empresário Antônio Ermírio de Moraes, o escritor Jorge Amado, o tenista Pete Sampras, o piloto Michael Schumacher, o cantor Emílio Santiago, o compositor Chico Buarque, o professor João de Almeida, o advogado Saulo Ramos, a dona de casa Joana Rodrigues, etc.

6 - Governo federal. O Estado designa governo e governo federal com inicial minúscula. Assim: O combate à sonegação proposto pelo governo federal será uma tarefa difícil de ser cumprida. / É mais um tributo imposto pelo governo.

Cargos (hífen). 1 - Use hífen na designação dos cargos que fazem parte da hierarquia normal das empresas particulares e públicas e entidades. Assim: secretário-geral, diretor-responsável, diretor-financeiro, secretário-executivo, diretor-gerente, sócio-gerente, diretor-administrativo, editor-chefe, editor-executivo, gerente-administrativo, diretor-adjunto, editor-assistente, diretor-comercial, primeiro-secretário, etc.

2 - Só não haverá hífen quando essas palavras forem ligadas pela preposição de: diretor de Redação, gerente de Vendas, diretor de Finanças, chefe de Produção, editor de Texto, secretário de Esportes, ministro da Fazenda, chefe de Reportagem, etc.

3 - É importante não confundir o caso dos cargos de hierarquia interna com a simples denominação da atividade de uma pessoa. Dessa forma, não existe hífen em: jornalista econômico, diretor teatral, cientista político, cronista esportivo, engenheiro eletrônico, engenheiro civil, cirurgião plástico, médico operador, ator cômico, assessor legislativo, etc.

4 - No caso de patentes militares, porém, use o hífen, mesmo com de: capitão-de-mar-e-guerra, capitão-de-fragata, general-de-exército, general-de-divisão, general-de-brigada, etc.

Cargos (uso da vírgula). Ver aposto.

Carioca, fluminense. Carioca - da cidade do Rio de Janeiro: moça carioca, praias cariocas, a prefeitura carioca. Fluminense - do Estado do Rio de Janeiro: cidades fluminenses, as serras fluminenses, o governo fluminense. O governo ou o governador é sempre fluminense. Da mesma forma, Assembléia Legislativa fluminense, polícia fluminense. Com relação à cidade do Rio de Janeiro, use prefeito carioca, Câmara carioca, etc.

Carnaval. Inicial minúscula: carnaval.

Caro. 1 - Caro já significa de preço elevado. Dessa forma, "preço caro" constitui redundância. Escreva: O pão está caro. / Artigos caros. O preço pode ser alto, elevado, exagerado, excessivo, etc. 2 - Quando adjetivo, varia: Comprou roupas caras. / Só freqüenta lugares caros. / Estas frutas são caras. 3 - Como advérbio (equivale a de modo caro), permanece invariável: Comprei caro estas frutas. / Vendeu caro as duas casas. / Pagou caro aqueles desaforos. / As bebidas custam 25% mais caro a partir de amanhã.

Carros. No caso do aumento do preço dos carros, além de informar a porcentagem da elevação, registre o preço atual e o anterior de alguns dos principais modelos da fábrica.

Carta Magna. Iniciais maiúsculas.

Cartel. Inicial maiúscula: Cartel de Medellín.

Casal. Concordância no singular: O casal João da Silva e Maria Santini dançou muito na festa (e nunca "dançaram").

Casar. Regência. 1 - Casar alguém (tr. dir.): O juiz os casou no cartório. / O deputado casou a filha ontem. / O escritor casa bem as idéias. 2 - Casar alguém ou alguma coisa com ou a: O padre casou o empresário com a modelo. / Ele casava a fraqueza com a indiferença. / Seu texto casava a elegância ao apuro lingüístico. 3 - Casar com (tr. ind.): A moça casou com o tio. / O deputado casou com a senadora. 4 - Casar, apenas (intr.): O jogador casou muito jovem. / Quando nem esperava mais, casou. 5 - Casar-se com ou a (pron.): Ele se casou com a vizinha. / Sua mágoa casou-se com o despeito. / Suas aspirações casavam-se às do pai.

Caso. 1 - Ver acaso. 2 - Com inicial minúscula quando sinônimo de episódio: caso Watergate, caso Lubeca.

Cassete. Funciona como palavra invariável quando acompanha um substantivo: fita cassete, gravadores cassete.

Castelão. Flexões: castelã (prefira), casteloa, castelana, castelões (prefira) e castelãos.

Castelhano. Ver espanhol.

Cataclismo. E não "cataclisma".

Catalão. Flexões: catalã e catalães.

Catalisar. Com s, assim como catalisador.

Cateter. Sem acento (pronuncia-se catetér).

Caudal. No masculino: o caudal, um caudal.

CD-ROM. Plural: CD-ROMs. Atenção. Não pronuncie CD-"rum", mas CD-rôm.

Ceasa. É o nome popular, em São Paulo, da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp) e do local onde está situada. No texto, use a forma Ceagesp. Em outras cidades e Estados, existem órgãos chamados Ceasa, redução de Central de Abastecimento S.A.

Cediço. Forma correta, e não "sediço".

Cela, sela. Cela - aposento; sela - assento.

Centigrama. Palavra masculina: dois centigramas.

Centímetro. Ver distância.

Centro... Exige hífen na formação de termos geográficos ou gentílicos: centro-americano, centro-africano, Centro-Oeste, Centro-Sul. Nos demais sentidos, liga-se à palavra ou elemento de composição seguinte sem hífen: centroavante, centroencefálico, centromédio, centrossomo.

Cerca de. 1 - Indica arredondamento, assim como coisa de ou perto de: cerca de cinco crianças, perto de dez homens, coisa de mil pessoas. Assim, nunca indique números exatos com essas formas: cerca de 18 pessoas, perto de 74 homens, coisa de 152 crianças. 2 - A concordância é expressa pelo numeral ou equivalente: Cerca de mil pessoas se reuniram ali./ Perto de uma tonelada de gêneros foi perdida na enchente. / Existiam cerca de 50 crianças em cada sala. / Cabia ali coisa de uma centena de livros. 3 - Diferença entre acerca de, a cerca de, cerca de e há cerca de: ver acerca de.

Cerebro... Liga-se sem hífen ao elemento seguinte: cerebrocardíaco, cere-bropsicose, cerebrorraquidiano. Exceção: cérebro-espinhal.

Certificar. Regência. 1 - Certificar alguma coisa: A decisão certificou seus conhecimentos. 2 - Certificar alguém de alguma coisa: Certificaram-no da decisão. / Certificaram os amigos do ocorrido. / Queria certificá-lo da verdade. 3 - Certificar alguma coisa a alguém: Certificaram-lhe o ocorrido. / Certificou-lhe que ninguém duvidava da sua competência. 4 - Certificar-se de: Queria certificar-se da verdade. / Pretendo certificar-me dos acontecimentos.

Certo. 1 - Antes do substantivo, equivale a algum, qualquer: Tinha certas regalias. / Certo dia ele chegou, tão misteriosamente como partira. / A amizade de certas pessoas não faz falta. 2 - Depois do substantivo, equivale a verdadeiro, definido, exato: A amizade das pessoas certas faz falta. / Ele chegou no dia certo. / Escolheu a carreira certa. 3 - Só quando existe idéia de ênfase, pode aparecer o um antes de certo (o normal, porém, é a omissão do artigo): Não escondia uma certa mágoa. / Tinha certa necessidade de afirmação. / Levou certo tempo para se retirar. / Chegou certo dia sem avisar. / Guardava certa graça da juventude.

Cerzidor. Feminino: cerzideira.

Cerzir. E não "serzir".

Cesárea, cesariana. Desta forma, um termo com e e outro com i. Prefira, no entanto, cesariana ou operação cesariana.

Cessão. Ver seção.

Chacina. Chacina não mata pessoas, nem provoca a morte delas, porque é efeito e não causa. Assim, é errado escrever: Chacina "mata" seis na periferia. / Chacina "causa a morte" de mãe e dois filhos. Veja opções corretas: Mãe e dois filhos executados na periferia. / Chacina deixa três mortos na periferia. / Mãe e dois filhos são vítimas de chacina.

Chamar. Regência. 1 - Chamar alguém: Chamou o filho e saíram. / Chamou-o às 6 horas. 2 - Chamar alguém para ou a: Chamou os funcionários para uma reunião. / Chamou os filhos a si. / Chamou-os para avisá-los do jogo. 3 - Chamar por alguém: Chamou por eles. / Chamou pelos amigos. 4 - Chamar alguém ou alguma coisa de: Chamou o inimigo de covarde. / Chamou a atitude de intempestiva. / Chamou aquela idéia de agressão à nacionalidade. 5 - Chamar, apenas: Todos começaram a chamar ao mesmo tempo. / Pôs-se a chamar, em vão. / O telefone está chamando. 6 - Chamar-se: Ele se chama Antônio. / Chamou-se louco.

7 - Há outras construções possíveis, que convém evitar, no entanto, por terem uso jornalístico muito restrito: O amigo chamava-o perdulário. / Chame-lhe Maria, se você quiser. / Chamou-lhe de ingênuo. / Chamou sonhador ao amigo.

Chamar a atenção. Chama-se a atenção de alguém, mas ninguém "é chamado à atenção".

Chamariz. E não "chamarisco".

Champanhe. Palavra masculina: o champanhe.

Chance. Use a palavra apenas no sentido positivo: O time ainda tem chances de ser campeão. Nos demais casos, recorra a risco, possibilidade ou probabilidade: Droga reduz risco (e não "chance") de enfarte. / Pacientes desse grupo têm maiores possibilidades (e não "chances") de contrair a doença. / A probabilidade (e não "chance") de um réu negro ser condenado é muito maior.

Chanceler. Na Alemanha e na Áustria, corresponde a primeiro-ministro e não a ministro das Relações Exteriores.

Chão. Como adjetivo (plano, franco, simples, despretensioso), admite feminino, chã: idéias chãs, palavras chãs, maneira chã. Plural: chãos (substantivo e adjetivo).

"Chargeado". Não existe em português. Use atacado, assediado ou acossado.

Charlatão. Flexões: charlatã (prefira), charlatona, charlatães (prefira) e charlatões.

Chassi. Use chassi no singular e chassis no plural.

Chato. 1 - Pode ser usado normalmente como sinônimo de plano, liso: Era um objeto chato como um disco voador. 2 - No entanto, para substituir maçante, restrinja seu emprego à linguagem coloquial ou às frases entre aspas. No lugar, conforme o caso, recorra a desagradável, aborrecido, monótono ou cansativo.

Chave. Liga-se com hífen a outro substantivo e não varia no plural: questão-chave, postos-chave.

"Checar". Anglicismo a evitar. Verificar, conferir, confrontar e comparar têm o mesmo significado. Substitua checagem pelos substantivos correspondentes.

Chefe. A mesma forma para o masculino e o feminino: o chefe, a chefe, as chefes.

Chegar a. 1 - Verbos de movimento exigem a e não em: Delegação russa chega hoje a (e não "em") São Paulo. Igualmente: A chegada do jogador ao (e não "no") Brasil está marcada para amanhã. 2 - Chegar em, só na designação de tempo (Chegará em meia hora. / Chegamos em cima da hora) ou com a palavra casa (Chegou tarde em casa).

"Chic". Use chique ou elegante.

China. Elemento usado nos adjetivos pátrios compostos: sino. Exemplos: sino-brasileiro, sino-japoneses.

Chope. Use a forma aportuguesada: um chope, três chopes.

Chorão. Flexões: chorona e chorões.

Chuchu. Forma correta.

Chutar, chute. Só no futebol. No basquete, use arremessar e arremesso.

"Ciclo vicioso". Não existe. O certo é círculo vicioso.

Cidadão. Flexões: cidadã e cidadãos.

Cidades (nomes reduzidos). 1 - O Estado rejeita, tanto nos títulos como no noticiário, as formas abreviadas "Caraguá" (por Caraguatatuba), "Guará" (por Guaratinguetá), "Itaquá" (por Itaquaquecetuba) e "Pinda" (por Pindamonhangaba). Use sempre o nome completo da cidade. 2 - Prefira sempre Rio a Rio de Janeiro. 3 - Nos títulos, São Paulo pode ser abreviada para SP, Belo Horizonte, para BH e Nova York, para NY. Mas não use PA para Porto Alegre nem LA para Los Angeles.

Cientificar. Regência. 1 - Cientificar alguém: Antes de mudar o projeto, é preciso cientificá-los. 2 - Cientificar alguém de alguma coisa: O governo cientificou o País das mudanças na Previdência. / Venho cientificá-lo da nossa decisão. 3 - Cientificar-se de alguma coisa: Queria antes cientificar-se do ocorrido.

Cima. O a não se junta a cima em frases como: Olhou-a de baixo a cima (para cima).

Cinco-estrelas. Ver estrelas.

Cine. A redução só pode ser usada antes de um nome: Cine Brasil. Não escreva, porém: Fecha mais um "cine" (mas cinema) em São Paulo.

Cinqüenta. É a forma correta, e nunca "cincoenta". Use igualmente cinqüentenário, cinqüentão, etc.

Cintra, Sintra. Cintra é tanto sobrenome quanto o nome de uma serra de Minas. A sede de concelho ou serra de Portugal chama-se Sintra.

Circuito. Sem acento (pronuncia-se circúito).

Circular. Um documento circula, mas não se pode "circular um documento". Assim, escreva: O documento (o jornal) circulou entre todos os funcionários da empresa (e nunca: A empresa "circulou" o documento (o jornal) entre os funcionários). O certo, neste caso, é: A empresa fez o documento (o jornal) circular entre os funcionários.

Circular com desenvoltura. Modismo. Evite.

Círculo vicioso. E não "ciclo vicioso".

Cirurgião. Flexões: cirurgiã, cirurgiões (prefira) e cirurgiães.

Cis... Liga-se sem hífen ao termo seguinte: cisalpino, cisplatino, cisrenano, cisserrano, cisuraniano.

Cisto. Prefira quisto.

"Citar que". Cita-se alguma coisa ou alguém, mas não se cita que: Citou vários autores que defendiam a mesma teoria (em vez de: "Citou que" vários autores defendiam a mesma teoria).

Citibank. Sem y, assim como a holding do grupo, Citicorp. Para a forma abreviada, use Citi.

Cizânia. Desta forma.

Clã. Palavra masculina: o clã, os clãs.

Classificação. Mesmo que haja mais de um concorrente de um campeonato ou torneio em 1º, 2º, 3º, 4º lugar, etc., a classificação será apresentada sempre nesta ordem, sem saltar posições. Exemplo: 1º - Michel Renault e Franz Mann, 18 pontos; 2º - Charles Smith e Alain Piccoli, 16 pontos; 3º - Carlino Autobelli, 12 pontos (e nunca: 1º - Michel Renault e Franz Mann, 18 pontos; 3º - Charles Smith e Alain Piccoli, 16 pontos; 5º - Carlino Autobelli, 12 pontos). Adote o mesmo critério para o futebol, vôlei, basquete ou qualquer outro esporte.

Classificação, classificar-se. Use a preposição para: Conseguiu classificação para o torneio. / Classificou-se (e não "classificou" apenas) para a final do campeonato.

Clipe. Aportuguesado. Plural: clipes.

Club, Clube. Seguem-se os nomes de alguns clubes em que a palavra aparece ora grafada como Club, ora como Clube: Automóvel Club do Brasil, Automóvel Clube Paulista, Clube Alto dos Pinheiros (SP), Clube Naval (Rio), Club Transatlântico (SP), Country Club (Rio), Esporte Clube Pinheiros (SP), Esporte Clube Sírio (SP), Iate Clube do Rio de Janeiro, Jockey Club Brasileiro, Jockey Club de São Paulo, Touring Club e Itanhangá Golf Club.

CNBB. Conferência (e não "Confederação") Nacional dos Bispos do Brasil.

CNEN. Desta forma, em cA.

CNPq. Nome da entidade: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (a designação Conselho Nacional de Pesquisas é antiga).

Co... De acordo com as normas oficiais, "é seguido de hífen, quando tem a significação de a par e o segundo elemento possui vida autônoma na língua": co-autoria, co-beligerante, co-contratante, co-doador, co-eleito, co-fundador, co-gerir, co-herdeiro, co-inquilino, co-mandatário, co-nacional, co-opositor, co-participante, co-produção, co-réu, co-secante, co-tangente, co-unívoco, co-valência, co-variação. Como são inúmeras as exceções ou casos em que fica difícil aplicar a regra geral, convém consultar o dicionário. Alguns exemplos de palavras em que o prefixo co se liga sem hífen ao elemento seguinte: coaglutinação, coessência, coestaduano, coeternidade, cofunção, coirmão, coligação, comistura, conotação, coobrigação, correlativo, correligionário, covolume.

Cobrar. Cobra-se alguma coisa (a alguém), mas não se cobra alguém: Eles cobraram as horas extras. / Os deputados cobraram-lhe o apoio prometido (e não: Eles "cobraram o presidente". / Eles "cobraram o presidente" pelo apoio prometido).

Cobrir. Conjugação. Pres. ind.: Cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, cobrem. Pres. subj.: Cubra, cubras, cubra, cubramos, cubrais, cubram. Imper. afirm.: Cobre, cubra, cubramos, cobri, cubram. Os demais tempos são regulares.

Coca, cocaína. Coca é a planta e cocaína, a droga: Mastigou as folhas de coca. / Era viciado em cocaína.

Cogitar. 1 - Use cogitar, de preferência, como indireto: Ninguém cogitara de deixá-lo sozinho. / Descansar era tudo de que cogitava naquele momento. 2 - Mais raramente, constrói-se também com as preposições em e sobre: Prometeu cogitar na sugestão./ Ficou a cogitar sobre como poderia sair daquela situação. 3 - Por admitir a regência direta, pode ser empregado na passiva: O assunto não foi cogitado na reunião.

Coimbra. Adjetivo pátrio: coimbrão. Feminino: coimbrã. Plural: coimbrãos.

Coisa de. Ver cerca de.

Colaborar. Colabora-se com alguém, mas se colabora para alguma coisa: Os empresários colaboraram com os políticos. / Tudo colabora para o sucesso da campanha. / Ele colaborou para as obras da igreja.

Colarinho-branco. Com hífen designa a pessoa: Era um crime típico de colarinho-branco. / A punição foi baseada na Lei do Colarinho-Branco.

"Colchão". A carne é coxão (de coxa) e não "colchão": coxão mole, coxão duro.

Colchetes. Servem para intercalar observações em textos alheios: "Aí eu disse ao Petrônio [Petrônio Portela, então presidente do Senado] que o projeto não poderia ser aprovado."

Coleção de ... O outro elemento vai para o plural: coleção de selos (e não "de selo"), coleção de botões, de livros, etc.

Cólera. Use a palavra no feminino, tanto para designar fúria, raiva, quanto a doença: Enfrentou a cólera da multidão. / Eram doentes contaminados pela cólera.

Coletivos. Segue-se uma relação de coletivos, alguns óbvios e outros menos conhecidos. Da lista foram excluídos termos que, embora específicos, não têm uso jornalístico (como fato, para cabras, ou cáfila, para camelos). Se não encontrar a palavra adequada, lembre-se de que muitos deles funcionam como curingas, caso de bando, grupo, turma, etc.:

Alcatéia - de lobos, de javalis, de

panteras, de hienas.

Armada - de navios de guerra.

Arquipélago - de ilhas.

Arsenal - de armas e munições.

Assembléia - de pessoas reunidas.

Atlas - de mapas.

Baixela - de utensílios de mesa.

Banca - de examinadores.

Banda - de músicos.

Bando - de pessoas em geral, de aves,

de ciganos, de bandidos.

Batalhão - de soldados.

Bateria - de peças de guerra, de cozinha, de instrumentos de percussão, de perguntas.

Biblioteca - de livros catalogados.

Bosque - de árvores.

Buquê - de flores.

Cabido - de cônegos.

Cacho - de bananas, de uvas.

Cambada - de coisas que estejam penduradas no mesmo gancho ou de ladrões, malandros, moleques.

Cancioneiro - de canções, de poesias líricas.

Caravana - de viajantes, de estudantes, de peregrinos.

Cardume - de peixes.

Cinemateca - de filmes.

Claque - de pessoas pagas para aplaudir.

Clero - de sacerdotes em geral.

Colégio - de eleitores, de cardeais.

Coletânea - de textos escolhidos.

Colônia - de imigrantes, de bactérias, de formigas.

Comunidade - de cidadãos.

Concílio - de bispos convocados pelo papa.

Conclave - de cardeais reunidos para eleger o papa.

Congresso - de deputados, de senadores, de diplomatas, de cientistas, de estudiosos.

Consistório - de cardeais presididos pelo papa.

Constelação - de astros, de estrelas.

Cordilheira - de montanhas.

Corja - de pessoas ordinárias em geral: corja de bandidos, bêbados, vagabundos, assassinos.

Coro - de anjos, de cantores.

Corpo - de alunos, de eleitores, de jurados.

Discoteca - de discos ordenados.

Elenco - de artistas, de atores, de jogadores.

Enxame - de abelhas.

Esquadra - de navios de guerra.

Esquadrilha - de aviões.

Fauna - de animais de uma região.

Feixe - de raios luminosos, de lenha.

Flora - de plantas de uma região.

Fornada - de pães.

Frota - de navios de guerra ou mercantes e de veículos pertencentes à mesma empresa.

Gado - conjunto de animais criados em fazendas.

Galeria - de quadros, de estátuas e de objetos de arte em geral.

Grupo - de pessoas ou coisas em geral: grupo de rapazes, de trabalhadores, de ilhas, de casas.

Hemeroteca - de jornais e revistas arquivados.

Horda - de indisciplinados, de selvagens.

Junta - de dois bois, de médicos, de examinadores, de governantes.

Júri - de pessoas que julgam.

Legião - de soldados, de anjos, de demônios.

Leva - de presos, de recrutas.

Manada - de gado grosso em geral: manada de bois, burros, búfalos, cavalos, éguas, elefantes.

Matilha - de cães de caça.

Molho - de chaves, de verdura.

Multidão - de pessoas.

Ninhada - de pintos.

Nuvem - de fumaça ou de coisas de tamanho reduzido: nuvem de gafanhotos, de pernilongos.

Pelotão - de soldados.

Pilha - de coisas dispostas umas sobre as outras: pilha de livros, pratos, tijolos, discos.

Pinacoteca - de quadros.

Plantel - de animais de raça.

Praga - de insetos nocivos.

Prole - de filhos.

Quadrilha - de ladrões, de bandidos.

Ramalhete - de flores.

Rebanho - de gado de corte, leiteiro ou produtor de lã: rebanho de bois, cavalos, carneiros, ovelhas, cabras.

Réstia - de cebolas, de alhos.

Revoada - de qualquer ave em vôo: revoada de pardais, de pombos.

Roda - de pessoas.

Ronda - de policiais em patrulha.

Seleta - de textos escolhidos.

Tripulação - de marinheiros ou aeronautas.

Tropa - de muares.

Trouxa - de roupas.

Turma - de pessoas reunidas: turma de estudantes, trabalhadores, médicos.

Universidade - de faculdades.

Vara - de porcos.

Viveiro - de aves presas, de peixes confinados.

Vocabulário - de palavras.

Colocação. 1 - Não use colocação como sinônimo de sugestão, observação, ressalva, idéia: Ele fez uma "colocação". / Era uma "colocação" equivocada. / A "colocação" apresentada pelo deputado... 2 - Empregue, no lugar, alguma das palavras mencionadas ou outra equivalente em sentido. Proceda da mesma forma com colocar.

Colocação das palavras na oração.

1 - Adjetivo

a) O adjetivo vem normalmente depois do substantivo: Homem alto./ Prédios velhos. / Pedra dura. / Partido democrático.

b) Por ênfase, eufonia, ritmo ou clareza da frase, pode-se colocar o adjetivo antes do substantivo: A arisca ave./ A bela moça leu um bom livro./ O esperto menino. / O ativo deputado. / Os terríveis momentos. / As alegres comadres.

c) Os superlativos melhor, pior , maior e menor precedem o substantivo: O melhor amigo. / A pior declaração. / O maior problema (e não o problema maior). / Os menores objetos.

d) Alguns adjetivos assumiram posição fixa em relação ao substantivo: Mero acaso, mera coincidência. / Verdade nua. / Senso comum. / Mão direita, mão esquerda.

e) Em muitos casos, a posição do adjetivo altera o seu significado. Diz-se então que, colocado depois do substantivo, o adjetivo está no sentido real e antes, no figurado: homem bom (bondoso), bom homem (ingênuo); homem grande (alto), grande homem (eminente); menino pobre (sem recursos), pobre menino (coitado); dirigente alto (de grande estatura), alto dirigente (importante); redator simples (singelo), simples redator (mero).

f) Com bom e mau, o sentido mais comum é o figurado, vindo, por isso, o adjetivo antes do substantivo (e, na maior parte das vezes, a associação adjetivo-substantivo forma como que uma palavra composta): bom dia, má hora, mau hálito, boa vontade, bons ventos, bom gosto, mau costume, mau aspecto, má forma, bom pressentimento, boa vitória, boa ocasião. Se o significado for o real, o adjetivo ficará normalmente depois do substantivo: homem mau, homem bom, ação má, água boa, meninos maus.

g) Com os indefinidos, a alteração de sentido torna-se ainda mais pronunciada: alguma coisa (uma), coisa alguma (nenhuma); certo homem (um determinado), homem certo (exato); qualquer pessoa (alguma), pessoa qualquer (desqualificada).

2 - Artigo, pronome e numeral

Vêm normalmente antes do substantivo: o caso, um caso; esse livro, nosso livro; todo dia, cada reportagem; três horas, sexto dia.

Exceções. a) Por questão de realce ou eufonia, os possessivos e demonstrativos podem seguir-se ao substantivo: Com amigo meu ninguém faz isso. / Referiu-se de novo à casa, casa essa que ninguém conhecia.

b) Os numerais sucedem ao substantivo quando designam datas, páginas, partes de uma obra, artigos de lei, decretos e portarias, papas, reis, sé-

culos e endereços: dia 7, página 14, capítulo 6º, artigo 2º, parágrafo 1º, João XXIII, Luís XV, século 20, casa 25, apartamento 16.

3 - Verbo

O verbo auxiliar precede o principal: Pretendia saber. / Foi morto na guerra. / Estava ferido. / Tinha-se formado. / Queria sair.

4 - Advérbio

a) Os advérbios que acompanham um adjetivo, um particípio isolado e outro advérbio usualmente se colocam antes deles: Uma jovem tão bela./ O letreiro estava meio apagado. / Ficou muito desconfiada. / Tocou muito bem.

b) Os advérbios de modo (assim, bem, mal, depressa, devagar, melhor, pior e os terminados em mente) que modificam o verbo vêm geralmente depois dele: O menino desenha bem (mal). / Os velhos caminhavam devagar (depressa). / Sua saúde está melhor (pior). / Ela andava assim. / Desapareceu rapidamente. / Morreu subitamente do coração. / Os governantes parecem estar revendo lentamente essa posição.

c) Os advérbios de tempo e de lugar, assim como as expressões equivalentes, podem colocar-se antes ou depois do verbo (entre eles, estão: agora, ainda, amanhã, hoje, ontem, antes, cedo, depois, então, já, nunca, sempre, à noite, à tarde, de dia, de manhã, em breve, de vez em quando, abaixo, acima, adiante, aí, além, ali, aqui, atrás, cá, dentro, fora, lá, longe, onde, ao lado, em cima, de perto, por onde, para baixo, etc.): De vez em quando alguém se feria ali. / Em breve ele estará longe. / Aqui dentro faz tanto frio como lá fora. / Ele veio atrás de nós./ Já lhe pedi para ficar sempre entre nós. / Para baixo todo santo ajuda.

d) Só inicie frase com advérbio, porém, quando ele ou a locução com esse valor tenham função essencial na oração: Aqui se faz, aqui se paga. / Amanhã, finalmente, o lançamento da Challenger 45. / Agora o governo fala em conter gastos. / Na sexta-feira, bem cedo, partirão para o Rio./ Com pressa, ele pedia que todos saíssem. Nos demais casos, coloque o advérbio ou a expressão com esse valor na posição que as normas recomendam. Assim: TV mostra amanhã Corinthians x Botafogo. / O Brasil abre na segunda-feira a Assembléia-Geral da ONU. / Sai hoje a relação dos concorrentes ao Oscar. / Eles devem realmente ser os melhores. E não: Amanhã, TV mostra... / Segunda-feira, o Brasil abre... / Hoje, sai a relação... / Realmente, eles devem ser...

5 - Não e nem

Estas negativas precedem sempre o verbo: Não disse. / Não foi trabalhar nem se justificou.

Colocação dos termos na oração. A oração em português é a direta, isto é, sujeito (quando houver), predicado e complementos (quando houver): O tempo está firme. / Deve chover amanhã. / O governo alterou as normas do Imposto de Renda. / O rio transbordou. Se houver dois complementos, o objeto direto em geral antecede o indireto: Os EUA deram ontem um ultimato à Líbia. / A enfermeira envolveu a criança no cobertor. / O aluno devolveu o livro à biblioteca.

1 - Sujeito depois do verbo

a) Na passiva com o pronome se: Fazem-se ternos. / Vendem-se frutas./ Constroem-se casas. Note que na voz passiva o sujeito recebe a ação (ternos são feitos, frutas são vendidas, casas são construídas). Há casos em que o se indica apenas um verbo

pronominal e o sujeito vem antes deste porque se trata da voz ativa (o sujeito pratica a ação): O vizinho mudou-se. / O país declarou-se em guerra.

b) Nas orações reduzidas de gerúndio, particípio e infinitivo: Retirando-se o valentão, todos respiraram aliviados. / Retirado o valentão, todos respiraram aliviados. / Ao se retirar o valentão, todos respiraram aliviados.

c) Em geral, nas orações iniciadas pelos advérbios interrogativos ou por pronome interrogativo que não seja sujeito: Aonde se dirigem eles? / Como morrem os homens? / Quem somos nós para esperar essa graça? / Por que saiu ele tão cedo? / Que disse ela? / Quanto custa uma dúzia de ovos? O sujeito vem antes, porém, quando a frase tem a locução é que, quando se inicia a frase com o sujeito e quando a palavra interrogativa figura no fim da frase: Onde é que você estava? / Esse livro por que está aqui?/ Ele queria o quê?

d) Nas orações exclamativas e imperativas: Vivam as férias! / Morra o ditador! / Como é dura a vida! / Benza-os Deus! / Vejam todos este exemplo.

e) Nas orações que explicam citações: "O país precisa de todos os cidadãos", disse o presidente. / "Terra à vista", exclamou o marinheiro.

f) Nas orações condicionais construídas sem conjunção: Fossem eles mais novos... / Tivéssemos nós outra opção... / Fizessem os homens por merecer... / Pudessem eles chegar mais cedo...

g) Em orações de caráter narrativo: Corria a década de 30... / Passaram anos e anos... / Chegara o tempo da esperança...

h) Em certas construções com verbos que só se usam na terceira pessoa (pelo menos em sentido restrito): Acontecem coisas incríveis aqui. / Restou-lhe o filho como consolo. / Basta um dia. / Faltam homens no regimento.

i) Em geral, nas orações com verbos intransitivos: Chega hoje o presidente da República. / Sopra o vento, ruge o leão e a manhã desponta. / Brilha o sol. / Nasce o dia. / Dormem as crianças. / Prossegue o festival de nomeações. / Recomeçam as aulas.

j) Quando se quer ressaltar a idéia expressa por um verbo de ligação (ser, estar, parecer, ficar, permanecer, etc.): Este não era o seu dia. / Estava crua a comida. / Ficava longe aquele posto. / Permanecia parado na esquina o carro da polícia.

2 - Outros casos

a) O verbo figura no começo da oração que determina tempo, distância, peso, medida ou número: São 5 horas./ São 6 quilômetros daqui até o centro. / Faltam só 30 metros. / Eram 30 meninos.

b) A ênfase pode fazer que o objeto direto ou indireto venha antes: Desta água não beberei. / Comida para todos prometeu o governador.

c) O verbo inicia frases de caráter existencial: Era uma vez um sapo que virou príncipe. / Existem naquela área muitos índios.

d) O sujeito pode ser deslocado para o fim da frase quando se quer chamar a atenção sobre ele: O chefe é ele./ Se ninguém quiser ir, vou eu.

e) As orações que servem de sujeito ao verbo de ligação (ser, estar, parecer, ficar, etc.) vêm, em geral, depois deste: Estava acertado que ele seria promovido. / É justo que todos o reverenciem. / Parece certo que ninguém o indicou. / É preciso muita cautela./ É necessário maior cuidado. / É proibido pisar na grama.

f) Na passiva com o verbo ser, o particípio inicia a frase, se esta exprime desejo ou vontade: Benditos sejam vossos pais. / Amaldiçoados sejam os assaltantes.

g) As orações que servem de sujeito ou complemento a outras seguem-se ao verbo principal: Não se sabe se ele chegou. / Esperamos que ele consiga o lugar. / Concordo em que fiquem conosco. / Seu mal é não ser realista. / Tinha medo de que não o compreendessem. Em um ou outro caso, porém, essas orações podem vir antes da oração principal ou estar intercaladas nela: Que falavam mal, percebia-se logo. / Se ele chegou, não se sabe. / O deputado, se era contra o projeto, não o dizia.

h) As orações subordinadas adjetivas (são introduzidas quase sempre por um pronome relativo e têm como antecedente um substantivo ou pronome) podem vir depois da oração principal ou nela ser intercaladas: Estas eram as mulheres de quem gostavam. / As mulheres de quem gostavam eram estas. / O modo como o fizeram indicava sua origem. / Conseguiu tudo quanto queria. / O pai, que amava os filhos, não queria separar-se deles. / Acharam o local onde estava enterrado o tesouro. / O local onde estava enterrado o tesouro permanecia ignorado.

i) As orações subordinadas adverbiais (são introduzidas por conjunções e exprimem circunstâncias de tempo, modo, fim, causa, condição, etc.) podem aparecer antes, no meio ou depois da oração principal: Quando o vimos, deixamos a sala. / Nós, quando o vimos, deixamos a sala. / Deixamos a sala, quando o vimos. / Apesar de serem os melhores, não foram aprovados. / Não foram aprovados, apesar de serem os melhores./ Porque acreditava no médico, o doente levantou-se. / O doente levantou-se porque acreditava no médico.

Colocação pronominal. A norma da língua é a colocação do pronome átono (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, lhes, os, as) depois do verbo: As reuniões do Congresso iniciaram-se ontem. / Os meninos feriram-se no acidente. (Veja no fim do verbete as normas usadas no Estado para a colocação de pronomes.)

Determinadas palavras ou tipos de frase, porém, exigem que o pronome fique antes do verbo: As reuniões do Congresso, que se iniciaram ontem, nada prometem de novo este ano. / Os meninos não se feriram no acidente.

Como o pronome não pode vir depois de um verbo no futuro do presente ou futuro do pretérito (antigo condicional), nesses casos o pronome é intercalado no verbo: Dir-se-ia que todos ficaram satisfeitos. (E não: Diria-se que...)

Pronome antes do verbo (próclise)

1 - Verbo precedido de palavras de sentido negativo (não, nunca, jamais, nada, nenhum, nem, ninguém): O homem não se alterou. / Nada me revolta. / Jamais lhe explicaram a razão. / Nunca vos procuraram? / Ela não foi nem se deixou levar. / Ninguém nos perdoará a ausência. / Nenhum dos passageiros se feriu no acidente.

2 - Verbo precedido de advérbio (aqui, ali, cá, lá, muito, bem, mal, sempre, somente, depois, após, já, ainda, antes, agora, talvez, acaso, porventura): Aqui se faz, aqui se paga. / Já nos convidaram. / Muito lhe agradeço o favor. / Sempre lhe dizia que viesse. / Depois eu os procuro. / Ainda nos pedirá desculpas. / Talvez se interne amanhã para tratamento. / Agora vos digo: sois o mais gentil. / Acaso lhe interessa este livro?

Observação. Se depois do advérbio se fizer uma pausa, em geral expressa pela vírgula, o pronome ficará depois do verbo: Antigamente, falava-se muito nesse assunto. / Hoje, escreve-se muito e pensa-se pouco. / Ali, precisa-se de empregados.

3 - Verbo precedido de que, em qualquer sentido (menos quando substantivo): É o que lhe pedi. / Diga-lhe que se vá embora. / O livro que você nos emprestou é ótimo. / Desconheciam o assunto de que lhe haviam falado. Quando substantivo: O quê da questão foi-lhe mostrado. / O quê (letra) escreve-se com acento.

4 - Verbo precedido de conjunção subordinativa (porque, embora, conforme, se, como, quando, conquanto, caso, quanto, segundo, consoante, enquanto, quanto mais... mais): Não foi trabalhar porque se havia machucado. / Como nos prometeram, chegaram cedo. / Se os homens se compenetrarem... / Embora lhe tenha avisado... / Conforme o alertara... / Quando o amigo se preparava para sair... / Caso lhe interesse saber... / Tanto se preocupava quanto se divertia. / Agiu segundo (consoante, conforme) o irmão lhe sugerira. / Quanto mais a polícia se omite, mais os assaltos se alastram.

5 - Verbo precedido de pronome relativo (o qual, quem, cujo, onde): As mulheres às quais nos referimos... / É o homem a quem se atribuiu a missão. / Em São Paulo, onde se radicou... / O pedido cujo atendimento se recomenda...

6 - Verbo precedido de pronome indefinido (algum, alguém, diversos, muito, pouco, vários, tudo, outrem, algo): Algum se salvará. / Alguém o traria de qualquer forma. / Muito (ou pouco) se espera dele. / Nada se perde, tudo se transforma. / Algo me diz que ele virá hoje.

7 - Verbo precedido de pronome demonstrativo (isto, isso, aquilo): Isto me agrada. / Isso te satisfaz? / Aquilo lhe diz respeito.

8 - Em frases que exprimem desejo ou exclamação: Deus lhe pague!/ Bons ventos o levem. / Bons olhos o vejam. / Nossa Senhora a proteja. / Macacos me mordam! / Raios o partam!

9 - Verbo no gerúndio precedido da preposição em ou de advérbio: Em se tratando de esporte, prefere o futebol. / Não o fazendo, você se arrisca a perder o amigo. / Bem o dizendo, mal o negando.

10 - Verbo precedido das conjunções coordenativas não só... mas também, quer... quer, já... já, ou... ou, ora... ora: Não só me trouxe a encomenda, mas também me ofereceu um presente. / Quer se retire, quer se acomode... / Ou se afasta ou se enquadra nas normas. / Ora se irrita, ora se mostra alegre. Observação. As conjunções coordenativas e, mas, porém, todavia, contudo e portanto não atraem o verbo.

11 - Com as formas verbais proparoxítonas: Nós lhe perdoaríamos a desfeita. / Nós o teríamos feito. / Nós nos derramávamos em elogios.

12 - Nas orações iniciadas por pronome interrogativo: Quem te falou a respeito do caso? / Como o puderam fazer?

Pronome depois do verbo (ênclise)

1 - Por ser a norma da língua, embora o português do Brasil tenha a tendência oposta: Os carros chocaram-se de frente. / As crianças punham-se a chorar quando sentiam fome. Regra prática - O pronome vem depois do verbo quando não há nenhuma palavra que o atraia.

2 - Quando o verbo inicia a frase: Deram-lhe o recado, afinal? / Fala-se muito nesse problema agora. / Vendem-se apartamentos. / Procura-se um bom empregado. Para lembrar. Não se inicia período com pronome oblíquo. Admite-se essa forma apenas na linguagem coloquial ou nas declarações colocadas entre aspas: "Me dê a mão", dizia a moça. / "Me faça um favor."

3 - Com o gerúndio (não precedido de em ou advérbio): Apagou a luz, deixando-nos no escuro. / Não queira enganá-lo fazendo-se de pobre.

4 - No imperativo afirmativo : Vamos, amigos, cheguem-se aos bons. / Meu filho, prepara-te, apressa-te.

Pronome intercalado (mesóclise)

1 - Para iniciar frase: Poder-se-á fazer a festa amanhã. / Dir-lhe-ia todos os desaforos que pudesse. / Trá-lo-á a reboque.

2 - Quando não existe nada que atraia o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito (antigo condicional): O torneio iniciar-se-á no domingo. / A vida devolvê-lo-ia à realidade.

Observação. Por estarem hoje mais ligadas à linguagem erudita, convém, no entanto, sempre que possível, evitar essas formas.

Veja opções: A festa poderá ser realizada (ou feita) amanhã. / Pretendia, queria, ia dizer-lhe todos os desaforos que pudesse. / Vai trazê-lo a reboque.

Casos opcionais

1 - Com os pronomes pessoais: Ela disse-me assim, ela me disse assim. / Eu o procuro amanhã, eu procuro-o amanhã. / Nós recompusemo-nos, nós nos recompusemos. A eufonia, porém, recomenda o pronome antes do verbo, neste caso.

2 - Com o infinitivo que não faça parte de locução verbal: Sem os forçar a nada, sem forçá-los a nada. / Até se chegar à solução, até chegar-se à solução. / Depois de se pôr à disposição, depois de pôr-se à disposição. / Por lhes trazer a fita, por trazer-lhes a fita. Exceções. Não combine por com os pronomes o, a, os, as (use por fazê-los, apenas, em vez de "por os fazer") nem a com os pronomes o, a, os e as (use preferia morrer a deixá-la, a deixá-los, etc., em vez de "a a deixar", "a os deixar").

Locuções verbais

1 - Verbo auxiliar mais infinitivo

a) Se não houver atração, o pronome fica depois do auxiliar ou do infinitivo: Quero-lhe dizer a verdade, quero dizer-lhe a verdade. / A moça deve-se resguardar, a moça deve resguardar-se.

b) Se houver atração, o pronome fica antes do auxiliar ou depois do infinitivo: Não lhe quero dizer a verdade, não quero dizer-lhe a verdade. / A moça jamais se precisava resguardar, a moça jamais precisava resguardar-se.

2 - Verbo auxiliar mais preposição e infinitivo

a) Se não houver atração, o pronome fica depois da preposição ou do infinitivo: Deixou de a procurar, deixou de procurá-la.

b) Se houver atração, o pronome fica antes do auxiliar ou depois do infinitivo: Não a deixou de procurar, não deixou de procurá-la.

Observação. Tanto no caso 1 como no 2, a colocação do pronome depois do infinitivo é a preferível (dizer-lhe, procurá-la).

3 - Verbo auxiliar mais gerúndio

a) Não havendo atração, o pronome fica depois do auxiliar ou do gerúndio: Vinha-lhe dizendo a verdade, vinha dizendo-lhe a verdade. / A festa estava-se realizando, a festa estava realizando-se. / Ia-se desfazendo, ia desfazendo-se. Preferíveis: Vinha-lhe dizendo, estava-se realizando, ia-se desfazendo.

b) Havendo atração, o pronome fica apenas antes do auxiliar: Não lhe vinha dizendo a verdade. / Sabia que a festa se estava realizando ali. / Tudo se ia desfazendo.

4 -Verbo auxiliar mais particípio

a) Não havendo atração, o pronome fica depois ou antes do auxiliar: Os chefes haviam-no recomendado, os chefes o haviam recomendado. / O amigo tinha-lhe feito um favor, o amigo lhe tinha feito um favor. No início de frase, ocorre apenas a mesóclise: Ter-lhe-ia dito algo desagradável? / Dir-se-ia que não pretendia voltar.

b) Havendo atração, o pronome fica apenas antes do auxiliar: Quis saber por que o haviam recomendado. / O amigo também lhe tinha feito um favor. / Quem lhe teria dito algo desagradável?

Para lembrar: Em nenhuma hipótese o pronome pode estar depois do particípio, sendo, pois, absurdas formas como "dito-lhe", "recomendado-o", "feito-nos", "pedido-lhes", etc.

Observações finais

1 - As normas de atração ou não do pronome levam em conta a oração completa. Considere-se, por exemplo, o período: Nunca, diga-se a propósito, lhe pedi favor algum. Há duas orações: Nunca lhe pedi favor algum/ diga-se a propósito. O nunca atrai o lhe da oração principal (nunca lhe pedi), mas não o se da oração complementar (diga-se a propósito).

Outro exemplo: O homem que anda muito na rua cansa-se mais. Existem igualmente duas orações: O homem cansa-se mais/que anda muito na rua. O se de cansa-se fica depois do verbo porque não há nada na oração principal que atraia o pronome (o homem cansa-se).

Mais um caso: Era dono da loja que, recorde-se, vendia artigos importados.

2 - O que subentendido atrai o pronome como se estivesse expresso na frase: Requeiro se digne informar-nos (que se digne). / Peço-lhe me deixe sair (que me deixe).

3 - Pronome depois do futuro do presente ou do pretérito. Em nenhuma hipótese pode ocorrer um caso desses, sendo, pois, absurdas formas como "teria-lhe" dito, "faria-se" o trabalho, "poderia-se" realizar, "diria-se" que ele estava atrasado, "farão-lhe" a vontade, "direi-lhe" a verdade, "contará-nos" tudo a respeito do caso.

No "Estado"

O Estado aceita o uso, no noticiário, do pronome oblíquo colocado entre dois verbos, sem necessidade de se ligar por hífen ao primeiro deles. Trata-se de uma característica do português do Brasil que não é mais possível desprezar: Ele estava se preparando para sair. / Falta dágua pode se agravar hoje. / Ele tinha se revoltado contra o pai. / Devia estar se aborrecendo com tudo aquilo. / Queria se livrar do amigo. / Vai se casar esta semana. / Esses homens podem nos ajudar. / Venho lhe trazer o meu apoio. / Tinha nos decepcionado.

Colocar. 1 - Colocar significa pôr em algum lugar e deve ser usado para coisas materiais: Colocou o copo no armário. / Colocou os azulejos na parede. 2 - Pôr se emprega nas locuções e frases feitas, no sentido figurado e na definição de coisas abstratas e do espírito: pôr em prática, pôr frente a frente, pôr o dedo na ferida, pôr em xeque, pôr em pratos limpos, pôr um ponto final, pôr fogo, pôr o assunto em dia, pôr a mesa, pôr os pensamentos em ordem, etc. 4 - Em qualquer situação, sempre que possível, prefira pôr a colocar.

Colorir. Conjugação. Só tem as formas em que ao r se segue e ou i: colore, colorimos, etc.

Com (concordância). Ver concordância ( verbo, sujeito composto, item d).

Com... Hífen antes de vogal: com-aluno, com-irmão. Nos demais casos: combatente, concelebração, confederado, consacerdote, contorção.

Coma. Use a palavra no masculino para definir o estado de saúde e, por extensão, insensibilidade, apatia: o coma do doente, coma (=apatia) político, coma profundo.

Comando militar. l - Para o chefe de um Comando Militar, use as formas: o comandante militar do Sudeste, o comandante militar do Planalto (e não o comandante do Comando Militar do Sudeste, etc.). 2 - Ver quais são os comandos no verbete militares, página 178.

Começar. Antes de infinitivo, exige a: O prédio começou a cair. / Vai começar a chover logo.

Comemoração de. Use em comemoração de, e não em comemoração a: Em comemoração dos 25 anos de casado./ Em comemoração do centenário de fundação da cidade.

Comemorar. Use o verbo apenas no sentido de celebrar, festejar, evitando o seu emprego em frases como comemorar o centenário da morte de alguém, comemorar o cinqüentenário do terremoto que destruiu alguma cidade, etc. Nestes casos, recorra a assinalar, marcar, lembrar, evocar ou reviver. Proceda da mesma forma com comemoração e comemorativo.

"Comentar que". Alguém comenta alguma coisa, mas não comenta que...

"Comentar sobre". 1 - O verbo pede objeto direto: Os alunos comentavam favoravelmente a aula (e não "sobre" a aula). / O técnico não quis comentar a expulsão do jogador. 2 - Com sobre, use fazer comentários: Os alunos fizeram comentários sobre a aula.

Comercializar. Envolve uma série de operações e não a venda pura e simples. Assim: Os agricultores têm dificuldades para comercializar a safra./ Os artesãos vão vender (e não "comercializar") os produtos na feira. Proceda da mesma forma com comercialização.

Comissão. Com inicial maiúscula apenas quando particularizada: Comissão de Finanças, as Comissões de Justiça e Orçamento. Nos títulos ou segunda referência, em minúsculas: O projeto, já aprovado pela comissão.../ Ministro deporá em comissão.

Commodity. É o singular. Plural: commodities.

"Commonwealth". Use Comunidade Britânica.

Com nós, com vós. São corretas essas formas quando o pronome tem complemento ou reforço: Eles queriam falar com nós mesmos (ou com vós mesmos), e não "conosco mesmos" nem "convosco mesmos". Da mesma forma: com nós dois, com vós todos, com nós ambos, com vós outros, com nós próprios, etc.

Com o objetivo de. Prefira para.

Como. Concordância. Ver assim como.

"Como sendo". Expressão ruim, desnecessária e evitável: Foi considerado "como sendo" o melhor em campo. Use simplesmente: Foi considerado o melhor em campo. / Julgaram-no (como sendo) o melhor jornalista do ano.

"Como se recorda", "como se sabe". Frases feitas inaceitáveis. Como, na maior parte dos casos, não se recorda nem se sabe, explique ao leitor os antecedentes do caso, sem rodeios desnecessários.

Comparações. Por transmitirem freqüentemente uma imagem afetada, quando não artificial, as comparações devem ser usadas com extremo rigor ou evitadas, o que é sempre mais prudente. Mesmo na linguagem coloquial, recomenda-se cautela. Atente para alguns maus exemplos (reais) do recurso às comparações: Para sua substituição, há tantas possibilidades quanto estrelas no universo. / A cidade no Natal volta a ficar movimentada como um formigueiro. / Ele reclamou feito um louco. / Estava apanhando mais do que judas em sábado de Aleluia. / Soltava fogo pelo nariz como um dragão. / Uma vez aberto o pacote, as promessas vão para o lixo, como o papel dos embrulhos. / As bandas de rock surgem e somem como cogumelos ou definham tão celeremente quanto libélulas. / Ficou perdido como um náufrago.

Embora não constituam propriamente comparações, existem imagens de reforço da frase que têm quase a mesma função e incorrem em idêntico tipo de risco: Uma avalanche de fotógrafos cercou o artista. / Havia na sala um clima de velório. / Previa-se um calor de rachar catedrais. Devem ser evitadas a todo custo, em benefício da objetividade.

Comparações (formas). 1 - Nas comparações é indiferente o uso de do que ou que: É mais rico do que ou que o pai. / Ninguém se empenhou mais pela aprovação do projeto do que ou que ele. O do que, de certa maneira, é mais coloquial e o que aparece com maior freqüência na linguagem escrita. 2 - Mesmo que as formas pareçam pouco eufônicas, são as locuções ao do, do do e equivalentes que devem ser usadas quando se omite uma palavra nas comparações: Seu carro era inferior ao do amigo. / O índice ficou acima do do ano passado./ As vendas de março podem ficar abaixo das de fevereiro. É como se se escrevesse: Seu carro era inferior ao carro do amigo. / O índice ficou acima do índice do ano passado. / As vendas de março podem ficar abaixo das vendas de fevereiro. 3 - Do e da simplesmente não estabelecem comparações, sendo, pois, erradas formas como: Estava com três pontos a mais "da" (o certo do que a) Portuguesa. / Pediu 2 mil lugares a mais "do" (o certo: do que o) autorizado. 4 - É italianismo usar daquele e daquilo para introduzir comparações. Assim: O clube gastou mais que arrecadou (e não "daquilo" que arrecadou). / Era mais violento do que os que chegaram depois (e não "daqueles" que chegaram depois).

Comparecer. 1 - Prefira a forma comparecer a e não em: Compareceu ontem ao tribunal. / Compareceu à reunião, à assembléia. 2 - Com em, é apropriado este uso: Tem comparecido muito em público. 3 - O verbo admite ante ou perante quando significa prestar contas: Compareceu ante o rei. / Compareceu perante o Tribunal de Justiça. 4 - Pode também dispensar complemento: Apesar de convidado para a festa, não compareceu.

Comparecimento. No singular em frases como: O comparecimento de Juca e Alemão ao treino atraiu grande número de torcedores. / Os presentes elogiaram o comparecimento do governador e do prefeito à solenidade (e nunca "os comparecimentos").

Compartilhar. Regência. 1 (tr. dir.) - O funcionário compartilhou o sucesso da empresa. / A esposa compartilhou a sua dor. 2 (tr. ind.) - Não compartilhava da alegria da família. 3 (tr. dir. e ind.) - Ele compartilhou suas vitórias com os amigos.

Compelir. Conjuga-se como aderir: compilo, compeles; que eu compila, etc.

Competir. Conjuga-se como servir (ver, página 266): compito, competes; competia; que eu compita; compete tu, competi vós; etc.

Complicar-se. Alguma coisa se complica e não complica, apenas: A situação do time complicou-se. / Seu mal complicou-se nos últimos dias.

Comprazer-se. Conjugação. Pres. ind.: Comprazo, comprazes, compraz, comprazemos, comprazeis, comprazem. Imp. ind.: Comprazia, comprazias, comprazia. Pret. perf. ind.: Comprazi, comprazeste, comprazeu, comprazemos, comprazestes, comprazeram (prefira) ou comprouve, comprouveste, comprouve, comprouvemos, comprouvestes, comprouveram. M.-q.-perf. ind.: Comprazera, comprazeras, comprazera (prefira) ou comprouvera, comprouveras, comprouvera. Fut. ind.: Comprazerei, comprazerás. Fut. do pretérito: Comprazeria, comprazerias. Pres. subj.: Compraza, comprazas. Imp. subj. : Comprazesse, comprazesses (prefira) ou comprouvesse, comprouvesses. Fut. subj.: Comprazer, comprazeres (prefira) ou comprouver, comprouveres. Ger.: Comprazendo. Part.: Comprazido.

Comprimento, cumprimento. Comprimento significa extensão, distância: o comprimento da mesa, 6 quilômetros de comprimento. Cumprimento equivale a saudação ou ato de cumprir: um cumprimento com a cabeça, o cumprimento das leis.

Computar. Não tem as três primeiras pessoas do pres. ind.: "computo", "computas", "computa" (só se usam as três do plural, computamos, computais, computam), o pres. subj. (não existe "compute", "computem", etc.), nem o imper. neg. O imper. afirm., portanto, admite apenas a forma computai vós.

Comunicar. 1 - Comunica-se alguma coisa a alguém, mas não se comunica alguém sobre (ou de) alguma coisa: O ministro comunicou as decisões aos assessores. / O ministro comunicou-lhes as decisões. / O ministro comunicou as decisões a eles. Nunca, porém: O ministro "comunicou os assessores" sobre as ou das decisões. 2 - Da mesma forma, ninguém pode ser comunicado (mas informado, avisado ou cientificado) de alguma coisa: Foi informado (e não "comunicado") sobre a decisão. / Foi avisado (e não "comunicado") de que não deveria voltar aqui. / Foram cientificados (e não "comunicados") sobre as novas normas da empresa. Atenção. Escrever que alguém "foi comunicado de" alguma coisa é considerado pelos gramáticos um dos erros graves do idioma.

"Comunidade Européia". Passou a chamar-se União Européia.

Concelho. Com c indica circunscrição administrativa: Leiria é sede de concelho.

Concertar, consertar. Concertar é o mesmo que ajustar, conciliar: Concertar opiniões, divergentes. Consertar significa reparar, corrigir: Consertar a casa, o carro, a roupa. / Consertar o que dissera.

Concerto, conserto. Concerto define espetáculo musical, acordo, harmonia: concerto para piano e orquestra, o concerto das nações, concerto grosso, concerto de vozes, concerto de louvores. Conserto corresponde a reparo, reforma: o conserto do carro, o conserto da casa.

Concitar. A regência mais usada jornalisticamente é concitar alguém a alguma coisa: Os líderes concitaram a população a reagir. / Todos o concitaram à luta.

Conclamar. No sentido de convidar, convocar, a regência normal é conclamar alguém para alguma coisa: Conclamaram os amigos para ajudá-los./ O governo conclamou o país para a luta contra a droga.

"Conclusão final". Redundância (a menos que se trate de uma série de conclusões parciais que conduzam a uma definitiva).

Concordância.

Adjetivo com substantivo

Para efeito de concordância, as normas válidas para o adjetivo aplicam-se também ao pronome, artigo, numeral e particípio. O substantivo a que eles se referem pode às vezes dar lugar a um pronome.

1 - Fundamentos

a) O adjetivo concorda com o substantivo em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural): Prédio alto. / Casa branca. / Homens bons. / Mesas antigas. / Duas mulheres.

b) O adjetivo irá para o plural masculino quando pelo menos um dos substantivos for masculino: Homens e mulher bons. / Médico e enfermeiras dedicados. / Aí compreendidos estes e aquelas.

c) Mantém-se a concordância mesmo que haja preposição entre o adjetivo e o substantivo: Desgraçados dos homens. / Coitadas das mulheres.

2 - Adjetivo com dois ou mais substantivos

Esteja o adjetivo antes ou depois dos substantivos, você acertará sempre se fizer a concordância no plural: "A mão esquerda, entre cujos índi-ce e polegar..." / Terno e gravata escuros./ Ótimos texto e conhecimentos./ Atentos o governo e as Forças Armadas. / Reajustados o salário mínimo e os aluguéis. / Convocados o Senado, a Câmara e o Supremo. / Mortos pai e filho no litoral.

Observações

a) O adjetivo colocado antes de dois ou mais substantivos pode concordar com o substantivo mais próximo: Branca túnica e sandália. / "...notando o estrangeiro modo e uso." / Ótimo texto e conhecimentos./ Seu pai e filhos. / Suas filhas e mulher.

O adjetivo, no entanto, vai obrigatoriamente para o plural se os substantivos forem predicativos do objeto, nomes próprios, títulos ou formas de tratamento: Julgava perdidas a fé e a esperança (predicativo do objeto)./ Trazia espertos o desejo e as virtudes (pred. do obj.). / A Justiça declarou culpados o pai e a filha. / Os irmãos Caetano e Bethânia. / Os apóstolos Pedro e Paulo. / Os generais Costa e Silva e Médici. / Os srs. Silva e Cia.

b) Se o adjetivo vem depois de dois ou mais substantivos, pode também concordar com o mais próximo: Um terno e uma gravata escura. / Ternos e gravata escura. / Terno e gravatas escuras. / Elogiamos o seu esforço, empenho e dedicação extrema. Quando os substantivos são sinônimos ou formam gradação (como no último exemplo acima), há gramáticos que defendem a concordância - que, no entanto, não é obrigatória - com o mais próximo.

3 - Verbo de ligação

Com verbo de ligação (ser, estar, parecer, ficar, etc.), o adjetivo vai para o plural, em qualquer caso, e segue as normas gerais de concordância: O depoimento e o laudo pericial eram conclusivos. / A loja e a residência estavam inundadas. / As casas e o prédio de apartamentos pareciam velhos. / Eram justos o preço fixado e a comissão. / Estavam liberados a testemunha e o réu.

Apenas se o verbo de ligação estiver antes dos substantivos, admite-se também a concordância com o mais próximo (no Estado, prefira o plural, de qualquer forma): Era justo o preço fixado e a comissão. / Estava liberada a testemunha e o réu.

4 - Um substantivo e dois ou mais adjetivos

a) Substantivo antes

Há três possibilidades: Os governos brasileiro e francês; o governo brasileiro e o francês; o governo brasileiro e francês. / Os poderes temporal e espiritual; o poder temporal e o espiritual; o poder temporal e espiritual.

A primeira forma (Os governos brasileiro e francês, os poderes temporal e espiritual) é jornalisticamente a mais recomendável, embora a segunda (O governo brasileiro e o francês, o poder temporal e o espiritual) soe melhor em alguns casos. Convém, apenas, evitar a terceira (O governo brasileiro e francês, o poder temporal e espiritual), por induzir a duplo sentido.

b) Substantivo depois

Admitem-se quatro formas: A primeira e a segunda série; a primeira e segunda série; a primeira e a segunda séries; a primeira e segunda séries. / O quarto e o sétimo andar; o quarto e sétimo andar; o quarto e o sétimo andares; o quarto e sétimo andares.

As melhores: A primeira e a segunda série, a primeira e segunda séries./ O quarto e o sétimo andar, o quarto e sétimo andares.

5 - Adjetivos compostos

Só o último elemento é flexionado: estudos histórico-filosóficos, tecidos azul-claros, relações anglo-franco-brasileiras, partidos social-democratas, partidos democrata-cristãos, homens bem-intencionados, notícias extra-oficiais, países não-alinhados, política econômico-financeira, vida profissional-amorosa. Exceção. Flexionam-se os dois termos de surdo-mudo, seja a palavra adjetivo composto ou substantivo: Homens surdos-mudos, moça surda-muda, mulheres surdas-mudas, os surdos-mudos, a surda-muda, as surdas-mudas.

6 - Casos especiais

Veja cada um deles nos verbetes um e outro, nem um nem outro, próprio, junto, menos, possível (o mais, o menos, o melhor, o pior), anexo, cores, um dos que, incluso , etc.

Verbo

1 - Regra básica

O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa: O prédio ruiu. / Ele chegou ontem. / Nós pedimos para sair. / Alugam-se apartamentos. / Os ministros anunciaram o novo pacote.

2 - Sujeito composto

Adote como norma: o sujeito composto leva o verbo para o plural, esteja o verbo antes ou depois do sujeito. Exemplos: Partiram lotados o trem e o ônibus. / O homem e o filho feriram-se no acidente. / Reportagem, crítica e comentário têm lugar num jornal ou revista.

Observação. O verbo pode ficar no singular (no Estado, apenas em textos especiais e declarações) nos seguintes casos:

a) Verbo antes do sujeito composto: Passará o céu e a terra. / "... se a tanto me ajudar engenho e arte." / Saiu João e os demais.

Exceção. Se os sujeitos forem todos nomes próprios ou se indicarem reflexibilidade, reciprocidade, o plural será obrigatório: Vieram Maria, Pedro e João. / Feriram-se o agressor e a vítima. / De ambos os lados, cresceram o rancor e o ódio.

b) O sujeito composto indica uma gradação, crescente ou decrescente: "Uma palavra, um gesto, um olhar bastava." / "O próprio interesse, a gratidão, o mais restrito dever fica impotente..."

c) O sujeito é formado por palavras sinônimas ou tomadas como um todo: "A vida e o tempo nunca pára."/ "Estes receios, este proceder meticuloso pode matar-nos.".

d) Se os dois sujeitos estiverem ligados pela preposição com ou por outras palavras e locuções que indiquem companhia, o verbo ficará no singular se o primeiro elemento prevalecer sobre o segundo. E nesse caso convém colocar o segundo entre vírgulas: O rei, com a corte e toda a nobreza, participou da missa solene. Proceda da mesma forma nas frases em que o com é substituído por locuções de sentido equivalente ou aproximado: O presidente, ao lado dos ministros, deu início às solenidades. / O general, acompanhado do ajudante-de-ordens, passou as tropas em revista.

O plural justifica-se apenas nos casos (mais raros) em que ambos os elementos têm igual ênfase: A mãe com a filha foram salvas do incêndio.

3 - Pronomes pessoais

A primeira pessoa prevalece sobre a segunda e a terceira, a segunda prevalece sobre a terceira e o verbo fica no plural: Eu e tu chegamos cedo (eu + tu = nós). / Eu, tu e a tua irmã fomos aprovados (eu + tu + tua irmã, que equivale a ela, no caso). / Tu e ele viestes de carro (tu + ele = vós). / Tu e os Pires perdestes o trem (tu + eles = vós)./ Tu e teu pai saístes do edifício juntos (tu + ele = vós). / Ele e a mãe eram bem-vindos (ele + ela = eles). / Eu e as bicicletas nos chocamos (eu + elas = nós). / Tu e os carros já estais à vista (tu + eles = vós).

Observações

a) Modernamente, admite-se o verbo na terceira pessoa do plural quando tu e vós se combinarem com ele, eles ou equivalentes (por causa da dificuldade no uso do tempo verbal correspondente a vós): Tu e os carros já estavam à vista. / Eles e vós já têm lugares marcados.

b) Se o verbo estiver antes dos pronomes, a concordância pode ser feita com o mais próximo (no Estado, porém, coloque o verbo no plural): Era ele e sua tia que chegavam. / Poderás tu e o motorista levar-me ao Centro?

4 - Sujeito constituído de orações ou infinitivos

O verbo fica no singular: Que ele entre e saia a toda hora não causa espanto. / Andar e nadar faz bem à saúde. / Comer, dormir e vadiar era só o que queria. / "Serem os homens uma coisa e parecerem outra é fácil."

Exceção. Verbo no plural se houver contraste entre os sujeitos ou se estiverem substantivados: O comer e o dormir engordam uma pessoa. / Nascer e morrer fazem parte da vida.

5 - Sujeitos resumidos por um pronome indefinido

O verbo fica no singular quando os sujeitos são resumidos pelos pronomes tudo, nada, nenhum, cada um, cada qual, outro, ninguém, alguém, isso, isto, aquilo: Casas, pontes, estradas, tudo se perdeu com a enchente. / Amigos, colegas, parentes, ninguém o alertou sobre os riscos da viagem. / Pai, mãe, irmã, alguém deve chamá-lo à realidade. / Médico, engenheiro, advogado, cada qual tem seu código de ética.

6 - Coletivo ou palavras que dêem essa idéia

a) Sem complemento - Concordância normal com o verbo: O povo saiu. / A gente chegou. / Os cardumes subiam o rio.

b) Com complemento - Faça a concordância do verbo com o sujeito, no singular, e não com o complemento, no plural: A maioria dos empregados chegou atrasada no dia da enchente. / A maior parte dos trabalhos figurava na exposição. / Grande número de pessoas aderiu à iniciativa./ Estava destruída parte dos afrescos. / Um sem-número de crianças fazia barulho. / Boa parte dos habitantes mora na periferia. / Um grupo de ladrões dominou os clientes do banco./ Uma porção de crianças esperava a distribuição dos alimentos. / Uma equipe de policiais prendeu os seqüestradores. / Um total de 20 técnicos participou da operação.

Observação. Aceita-se (no Estado, apenas em textos especiais ou declarações) a concordância com a idéia de plural expressa pelo complemento em casos como: A maioria das pes-soas foram feridas. / Grande número de passageiros deixaram de pagar a passagem.

7 -Palavras no plural, mas com idéia de singular

O verbo fica no singular: Pêlos ainda tem acento. / Nós é um pronome. / Casas está no plural. / Frases é o sujeito da oração. / Lágrimas é coisa que ele não tem.

8 - Nomes próprios no plural

a) Sem artigo - Verbo no singular: Andradas fica em Minas. / Memórias Póstumas de Brás Cubas consagrou Machado de Assis / Divinas Palavras já foi representada em São Paulo (é uma peça).

b) Com artigo no plural - Verbo no plural, faça ou não o artigo parte do nome: As Memórias Póstumas de Brás Cubas lhe causaram profunda impressão. / Os Estados Unidos representam... / Os Andes constituem... / Os Alpes ficam... / Os Lusíadas imortalizaram Camões. / Os Sertões consagraram Euclides da Cunha. / Os Maias deram a Eça inegável prestígio.

Exceção. Com o verbo ser e predicativo no singular, o verbo pode ficar no singular: Os Lusíadas é a obra-prima de Camões. / Os Sertões é o nome da obra que imortalizou Euclides da Cunha.

9 - Nas indicações de preço, medida, quantidade, porção ou equivalente

Verbo no singular: Três quilômetros é muito. / Dois capítulos é pouco./ Mil reais é demais por esse artigo. / Cem dólares pode parecer exagerado. / Cem vagas representa muito nessa escola. / Dois terços de um meio é dois sextos. / Quatro anos de mandato é pouco, julga o presidente.

Exceção. Com dias e horas, a concordância é a normal: Eram 9 horas. / São 6 horas. / Hoje é dia 15 de agosto. / Hoje são 15 de agosto.

10 - Sujeito no singular e predicativo no plural

Com o verbo ser (e mais raramente parecer), ocorre a concordância por atração, isto é, se o sujeito estiver no singular e o predicativo no plural, o verbo concordará com o predicativo, e não com o sujeito: O que lhe peço são fatos concretos. / Tudo são flores./ Nada são flores. / Tudo parecem flores. / Isto são os ossos do ofício. / Isso eram manobras inconseqüentes./ Aquilo foram histórias. / Amor são venturas e sofrimento. / Sua maior alegria continuam sendo os filhos. / O grande prazer das crianças vinham sendo aqueles brinquedos. / O resto (ou o mais) são casos sem importância.

Observações

a) Se o sujeito for pessoa ou nome de pessoa, a concordância se fará regularmente: Joana é as delícias da mãe. / O homem é cinzas. / O filho era as venturas do casal.

b) Se o sujeito for nome de coisa, poderá, para muitos gramáticos, ficar no singular: A comida era só verduras.

O verbo no plural, no entanto, tem o apoio da maioria dos estudiosos (A comida eram só verduras) e é a forma adotada pelo Estado.

11 - Predicativo é substantivo abstrato

O predicativo não concorda com o sujeito quando é substantivo abstrato: As espinhas ou acnes são um enigma para a medicina (e não são enigmas). / Para muitos, as cadernetas de poupança eram a melhor garantia para o futuro (e não eram as melhores garantias). / Estas providências foram a salvação das finanças da empresa.

12 - Pronome pessoal com predicativo

a) Se o pronome pessoal vem depois do verbo, o verbo concorda com ele: O autor do livro sou eu, mas o editor sois vós. / O responsável pelo erro somos nós (preferível: Os responsáveis...). / O chefe és tu. / Os herdeiros somos eu e teus irmãos.

b) Havendo dois pronomes pessoais, a concordância se faz com o primeiro: Eu não sou você. / Nós não somos você. / Tu não és eu. / Ele não é eu (ou tu).

13 - Pronome interrogativo com predicativo

Nas orações que comecem com pronome interrogativo, o verbo concorda com o substantivo ou pronome pessoal: Que são objetos diretos, Pedro? / Que somos nós? / Quem sois vós? / Quem és tu? / Quem teriam sido os autores do atentado? / Que são três dias?

14 -Concordância com a idéia

Há casos em que a concordância se faz com a coisa subentendida e não com o nome que a expressa: A Vozes foi premiada com o Jabuti (subentende-se a editora). / A Faria Lima vive congestionada (avenida). / O Joelma pegou fogo num 1º de fevereiro (edifício). / O Paraíba é sinuoso (rio). / São Paulo é a mais populosa (cidade). / São Paulo é o mais populoso (Estado)./ A Gustavo Barroso está avariada (fragata). / A Apollo foi à Lua (nave). / A Dersa será reformulada (empresa). / O Opala (carro), a Caravan (perua).

15 - Formas de tratamento

O verbo concorda com a pessoa que recebe o tratamento: Vossa Excelência está errado (homem), Vossa Excelência está errada (mulher). / Sua Santidade chegou atrasado (o papa)./ Vossa Alteza é magnânimo (rei), Vossa Alteza é magnânima (rainha).

16 - Nós no lugar de eu

Quando o pronome nós substitui eu (plural de modéstia), o verbo fica no singular: Estamos grato por tudo (eu estou). / Somos favorável à decisão (eu sou). É forma a evitar, porém.

17 - Nós subentendido

Quando a pessoa que fala se inclui num grupo, o verbo concorda com o pronome nós: Todos aprovamos a decisão (eu + eles, nós + eles). / Éramos seis na casa. / Os paulistas (nós, os paulistas) somos descendentes dos bandeirantes. / A causa teria mais força do que supomos os leigos.

18 - Verbos impessoais

Como não existe sujeito, o verbo fica na 3ª pessoa do singular: Choveu muito em São Paulo este ano. / Ventava demais naquele morro. / Já houve ocasiões mais favoráveis que esta. / Fazia frio de madrugada. / Pode haver muitas pessoas no show.

l9 - Sujeito indeterminado

O verbo vai para a 3ª pessoa do plural: Pediram-me que a procurasse. / Estão guiando muito mal nas estradas paulistas. / Disseram-lhe que saísse.

Se a indeterminação do verbo for indicada pelo pronome se, usa-se a 3ª pessoa do singular: Cantou-se e tocou-se muito ali. / Ainda se vive mal em muitas regiões brasileiras. / Vive-se e morre-se de amor.

20 - Sujeito que representa a mesma pessoa ou coisa

O verbo fica no singular: Deus, o Criador, o Onipotente, paira sobre todas as coisas. / "Esse primeiro palpitar da seiva, essa revelação da consciência a si própria, nunca mais me esqueceu..." (M. de Assis) / O presidente da República e membro da ABL convidou...

Erros

Alguns erros de concordância vêm-se tornando muito comuns. Por isso,

esteja atento para que não apareçam no seu texto. Veja as situações em que a maior parte deles ocorre (todos os exemplos são reais):

1 - Verbo, complemento, aposto ou oração dependente colocados antes do sujeito: Serão realizados hoje os sorteios (e nunca "será realizado"). / Viu como era feita (e não "era feito") a aguardente. / Está marcada (e não "marcado") para o dia 22 uma grande manifestação. / Terão tempero caseiro os quitutes... (e não "terá")/ Os contratos trazem embutida (e não "embutido") uma correção. / Foi publicada (e não "publicado") no Diário Oficial uma relação... / Não deixam (em vez de "deixa") de causar estranheza certas situações... / Ficou constatada (e não "constatado") apenas uma forte torção... / Chegam (e não "chega") a ser irritantes (e não "irritante") os constantes erros... / Tem de ser levada (e não "levado") em conta a disposição... / Se prevalecerem (em vez de "prevalecer") as evidências... / São importantes (e não "é importante") esses pontos... / Errados, errados mesmo (e não "errado, errado mesmo") são os termos...

2 - Núcleo do sujeito distante do verbo: Os preparativos para a criação do novo bairro já estavam praticamente concluídos (e não "já estava"...). / As execuções determinadas por partidos clandestinos de esquerda, na década de 70, eram (e não "era") uma verdade incontestável. / Férias fora de hora levam (e não "leva") mães ao pânico. / As acusações ao presidente daquele sindicato de trabalhadores demonstravam (e nunca "demonstrava") a possibilidade...

3 - Núcleo do sujeito no singular acompanhado de uma expressão preposicionada no plural, que completa ou altera o seu sentido - o verbo fica no singular (não deixe que a falsa noção de plural influencie a concordância): Como essa diversidade de assuntos não agradava (e nunca "agradavam") aos leitores... / A produção dos especiais de música brasileira é de (e nunca "são de"...) / A fulminante ascensão do candidato nas pesquisas eleitorais mudou (e não "mudaram") o conceito... / O preço das passagens aéreas sobe (e não "sobem") hoje. / A publicação das fotos da modelo prejudicou (e não "prejudicaram") a sua reputação.

4 - O que exige o verbo no singular e no masculino: O que se ouvia eram frases indignadas (e nunca o que "se ouviam"...). / O que não é admitido é a internação... (e não o que não "é admitida"...).

5 - É que não varia em frases como as que se seguem (repare que está intercalada uma expressão preposicionada): É nesses movimentos que a plástica sobressai (e nunca "são" nesses movimentos que...). / É sobre esses aspectos que ele deve meditar (e não "são" sobre esses aspectos que...). / É dessas coisas que (em vez de "são" dessas coisas que...).

6 - Bastar, existir, faltar, restar e sobrar variam normalmente: Bastam alguns minutos. / Falou sobre as diferenças que existiam entre eles. / Existem muitas concepções equivocadas. / Faltam motivos que expliquem o crime. / Restavam poucas pessoas na sala. / Sobram idéias, mas faltam meios para pô-las em prática.

Conde. Feminino: condessa.

Condor. O certo é condor (dôr) e não "côndor".

"Conferência de imprensa". Em português, use entrevista coletiva.

Conferir. Conjuga-se como servir.

Confidenciar. O verbo significa dizer em segredo, em confiança, na intimidade, e está sendo muito usado erradamente no lugar de revelar ou informar. Veja como empregá-lo corretamente: O diretor da organização confidenciou a amigos que não vai tomar a iniciativa de deixar o cargo. / O deputado confidenciou à família que não será candidado à reeleição. Ou seja, disseram em segredo, em confiança, na intimidade.

Nos casos seguintes, no entanto, confidenciar não tem sentido: "Realmente, a negociação está adiantada", confidenciou (disse, garantiu, informou, adiantou) o diretor do time no vestiário. / A atriz confidenciou (revelou) à revista Notícias que está esperando um filho. / O líder confidenciou (comunicou, revelou, informou) aos 400 convencionais qual a posição do partido na questão.

Confrade. Feminino: confreira.

Confraternizar. Sem se: Os amigos confraternizam. / Confraternizava até com os adversários.

"Congressual". Use do Congresso e nunca congressual.

Conquistar o seu espaço. Lugar-comum. Evite.

Conseguir. Conjuga-se como servir.

"Conseguir com que". Fazer com que é que admite a preposição. Use conseguir que em frases como: Ele conseguiu que todos os convidados comparecessem à festa (e não conseguiu com que).

"Consenso geral". Redundância. Não existe consenso de alguns, por exemplo.

Consentir. Conjuga-se como mentir.

Consertar, conserto. Ver concertar e concerto.

Consigo. Só pode ser usado com o sentido reflexivo: Ele fala consigo mesmo. / Os homens carregam consigo as suas penas. / O fotógrafo trouxe consigo as anotações do repórter. Embora admissível em Portugal, é incorreto no Brasil o uso de consigo como equivalente a com você, com o senhor. Não escreva, pois: Quero falar consigo. / Vou consigo.

Constroem. Sem acento.

Construir. Conjugação. Pres. ind.: Construo, constróis, constrói, construímos, construís, constroem. Imper. afirm.: Constrói, construa, construamos, construí, construam. Os demais tempos são regulares.

Consulesa. Designa tanto a mulher do cônsul como a funcionária que exerce o cargo.

Consumar, consumir. Conjugação (pela ordem). Pres.ind.: Consumo, consumas, consuma, consumamos, consumais, consumam; consumo, consomes, consome, consumimos, consumis, consomem. Imp. ind.: Consumava, consumávamos, consumavam; consumia, consumíamos, consumiam. Pret. perf. ind.: Consumei, consumou, consumamos, consumaram; consumi, consumiu, consumimos, consumiram. M.-q.-perf. ind.: Consumara, consumáramos, consumaram; consumira, consumíramos, consumiram. Fut. pres.: Consumarei, consumará, consumaremos, consumarão; consumirei, consumirá, consumiremos, consumirão. Fut. pret.: Consumaria, consumaríamos, consumariam; consumiria, consumiríamos, consumiriam. Pres. subj.: Consume, consumes, consume, consumemos, consumeis, consumem; consuma, consumas, consuma, consumamos, consumais, consumam. Imp. subj.: Consumasse, consumássemos, consumassem; consumisse, consumíssemos, consumissem. Imper. afirm.: Consuma tu, consume você, consumemos nós, consumai vós, consumem vocês; consome tu, consuma você, consumamos nós, consumi vós, consumam vocês. Imper. neg.: Não consumes tu, não consume você, não consumemos nós, não consumeis vós, não consumem vocês; não consumas tu, não consu-ma você, não consumamos nós, não consumais vós, não consumam vocês. Ger.: Consumando; consumindo. Part.: Consumado; consumido.

Contabilizar. Evite o modismo. O verbo deve ser substituído por computar, experimentar, contar, levantar,

acusar ou registrar em orações como: Caixa "contabiliza" (registra, acusa) grande procura pelos financiamentos. / Partido "contabiliza" (experimenta, sofre) seis grandes derrotas no Estado. / Sua peça até agora "contabilizou" (acusou, reuniu) um público de 52 mil pessoas. / O acidente "contabilizou" (deixou) 12 mortos e 25 feridos. / A prefeitura passou o dia "contabilizando" (levantando) os prejuízos causados pela chuva.

Contar. Equivale a relatar, descrever, referir: Náufrago conta como conseguiu salvar-se. / Mulheres contam as torturas do carrasco. Não tem, porém, o sentido de dizer ou afirmar que lhe é inadequadamente atribuído em frases como: O presidente do Banco Central contou que o governo acredita na queda da inflação. / O técnico contou também que os jogadores não haviam cumprido as determinações. / O delegado contou que o esquema de segurança visava a proteger os atletas.

Contendo. É errado o uso de contendo no lugar de com em frases como: Uma casa com (e não contendo) cinco quartos. / Documentos com (e não contendo) dados incorretos. / Reportagens com (e não contendo) informações tendenciosas e contraditórias.

Contestar. Em espanhol significa responder a, e não contrariar.

Contingente. E não "contigente".

"Continuar ainda". Redundância. Continuar já encerra a idéia de ainda. Use apenas: Ele continua lá. / O governo continuava a emitir dinheiro.

Contra. 1 - Não equivale a em relação a, em comparação a ou enquanto, como tem sido impropriamente usado em frases do tipo de: A carne subiu 80% contra um aumento de 35% em média de outros produtos.Formas viáveis: A carne subiu 80%, enquanto o aumento de outros produtos foi de 35% em média. / A carne subiu 80% em relação a (em comparação a) um aumento de 35% em média de outros produtos.2 - Contra tem plural, quando substantivado: Os prós e os contras. / Os contras da Nicarágua.

Contra... Hífen antes de vogal, h, r e s: contra-almirante, contra-ataque, contra-espião, contra-indicação, contra-ofensiva, contra-harmônico, contra-revolução, contra-regra, contra-senso. Nos demais casos: contracheque, contradança, contramão, contragolpe, contratempo.

"Contraceptivo". É mera transposição do inglês contraceptive. Por isso, use anticoncepcional.

Contradizer. Conjuga-se como dizer: contradigo, contradizes; contradizia; contradisse; contradissera; contradirei; contradiria; que eu contradiga; se eu contradissesse; se eu contradisser; contradize tu, contradizei vós; contradizendo, contradito.

Contrair. Conjuga-se como cair.

Contralto. O contralto (se se tratar de homem ou menino com essa voz) e a contralto (cantora): o contralto João Carlos; a contralto Luísa da Silva; Francisca Pinheiro, contralto brasileira; etc.

Contramão. Pode ser substantivo (O carro entrou na contramão), adjetivo invariável (pista contramão, ruas contramão) e advérbio (O motorista entrou contramão. / Sua casa fica contramão para mim).

Contrário. 1 - A locução ao contrário indica oposição: O policial não se omitiu no acidente, mas, ao contrário, até participou do salvamento das vítimas. 2 - Ela não pode ser utilizada, por isso, quando indica mera substituição ou alternativa: "Ao contrário" (o certo: de maneira diferente) do que pensavam, machucou a perna e não a cabeça. / Trouxe o jornal e não a revista, "ao contrário" (diferentemente) do que haviam pedido.

Contratação. No singular em frases como: A contratação de Pedrinho e Carlos pelo time... / Com a contratação de mais três jogadores, o time... (e nunca "as contratações").

Convalescença. E não "convalescência".

Convergir. Conjuga-se como aderir: convirjo, converges; convirja, convirjas; converge tu, convergi vós.

Convertidos em. E não "para": Os valores foram convertidos em dólares.

Convidar. Antes de infinitivo, exige a: Tempo bom convida a sair.

Convir. Conjuga-se como vir: convenho, convéns, convém; convinha; convim, convieste, conveio; que eu convenha; que eu conviesse; se convier; convindo (part. e ger.); etc.

"Conviver junto". Redundância. Conviver já encerra a idéia de companhia.

Copa. Com inicial maiúscula antes do nome que determina: Copa União, Copa do Mundo. Com minúsculas, porém, na segunda referência: A copa, essa copa. / Conquistou a copa.

Cópias. Livros e discos têm exemplares e não "cópias", mera transposição do inglês copy (plural: copies): O livro já vendeu 400 mil exemplares (e não "cópias"). / O disco já sai com 800 mil exemplares encomendados.

Cor (concordância). Ver nomes de cor.

Cor-de-carne. Invariável: maiôs cor-de-carne.

Cor-de-rosa. Invariável: blusas cor-de-rosa.

Cores. O certo é em cores e não "a cores": transmissão em cores, televisão em cores.

Corinthians. Desta forma. O torcedor é corintiano, sem h.

Corpo a corpo, corpo-a-corpo. Sem hífen, a locução designa a forma da luta: Lutavam corpo a corpo. Com hífen, designa a própria luta e não varia no plural: O terrível corpo-a-corpo, os terríveis corpo-a-corpo. / Houve um corpo-a-corpo entre os lutadores.

"Correr atrás do prejuízo". Além de constituir modismo, é expressão incorreta. Corre-se atrás do empate, da vitória, da vantagem, do título, do lucro e nunca "do prejuízo".

Corrigido. Use corrigido tanto com os auxiliares ser e estar (e não correto) quanto com ter e haver: O trabalho foi corrigido ou já estava corrigido. / O repórter tinha (ou havia) corrigido o texto. Não confunda com a forma O trabalho estava correto, em que correto não é particípio, mas adjetivo (equivalente a certo, sem erros).

Corrimão. Plural: corrimãos (prefira) ecorrimões.

Corriola. E não "curriola".

Corroborar. Corrobora-se alguma coisa ou alguma coisa com outra: Ele corroborou o argumento. / O cientista corroborou a teoria com as suas pesquisas.

Corroem. Sem acento.

Cortesão. Flexões: cortesã, cortesãos (prefira) e cortesões.

Coser, cozer. Coser a roupa (costurar), cozer os alimentos (cozinhar).

Costa, costas. No singular equivale a litoral: Percorreu toda a costa. No plural, à parte do corpo: Dor nas costas./ Machucou as costas.

"Costurar um acordo". Modismo. Não use.

Cotia, cutia. Cotia - cidade; cutia - animal.

Coxão. E não "colchão" (mole ou duro) para acarne.

Cozer. Ver coser.

Craque. Aportuguesado, tanto para designar o atleta quanto a imitação de barulho ou a quebra financeira.

Crase. Ver O Uso da Crase.

Crer. Conjugação. Pres. ind.: Creio, crês, crê, cremos, credes, crêem. Pret. perf. ind.: Cri, creste, creu, cremos, crestes, creram. Pres. subj.: Creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam. Pret. imp. subj.: Cresse, cresses, cresse, crêssemos, crêsseis, cressem. Fut. subj.: Crer, creres, crer, crermos, crerdes, crerem. Imper. afirm.: Crê, creia, creiamos, crede, creiam. Imper.neg.: Não creias, não creia, não creiamos, não creiais, não creiam. Part.: Crido.

Crescer. Alguma coisa cresce, mas não se cresce alguma coisa. Assim: O país espera que o número de empregos cresça. E não: O país espera "crescer" o número de empregos.

"Criar novos". Redundância. Criar já encerra a idéia de novo. Escreva, assim, criar mil empregos por dia e não criar mil novos empregos por dia, criar opções e não criar novas opções, etc.

Crisântemo. E não "crisantemo" (crisantêmo).

Cristão. Flexão: cristã e cristãos.

Cronologia. No desfecho de coberturas que se arrastem por meses ou anos, uma forma prática de situar o leitor no tempo é publicar a cronologia dos acontecimentos, com uma indicação sumária dos dias em que houve algum fato digno de nota. Com matéria de pesquisa (que pode sair paralelamente), nem sempre se obtém o mesmo efeito.

Croqui. É o singular. Plural: croquis.

Cujo. 1 - O uso correto de cujo (cuja, cujos e cujas) exige três condições: a) haver antecedente (possuidor) e conseqüente (coisa possuída) diferentes; b) existir equivalência com do qual (da qual, dos quais e das quais); c) estar clara a idéia de posse. Exemplos: O país cuja população cresce sem parar enfrenta problemas. / Os meninos cuja mãe estava sendo operada aguardavam no corredor.

Desdobrando a explicação: a) Há antecedentes, possuidores (o país, os meninos), e conseqüentes, coisas possuídas (cuja população, cuja mãe), ambos diferentes; b) existe equivalência com do qual: o país a população do qual cresce sem parar, os meninos a mãe dos quais estava sendo operada; c) está clara a idéia de posse: a população é do país e a mãe, dos meninos.

Regra prática. Inverter os termos e ligá-los pela preposição de, caso em que fica evidente a noção de posse: a população do país, a mãe dos meninos.

Outros exemplos de cujo corretamente empregado: Eis a carta cujo conteúdo você desconhecia (o conteúdo da carta). / Veja os livros cujos autores lhe recomendei. / São os heróis cujos feitos glorificamos. / Os homens cuja honra e coragem sobressaíam (a honra e a coragem dos homens). / O jornal cujo espírito e cuja tradição elogiaram.

2 - Se o verbo, palavra ou expressão que se segue a cujo exige preposição, ela terá de ser usada com esse relativo: O repórter a cujo texto nos referimos (e não "cujo texto nos referimos"). / Os pensadores de cujos princípios discordamos. / A casa por cujos portões passamos. / O jornal em cuja redação trabalharam. / A matéria para cujo vestibular se prepararam. / O espetáculo a cujo início assistiram./ O médico de cuja memória somos cultores. / A obra em cujos princípios se inspirou e a cuja argumentação cedeu.

Os exemplos equivalem a: O repórter ao texto do qual nos referimos./ Os pensadores dos princípios dos quais discordamos. / A casa pelos portões da qual passamos. / O jornal na redação do qual trabalharam.

3 - O antecedente e o conseqüente de cujo podem ser uma expressão, desde que de sentido completo (em outras palavras: como se fossem uma palavra composta): O jornal cuja Editoria de Política... / A Editoria de Política cujos repórteres... / O hotel cujo chefe de portaria... / O chefe de portaria cujos subordinados... / O amigo cujo nome de batismo... / O clube cuja lista de sócios...

4 - É erro repetir o antecedente depois de cujo (a moça cujo livro da moça, os heróis cujos feitos dos heróis, etc.) e também usar artigo após o pronome (a moça cujo "o" livro, os heróis cujos "os" feitos, o médico cuja "uma" preocupação, etc.).

5 - Se não houver relação de posse, torna-se incorreto o uso de cujo, mesmo que o pronome possa ser substituído por dos quais: Os clubes que fazem parte do grupo, "cujos principais" são o São Paulo, o Palmeiras e o Santos. Como falta a coisa possuída, eis a frase certa: Os clubes que fazem parte do grupo, dos quais os principais são ...

6 - Outros exemplos de frases erradas com cujo (note: cujo não corresponde a o qual): O 9 de julho de 1932, em cuja data... (use data na qual). / Não sei de cujo livro você falou (falta antecedente). / Referiu-se a negócios cujos (que os) clientes da corretora não conseguiram honrar. / Herdou uma fazenda cuja fazenda (que, a qual) o tornou rico. / O prêmio foram 10 mil reais, cuja importância depositou no banco (importância que ou a qual depositou no banco). / Os amigos de cujos (dos quais) se separou (falta conseqüente)... / O carro cujo (que, o qual) quebrou não era dele.

Cujo com pronome. O cujo atrai o pronome localizado na mesma oração: É um pedido cujo despacho se recomenda. / A carta cujo conteúdo o intrigava finalmente ia ser aberta.

Cumprimento. Ver comprimento.

Cupido, cúpido. Cupido - deus do amor; cúpido - ganancioso, ambicioso, ávido: homem cúpido, olhares cúpidos.

Cupom. Use cupom e cupons (e não cupão).

Curinga. E não "coringa".

Curriculum vitae. Prefira currículo(s), a menos que se queira dar muita ênfase à carreira da pessoa.

Curta-metragem. Plural: curtas-metragens.

Curto-circuito. Plural: curtos-circuitos.

Custa. O certo é à custa de e não "às custas de": Vive à custa da mulher. / Elegeu-se deputado à custa de conchavos.

Custar barato, custar caro. Barato e caro não variam depois de custar: Combustíveis custam 30% mais caro (e não caros). / Esses artigos custam barato (e não baratos). / A carne já custa mais caro (e não cara). / As blusas custam mais barato (e não baratas) que as camisas.

Cutia. Ver Cotia.

Czar. Desta forma. Derivados: czarina (a imperatriz), czaréviche (príncipe herdeiro), czarevna (princesa herdeira), czarismo e czarista.