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Esclareça as suas dúvidas :: Duplo sentido

Evite as orações ou palavras que possam dar falsa idéia do que se escreveu, mesmo que essa impressão seja momentânea e se desfaça com a leitura mais atenta do texto. Na maior parte das vezes - lembre-se - o leitor passa pela notícia, apenas, e não se detém nela. Veja alguns exemplos de dubiedade:

O deputado conversou com o presidente da Câmara na sua sala (de qual deles?). / X não aceita Y; quer o irmão (o próprio ou o de Y?). / De 200 denúncias a regional só pune 15 (denúncias ou infratores? - no caso, eram infratores). / Ela aparecerá brevemente (no caso, pretendeu-se dizer rapidamente e não em breve) num seriado. / Prefeito reassume pedindo aumento de salário (não era para ele, mas para os trabalhadores). / Elevado o prejuízo das lojas (está elevado ou foi elevado?). / Não existe nenhuma possibilidade que seja reformulada (não era a possibilidade, mas o que se disse antes que seria reformulado). / Ladrão de carro tem pena (foi punido, e não ficou com pena) até o ano 2000. / Apesar de uma bola na trave de Baiano (na verdade, foi Baiano quem chutou a bola na trave)

Mais alguns casos: Centro vai funcionar até agosto (isto é, até agosto começa a funcionar e não funcionará apenas até agosto). / Mesa-redonda debate saída para crises em São Paulo (debate em São Paulo ou as crises é que são em São Paulo? - no caso, debate em São Paulo). / A loucura de João, que contagiou a mulher (quis-se falar de João, que havia contagiado a mulher com Aids antes de ficar louco). / Uma promoção especial para você, que está nos últimos dias (a promoção ou você está nos últimos dias?). / Artista nu impede que jornal circule (não foi um homem nu que impediu, mas a publicação de uma foto sua, nu, levou à suspensão da circulação do jornal). / Mutirão contra a violência do governo completa um ano (o mutirão é que é do governo, não a violência, como o texto insinua erroneamente). / Preso acusado de crime (trata-se de um preso que foi acusado de crime ou da prisão do acusado de um crime?).

Há uma situação especial, digna da maior atenção, em que se termina por afirmar o contrário do que se pretende: Sem concurso público, como manda a lei, o governador nomeou o procurador. / Deixando de consultar o Congresso, como determina a Constituição, o presidente nomeou o embaixador. Nos dois casos, a lei manda realizar concurso público e consultar o Congresso, embora a rigor a notícia afirme exatamente o oposto (sem concurso, de acordo com a lei, ou deixando de consultar o Congresso, de acordo com a Constituição).