Esclareça as suas dúvidas :: Explicação
1 - Todo termo que o leitor não conheça ou lhe possa causar estranheza ou dúvidas deve ser imediatamente explicado entre parênteses, em qualquer área do noticiário (medicina, economia, geral, política, esportes, direito, etc.). Lembre-se de que ninguém é obrigado a conhecer palavras específicas desses setores ou de outros.
Veja como proceder: O Brasil conseguiu a redução do spread (taxa de risco) cobrado pelos bancos estrangeiros. / A neurofibromatose (doença que aleija, desfigura e mata suas vítimas) é a meta prioritária... / A cirurgia foi adiada por causa de uma arritmia cardíaca (batimento irregular do coração). / O senador previu um quadro de estagflação (estagnação com inflação) no País ainda este ano. / Os trabalhadores com leucopenia (diminuição do número dos glóbulos brancos do sangue) não podem exercer suas funções em ambiente poluído. / As pessoas tendem a herdar baixos índices de metabolismo - o processo pelo qual o corpo transforma os alimentos em energia - e esta é a causa do aumento incomum de peso.
Outros termos ou expressões que justificarão explicação sempre: miocárdio, cautelar, serviço da dívida, libor, prime rate, drogas anabolizantes, leucócitos, teodolito, ergonomia, etc. Pense ainda: por mais que o leitor de futebol ouça falar sempre em músculo adutor, panturrilha, contratura muscular, tendão de Aquiles, traumatismo craniano ou mesmo a prosaica distensão, saberá ele exatamente o que cada um significa?
2 - A explicação não deve limitar-se a palavras ou expressões estranhas ao leitor, mas pode fornecer-lhe, na maioria dos casos, informações adicionais. Nas notícias sobre pessoas, por exemplo, identifique o personagem com indicações como: O empresário João de Almeida (Grupo Acme), a marchande Maria de Sousa (Galeria Estrela), a socialite Regina Martins, a modelo Francisca Barbosa, a escritora Joana Carvalho (e não apenas Regina Martins, Francisca Barbosa, Joana Carvalho), etc.
3 - A menos que se trate de casos de absoluto domínio público, as alusões ou citações, mesmo de forma velada, devem transmitir ao leitor uma idéia daquilo a que a notícia se está referindo. Apesar de toda a divulgação, a maioria dos leitores sabe exatamente quem constituía o grupo do poire? Quando você escreve que há algo de novo no ar além dos aviões de carreira, todos se lembrarão de que se trata de uma frase do Barão de Itararé? O leitor identificará de imediato uma alusão à turma de São José do Pericumã com as pessoas que cercavam José Sarney? Ou a menção de que alguém será famoso durante 15 minutos no ano 2000 recordará o autor da frase, Andy Warhol? Da mesma forma as referências a práticas da cultura alternativa, como o zen, o I Ching, a macrobiótica, a astrologia, cairão no vazio se o leitor não estiver afeito a esses assuntos.
Por isso, procure não fazer referências isoladas no texto sem complementá-las com indicações que permitam sua melhor identificação. Você evitará que, no fim, elas se tornem frases de efeito em circuito fechado. Como, por exemplo, no texto abaixo: O mais obstinado dos defensores da adoção da pena de morte no Brasil, o deputado Y, repetiu os seus já conhecidos argumentos sobre a eficácia do fator intimidação. Quantos leitores do jornal saberão quais são os seus já conhecidos argumentos ?